PERGUNTA: Afinal de contas, existe ou não existe o DEMÔNIO? A Igreja Católica o que diz a respeito disso?

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RESPOSTA: Sim, o demônio existe e, muito embora algumas pessoas até mesmo dentro da Igreja neguem a sua existência, ele está mais ativo do que nunca em nossos tempos.

Algumas pessoas pregam que o demônio é a denominação dada para todo o mal que existe, outras dizem que ele é uma força negativa da natureza ou do próprio homem, outras ainda radicalizando mais, dizem que o demônio faz parte das crenças medievais e que não passa de um mito criado para aterrorizar crianças mal criadas.

Essas pessoas, fazendo parte da Igreja ou não, podem ser consideradas herejes, porque o magistério da Igreja é claro em afirmar que o demônio existe, é uma criatura espiritual e lidera legiões de seguidores.

O catecismo da Igreja Católica no número 391 e seguintes, fala dos anjos caídos quando diz: “Por traz da opção de desobediência de nossos primeiros pais, há uma voz sedutora que se opõe a Deus, e que, por inveja, os faz cair na morte. A Escritura e a Tradição da Igreja vêem neste ser um anjo destronado, chamado Satanás ou Diabo. A Igreja ensina que ele tinha sido anteriormente um anjo bom, criado por Deus. Com efeito, o Diabo e outros demônios foram por Deus criados bons em sua natureza, mas se tornaram maus por sua própria iniciativa” (Os grifos são nossos). Chamamos a atenção nesse texto de nosso catecismo para a visão da Escritura e da Tradição da Igreja, a respeito desse tema; ele é um anjo caído, portanto uma pessoa, um ser espiritual e não uma força negativa ou uma invenção como o “bicho papão”. Além disso, o texto fala de outros demônios, que também fizeram opção para o mal.

O que nos deixa sempre estarrecidos, é ouvir uma pregação católica afirmando que o demônio não existe, que o inferno não existe e que o importante é crer em Jesus Cristo, é seguir a Jesus; mas, será que esses pregadores não percebem que estão diminuindo Jesus, negando a existência do Maligno? Se o mal não existe, se o Maligno não existe, do que Jesus veio nos salvar? Mais uma vez o Catecismo, no número 394, citando as Escrituras nos responde: “A Escritura atesta a influência nefasta daquele que Jesus chama de ‘O homicida desde o princípio’ (Jo 8,44), e que até chegou a tentar desviar Jesus de sua missão recebida do Pai. ‘Para isso é que o Filho de Deus se manifestou; para destruir as obras do Diabo’ (1Jo 3,9). A mais grave dessas obras, devido às suas conseqüências, foi a sedução mentirosa que induziu o homem a desobedecer a Deus.”

Está claro que Jesus foi enviado pelo Pai para nos salvar das insídias do demônio, para destruir as obras do Maligno e de seus seguidores, para destruir as conseqüências do pecado, das quais a mais grave é a morte. Com sua encarnação, morte e ressurreição ele nos dá vida nova; juntos com ele venceremos todas as conseqüências das obras de Satanás, inclusive a morte, já que um dia com Ele ressuscitaremos também. Ainda o Catecismo, falando sobre a oração do Credo diz em seu número 636: “Na expressão ‘Jesus desceu à mansão dos mortos’ o credo confessa que Jesus morreu realmente, e que, pela sua morte por nós, venceu a morte e o Diabo, o ‘dominador da morte’ (Hb 2,14)”.

Mais uma prova de que a nossa Igreja Católica Apostólica Romana crê na existência do Diabo e de seus seguidores, é a existência do sacramental do exorcismo que, por mais que algumas pessoas reneguem, não foi abolido como celebração litúrgica. Pelo contrário, ele é praticado sob uma forma simples, quase que diariamente no ritual do Batismo. Vamos ver o que nos diz o Catecismo no número 1673: “O exorcismo solene, chamado de ‘grande exorcismo’, só pode ser praticado por um sacerdote, com a permissão do Bispo.  Nele é necessário proceder com prudência, observando estritamente as regras estabelecidas pela Igreja. O exorcismo visa expulsar os demônios ou livrar da influência demoníaca, e isso pela autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja.”

