O EFEITO-CONTÁGIO DA CRISE FINANCEIRA GLOBAL NOS PAÍSES EMERGENTES

PRATES, Daniela Magalhaes; CUNHA, André Moreira. O Efeito-Contágio da Crise Financeira Global nos Países Emergentes. XIV Encontro Nacional de Economia Política. São Paulo: PUC. 2009. Disponível em: .

A crise financeira norte americana, iniciada no mercado imobiliário, se configurou como uma crise global em 2008. Para explicar os impactos dessa crise em economias emergentes, os autores partem da hipótese da contribuição das características de inserção diferenciada destas economias no boom do comércio e das finanças internacionais, no período de 2003 a 2007, para os canais de transmissão da crise.

A economia global experimentou no período de 2003 a 2007 uma enorme expansão. Esta foi impulsionada por um crescimento elevado com baixas taxas inflacionárias; a retomada do crescimento de regiões como América Latina, África, Leste Europeu, Japão e Alemanha, economias com baixo crescimento na década de 1990; e a recuperação das contas externas e finanças públicas de economias em desenvolvimento. Concomitantemente a isso, as economias emergentes começaram a ser mais expressivas tanto no comércio mundial quanto no seu ritmo de expansão, principalmente, em função do aumento nos preços de commodities, o crescimento dos fluxos comerciais e a grande oferta de financiamento externo. A inserção destas economias no mercado mundial se diferenciou pelo regime cambial adotado, o grau de abertura financeira, as características do sistema financeiro e as estruturas de importação e exportação. A Ásia se destacou pela exportação de manufaturados, a América latina pela exportação de commodities metálicas e energéticas e a Europa central e do leste pela absorção de fluxos líquidos de investimento direto e empréstimos bancários. Os canais de transmissão da crise se deram tanto pelo comércio quanto pelo mercado financeiro. Do lado do comércio têm-se a queda dos preços das commodities e da demanda mundial e aumento das remessas de lucros pelas empresas e bancos. Já do lado financeiro há um menor ingresso de investimento direto, saída dos investimentos de portfólio, interrupção das linhas de crédito comercial e forte contração dos empréstimos bancários. Nesse sentindo, o efeito-contágio se manifestou na Europa central e do leste e na Ásia pela forte desvalorização de sua moeda, devido a forte dependência financeira externa, piora dos termos de troca e queda nas exportações. Já América latina experimentou, em um primeiro momento, um crescimento em função dos aumentos nos preços das commodities no primeiro semestre de 2008. Com o agravamento da crise no segundo semestre e a redução do financiamento externo as economias emergentes passaram a ter quedas expressivas de crescimento. Desta forma, percebe-se que o perfil de inserção externa dessas economias cooperou para a atuação de mecanismos de transmissão diferenciados em cada uma destas, ocorrendo a uma transmissão heterogenia entre as economias emergentes.