Maria Goretti Ferreira Sales¹

RESUMO

Como o tema é um assunto que se deseja provar ou desenvolver, a presente pesquisa tem o intuito de realizar um estudo na perspectiva de contribuir para o profissional de Pedagogia, com esclarecimentos fundamentados em suporte de estudos técnicos, avaliando como as famílias e as escolas precisam andar juntas para a convivência do aluno que apresenta um transtorno comportamental. Ela se justifica porque visa mostrar como é importante que se compreendam os aspectos relacionados ao TDAH de maneira integral, a fim de promover o diagnostico precoce, contribuindo para que as intervenções se tornem cada dia mais eficaz. Diante da justificativa se tem a seguinte indagação: Como os docentes enfrentam os desafios para a inclusão de uma criança diagnosticada com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade – (TDAH)? Pode-se concluir que para que a escola possa ter sucesso nessa batalha, basta que se organize como uma instituição que recebe pessoas, estando preparada para um atendimento humanizado promovendo um desenvolvimento integral do aluno. Com certeza, socializar os alunos com TDAH é sem dúvida, um dos inúmeros desafios que a escola enfrenta. Sendo um processo que faz parte do paradigma da inclusão. Palavras-chave: Transtorno. Hiperatividade. Inclusão Social. Professor. Aluno. Objetivo geral: Conhecer aspectos relacionados à socialização e à adaptação da criança com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade ao espaço escolar. Objetivos Específicos: Reconhecer aspectos do TDAH como conceito, causas e tratamento; Localizar as principais funções da escola em relação a alunos com TDAH e Identificar ações para adaptação e socialização de crianças com o transtorno. INTRODUÇÃO Vivemos em uma sociedade muito complexa, onde as oportunidades estão longe de serem as mesmas para todos. As pessoas que possuem alguma dificuldade encontram ainda mais problemas para adaptação e, muitas vezes, são conduzidas ao fracasso escolar, e consequentemente profissional. Atualmente, no contexto escolar, têm-se inúmeros desafios para que o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz para todos os alunos. Entre eles, está o entendimento das diferenças, em meio a uma grande diversidade de dificuldades de aprendizagem. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), segundo alguns estudiosos é uma das dificuldades que mais encaminha crianças para atendimento fora da escola. O que tem provocado inúmeras discussões e pesquisas visando ao melhor conhecimento e melhor atendimento a esses alunos. Por ser este um tema relevante nas escolas, procurou-se pesquisar sobre o mesmo, levantando questionamentos que nos mostre de que maneira ocorre a socialização de alunos com TDAH na escola e se a mesma está preparada para receber esses alunos e promover situações que facilitem seu desenvolvimento integral. Nesse sentido, buscou-se aprofundar melhor o assunto para melhor compreensão quanto ao mundo da criança que possui o transtorno e de que maneira a escola pode contribuir para sua socialização. Metodologia de Pesquisa “é o conjunto de métodos e técnicas utilizados para a realização de uma pesquisa e o método é o caminho a ser seguido na pesquisa” (GIL, 1991, p. 147). Por isso o modelo utilizado para este estudo foi o bibliográfico, pois é aquele realizado em livros, revistas, jornais, e atualmente com material disponibilizado pela internet. Justifica-se para compreender os aspectos relacionados ao TDAH de maneira integral, a fim de promover o diagnóstico precoce. Podendo assim reduzir significativamente os problemas enfrentados pelas crianças que apresentam tais sintomas. Por esse motivo este tema foi escolhido. Para poder contribuir com a continuação desta pesquisa e para que as intervenções se tornem cada dia mais eficazes. 1. TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE - TDAH: CONCEITO, CAUSAS E TRATAMENTO Nas pesquisas de Belli (2008, p. 120) trata-se de “Um transtorno de desenvolvimento do autocontrole que consiste em problemas com os períodos de atenção, com o controle do impulso e com o nível de atividades”. Rotta (2006, p. 302) cita que é: Uma síndrome neurocomportamental com sintomas classificados em três categorias: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Caracteriza-se por um nível inadequado de atenção em relação ao esperado para a idade, o que leva a distúrbios motores, perceptivos, cognitivos e comportamentais. Os sintomas nas meninas se manifestam pelas alterações de humor, enquanto nos meninos se observam principalmente a impulsividade e a agressão. Entre 1960 a 1970 acreditava-se que o TDAH