Algumas pessoas, herejes é claro, dizem que os endemoniados objetos dos exorcismos praticados por Jesus e, relatados nos Evangelhos, não passavam de enfermos psíquicos ou epiléticos. Os evangelistas deixam claro quando a cura é psíquica, física ou espiritual. No Catecismo inclusive, a Igreja se preocupa com essa possível confusão, mas em momento algum nega a possibilidade de possessão ou opressão demoníaca. Na continuação do número 1673 diz: “Bem diferente é o caso de doenças, sobretudo psíquicas, cujo tratamento depende da ciência médica. É importante, pois, assegurar-se, antes de celebrar o exorcismo, se se trata de uma presença do maligno ou de uma doença.”

Como alguém pode imaginar que a Igreja Católica faria alguém renunciar a Satanás, se ela mesma não acreditasse que esse ser maligno existe. No ritual do Batismo, diz o Catecismo em seu número 1237 “...então o celebrante impõe-lhe a mão, e o candidato renuncia explicitamente a Satanás...”

Todo pecado provém do demônio porque o primeiro pecado, o pecado original, foi cometido em razão da sedução mentirosa do Inimigo, porém, depois da queda, a nossa natureza tornou-se pecadora e, muitas vezes nem é necessária a ação maligna para que pequemos. No entanto, alguns pecados a Escritura e a Tradição da Igreja atribuem a atuação direta do Maligno, como é o caso do pecado da mentira. No número 2482, o Catecismo diz: “...O Senhor denuncia na mentira uma obra diabólica: ‘Vós sois do Diabo, vosso pai... nele não há verdade; quando ele mente, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira’ (Jo 8,44).”

Quando fala a respeito dos dez mandamentos da lei de Deus, o Catecismo quando analisa o décimo mandamento: não cobiçar as coisas alheias, cita a inveja como o pecado capital próprio do Demônio quando diz no número 2538: “...É pela inveja do Demônio que a morte entrou no mundo”.

Estamos apresentando essas várias passagens do Catecismo, para provar claramente o pensamento da nossa Igreja Católica Apostólica Romana, a respeito da existência do Demônio. A maior astúcia desse inimigo de Deus e dos homens é fingir que não existe, é colocar na cabeça dos seres humanos, principalmente daqueles que serão mais dignos de crédito em razão de sua sabedoria intelectual, do seu status como filósofo ou até como teólogo (como já vimos teólogos modernos cair nessa esparrela do Demônio), que a crença na sua existência é coisa de gente ignorante. Mas é na oração do Pai Nosso que Jesus desmascara definitivamente esse dissimulado, esse enganador sorrateiro que se ri juntamente com seus séqüito asqueroso, desses pretensos intelectuais. No número 2851 e seguintes, tratando da frase ‘mas livrai-nos do mal’ da oração do Pai Nosso, o Catecismo, que é o resumo da Tradição da Igreja, o resumo do pensamento oficial da Igreja, diz: “Nesse pedido, o Mal não é uma abstração, mas designa uma pessoa, Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O Diabo (dia-bolos) é aquele que ‘se atravessa no meio’ do plano de Deus e de sua ‘obra de salvação’ realizada em Cristo.

‘Homicida desde o princípio, mentiroso e pai da mentira’ (Jo 8,44) ‘Satanás, sedutor de toda a terra habitada’ (Ap 12,9), foi por ele que o pecado e a morte entraram no mundo e é por sua derrota definitiva que a criação toda inteira será liberta da corrupção do pecado e da morte.”.

É importante crer no que diz a Santa Madre Igreja a respeito do Demônio, porque crendo podemos enfrentá-lo e reconhecê-lo em suas armadilhas. Podemos enfrentá-lo usando as armas que Jesus nos deixou: a Sua Palavra, o Seu Nome, o Seu preciosismo sangue, o Seu Espírito Santo, enfim, armas temos, mas não usaremos contra o que não acreditamos que exista! Temos que acreditar em sua existência, mas temos que também acreditar que ele já é vencido, derrotado por Jesus. E se somos de Jesus, se obedecemos seus mandamentos, se somos cristãos fiéis, o demônio nada pode contra nós. Continuando o número 2852 do Catecismo temos: “Nós sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca; o Gerado por Deus se preserva e o Maligno não o pode atingir. Nós sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro está sob o poder do Maligno” (1Jo 5,18-19). Cita ainda o seguinte trecho da carta aos romanos: “O Senhor que arrancou o vosso pecado e perdoou vossas faltas está disposto a vos proteger e a vos guardar contra os ardis do Diabo que vos combate, a fim de que o inimigo, que costuma engendrar a falta, não vos surpreenda. Quem se entrega a Deus não teme o Demônio. ‘Se Deus é por nós, quem será contra nós?` (Rom 8,31)”.

Jesus é vitorioso contra o Demônio e quem está em Cristo, isto é, quem procura a conversão diária (não quem não peca, porque esta pessoa não existe), não tem o que temer do Maligno. Precisamos conhecer as suas artimanhas, suas artes e reconhecer suas mentiras, para melhor aplicarmos as armas deixadas por Jesus, ao menos até a Sua volta gloriosa. Até Jesus voltar, o príncipe desse mundo é o Diabo, por isso o cristão não pode ser “do mundo”, embora viva no mundo. O Catecismo em seu número 2853 nos diz: “A vitória sobre o ‘Príncipe desse mundo’ (Jo 14,30) foi alcançada uma vez por todas, na Hora em que Jesus se entregou livremente à morte para nos dar a sua vida. É o julgamento deste mundo e o príncipe deste mundo é ‘lançado fora’ (Jo 12,31; Ap 12,11). Ele põe-se a perseguir a Mulher, mas não tem poder sobre ela; a nova Eva, cheia de graça por obra do Espírito Santo, é libertada do pecado e da corrupção da morte”.

A intercessão de Maria é portanto, uma arma poderosa contra o Malígno. Contra ela, ele nada pode e ela é nossa mãe. Em Apocalipse está escrito que a sua fúria contra os homens está ligada à sua impotência em relação a Maria e o Catecismo reproduz este texto complementando-o com outros textos sobre a volta do Senhor Jesus: “’Enfurecido por causa da Mulher, o Dragão foi então guerrear contra o resto dos seus descendentes’ (Ap 12,17) ‘Por isso o Espírito e a Igreja rezam: Vem, Senhor Jesus’ (ap 22,17-20), porque a sua vinda nos livrará do Maligno.

Quando pedimos a intercessão de Maria contra as investidas do Diabo, ou quando rezamos o Pai Nosso “pedindo que nos livre do Maligno, pedimos igualmente que Ele nos livre de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais ele é autor ou  instigador” (Catecismo n. 2854). Portanto, podemos afirmar que a Igreja vê no Demônio, a origem de tudo o que de mal existe no mundo, já que ou ele é autor ou é instigador. No último pedido do Pai Nosso, a Igreja traz toda a miséria do mundo diante do Pai. Pedindo que nos livre do Maligno, a Igreja pede a Paz, a libertação de todos os males que oprimem a humanidade e implora a graça de perseverar na espera do dia em que Cristo voltará, para precipitar de uma vez essa criatura infernal.

Não é por alguma razão fútil, que a Igreja reza diariamente nas milhares de missas em todo o mundo: “Livrai-nos de todos os males, ó Pai, e daí-nos hoje a Vossa Paz. Ajudados pela Vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e protegidos de todos os perigos, enquanto, vivendo a esperança, aguardamos a vinda do Cristo Salvador” ...e todos nós respondemos: “Vinde Senhor Jesus!”.