era causado por lesões ocorridas no parto. Depois de novas pesquisas mais elaboradas e sistemáticas, encontraram-se novas causas para o problema, como a ingestão de chumbo que pode acarretar consequências sérias para o organismo, ou por causas genéticas relacionadas a um transtorno neurológico que aparece na infância e normalmente acompanha o indivíduo por toda a vida. Topczewski (1999, p.46) considera que as causas podem ser hereditárias quando existem casos em parentes próximos, e afirma que “há vários casos na literatura e nós temos vários pacientes em tratamento cujos irmãos também estão devido a hiperatividade”. De acordo com Goldstein (2009, p. 66) a hiperatividade pode ser compreendida como uma “disfunção do centro de atenção do cérebro que impede que a criança se concentre e controle o nível de atividade, as emoções e o planejamento”. Assim, por esse centro de atenção não funcionar corretamente, pode se resultar em problemas de desempenho. Outras alterações mentais também podem ocasionar o transtorno como a depressão, o excesso de ansiedade, vários problemas de aprendizagem, o transtorno de conduta, entre outros. Portanto, para Silva (2009) o primeiro passo para se iniciar um tratamento adequado é conhecer todos os aspectos do transtorno, já que para se ter um bom resultado depende de se saber com precisão o que está sendo tratado. Rohde (2000) defende a ideia que seja necessária para isso, realizar diversas intervenções psicossociais e farmacológicas. Primeiro o importante é passar informações precisas para a família a fim de que os pais, em especial, possam dar a atenção adequada e para que tenham a compreensão correta do problema de seu filho. Na maioria das vezes, é importante também que seja feito um treinamento com esses pais, podendo trazer melhores condições para que eles colaborem com as ações planejadas e ajudem na organização das atividades indicadas. Como propiciando um ambiente silencioso e sem estímulos visuais podendo melhorar assim a concentração da criança. Os autores afirmam também, que o tratamento deve ser acompanhado por familiares, amigos, e escola, a partir de orientação profissional, acompanhada de tratamento farmacológico para possíveis resultados favoráveis. 2. FUNÇÃO DA ESCOLA EM RELAÇÃO A ALUNOS COM TDAH Silva (2005, p. 296) relata que “É a partir da entrada da criança na escola que se observa maior consciência do problema”. Defende a ideia de que dentro da escola deve haver profissionais qualificados para identificar as habilidades de cada criança, pois é aí que ela tem a oportunidade de manifestar seus talentos e potencialidades, além de ser onde se encontram as maiores possibilidades de visualização das características e de comportamentos relacionados ao TDAH. Podendo ser observado ao fato da criança ter dificuldades em realizar algumas atividades solicitadas pela professora, ou até mesmo em se manter em grupo. Um aspecto importante citado por Mesquita (2009) é o problema social que a escola vem enfrentando na atualidade. Tratando se de uma crise de reconhecimento da sua condição de instituição que vem passando para o descaso por causa de problemas de comportamento apresentados pelos alunos, como a agressividade, o não reconhecimento da autoridade do professor, o desinteresse em aprender, entre outros. Nessa realidade, a escola se vê cercada por fatos que necessitam de atenção especial, exigindo dos profissionais uma maior observação dos alunos que ultrapassam os limites do senso comum. Outra consideração feita por Mesquita (2009) é que a manifestação dos sintomas relacionados ao TDAH começa a partir dos primeiros contatos do aluno com a escola, principalmente por causa das exigências desse ambiente. Assim, a importância de desmistificar a questão da igualdade de oportunidades caso se queira atender ao aluno real, aquele que possui limitações e dificuldades no processo de aprender. O momento de elaboração do projeto político pedagógico é ideal para que se tracem metas e se preveja ações e estratégias que procurem atender às necessidades individuais dos alunos. Por isso a ideia de inclusão mostra-se cada dia mais eminente e os debates sobre ela têm sido mais constantes. Sendo importante desenvolver uma pedagogia que seja capaz de educar a todos com êxito, considerando suas diferenças e necessidades especiais. O Educador deve ser capaz de tirar da criança o peso da culpa de seu fracasso, demonstrando que sua capacidade pode ser a mesma de qualquer outra criança se houver recursos adequados, e principalmente saber demonstrar que dificuldade de aprendizagem não é ‘doença’. 3. ADAPTAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO DE CRIANÇAS COM O TRANSTORNO NA ESCOLA Os autores que relatam sobre o assunto, afirmam que o primeiro passo para que a escola se torne útil na adaptação dos alunos com TDAH aos meios educacionais, é considerar os valores familiares advindos da situação individual de cada criança. Ou seja, a educação escolar deve servir como complemento à educação familiar. É importante também considerar que a escola deve preparar-se para desenvolver as potencialidades desses alunos, a partir de suas características próprias e da percepção de suas limitações, de seus pontos fortes e fracos, já que esses dependerão muito mais de assistência em relação aos outros alunos. Goldstein (2009) afirma que na idade escolar, a criança é muito cobrada por suas ações, principalmente no tocante ao comportamento. O que antes era visto como engraçadinho passa a ser considerada falta de modos ou de educação familiar, se tornando intolerável. A criança hiperativa sofre com o fato de seu temperamento ser incompatível com as expectativas da escola. Por isso a importância do professor saber compreender e também como lidar com a situação buscando sempre a socialização dos colegas com a mesma. O professor deve compreender que a criança com TDAH é muito propensa a aceitar somente atividades que pareçam interessantes ou mais emocionantes, pois é uma característica muito forte das que possuem o transtorno. Outro ponto importante é saber distinguir os aspectos que caracterizam o portador do transtorno de outros que apresentam problemas de comportamento, já que este pode coexistir com o transtorno, fazendo complicar muito o diagnóstico. (MATTOS, 2007). CONCLUSÃO Contudo, pode-se concluir que para que a escola possa ter sucesso nessa batalha, basta que se organize como uma instituição que recebe pessoas, estando preparada para um atendimento humanizado promovendo um desenvolvimento integral do aluno. Com certeza, socializar os alunos com TDAH é sem dúvida, um dos inúmeros desafios que a escola enfrenta. Sendo um processo que faz parte do paradigma da inclusão. A partir do momento que a escola se torna inclusiva, a sociedade caminhará na mesma direção. Crianças com TDAH não são incapazes de aprender, e sim, apresentam sinais de instabilidade emocional, com alterações como desatenção, agitação e impulsividade, tornando sua aprendizagem mais difícil, mas não impossível. Todavia, para ocorrer exido com o desenvolvimento e aprendizagem desta criança, se faz necessária a escola ter ambientes adequados como locais silenciosos, arejados e com boa iluminação, como a família também saber agir e conhecer o problema, auxiliando no processo do tratamento. Não podendo deixar de destacar a necessidade de estarem à disposição dos profissionais os recursos adequados, e que estes saibam utilizá-los de maneira flexível, promovendo diálogos, elogios, e avaliações que priorizem a qualidade, ocasionando assim um diagnóstico preciso para promover o sucesso em seu desenvolvimento e aprendizagem. REFERÊNCIAS BELLI, Alexandra Amadio. TDAH! E agora? A dificuldade da escola e da família no cuidado e no relacionamento com crianças e adolescentes portadores de transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade. São Paulo: STS, 2008. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. GOLDSTEIN, Sam. Hiperatividade: como desenvolver a capacidade de atenção da criança. 13ª ed. Campinas, São Paulo: Papirus, 2009. MATTOS, Paulo. No mundo da lua: perguntas e respostas sobre transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Lemos, 2007. MESQUITA, Raquel C. A Implicação do educador diante do TDAH: repetição do discurso médico ou construção educacional? Dissertação (Mestrado em Educação). UFMG: BH, 2009. ROHDE, Luís Augusto. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. O que é? Como ajudar? Porto Alegre: Artmed, 2000. ROTTA, N. T. Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006. SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. 11ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004. SILVA, Ana B. B. Mentes inquietas: TDAH: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Rio de janeiro: Objetiva, 2009. SILVA, Rejane. Aspectos linguísticos e sociais relacionados ao transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. Rev. CEFAC. São Paulo, v.7, n.3, 295- 9, jul-set, 2005. TOPCZEWSKI, Abram. Hiperatividade: como lidar? São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999. 1.Graduanda em Pedagogia pela Faculdade de Estudos Sociais Aplicados de Viana-FESAV. Artigo publicado com avaliação na Disciplina De Didática I da Professora Doutora Monique Ferreira Monteiro Beltrão.