No presente trabalho, far-se-á de forma breve argumentos entorno do projecto divino (Deus). Estes argumentos serão demonstrados a luz da bíblia assim como de pensamento de alguns filósofos, o que não significa que todos eles abordaram a mesma temática. A necessidade de invoca-los surge exactamente por eles terem liberado nalgum momento de suas vidas pensamentos de carácter metafísico, e que de forma verosímil estes pensamentos acabam se encaixando com realidades divina. Fazemos menção ao homem (Usualmente o homem é encarado metaficamente) e do ser divino (Deus) porque em nosso entender, estes são objectos que valem a pena ser referenciado. Portanto, neste trabalho a temática do projecto divino é discutido por José Brito de Almeida abordando os seguintes subtemas: Compreendendo o divino; Bilateral: da questão do projecto divino á questão das vontades; O livre arbítrio faz Deus mudar a sua essência? E por Orlando José Daio com os seguintes subtemas: O projecto de Deus ainda não terminou! O projecto humano e divino: uma nítida diferença! Onde subjaz a diferença? Apresentação sistemática das diferenças; Uma contextualização historicamente bíblica; Qual é o nosso objectivo? Qual é o nosso destino?

O desconhecido é para mim um mistério até que os olhos reconheça a sua existência. Mas isto não justifica a não existência do mesmo. in: José Brito de Almeida

“Do desagrado ao agrado e tudo agrada com perseverança”, in: Orlado José Daio 

Compreendendo o divino

Ao falarmos de divindade estaremos a nos mergulhar num terreno transcendental, num ambiente metafísico e complexo. Parece insano um ser finito tentar compreender o infinito ou seja o condicionado tentar compreender o incondicionado, por Exemplo: no entender de Kant a mente humana não é qualificada para apreender fenómenos transcendentais que lhe escapam a inteligência. “Os limites de minha linguagem denotam os limites de meu mundo: Wittgenstein 1921, p: 111”. Isto é, não podemos pensar o que não podemos pensar, assim como não podemos dizer o que não podemos pensar. Isto acontece devido “ Nenhuma parte da nossa experiência é a priori”. Todavia, o homem se vê inserido neste mundo, e com a tal situação ele é o único ser capaz de levantar dúvidas, problematizar contextos e buscar significados das coisas.

Nisto ele questiona: haverá um projecto divino por traz da nossa existência? Se sim, o projecto continua ou já teve o seu término? Forçosamente ele pouco compreende sobre si mesmo, sobre sua origem e destino. Ele parece estar abandonado a sua própria sorte. Muitas teorias tentam explicar o princípio de tudo e as razões da existência das coisas, pretendemos com este artigo elucidar o projecto divino a luz das escrituras sem contudo deixar de mencionar alguns autores que compactuam com a mesma visão.

“ O cuidado somente surge quando a existência de alguém tem importância para mim. Passo então a dedicar-me a ele. Disponho-me a participar de seu destino, de suas buscas, de seus sofrimentos e de seus sucessos, em fim de sua vida”. Leonardo Boff citado por Veríssimo, 2010 p: 9.
 

Se houve um projecto que culminou com a existência de todo o ser no universo eu gosto de crer que sim houve, por simples motivo: tudo que existe no universo possui uma estrutura; uma ordem específica, e delineada para um fim específico. E isto tudo explica a noção do plano e dum projector. Negar isso, seria como negar sua própria existência e a existência de universo que esta intrínseca a todo homem. Como explicar tudo isto? Bem, poderia escrever muitas palavras mas nem assim eu creio que seriam suficiente para clarificar o divino, o primeiro motivo que me impulsiona a reduzir palavras é pelo fato destas palavras serem dum ser finito o que é o motivo suficiente para abdicar deste exercício de tentar esclarecer o divino a partir de palavras somente, se uma vês o homem não é anjo, ele é simplesmente matéria e a sua vida baseia-se na ênfase de experiências pragmáticas. Não ignoro que haja excepção mas creio que a experiência pragmática tem cegado uma outra parte da realidade transcendental e metafísico.

 O homem é o ser que usa palavra simplesmente como meio de comunicação e de ordenação. Ele pouco medita na natureza e na essência da palavra e da voz, para ele a palavra e a voz são simplesmente instrumentos humanos. Na verdade, ignorando o homem sobre a natureza e a essência da palavra ele ignora realidades existentes cuja natureza e a essência é diferente dele mesmo. É nesta ignorância que muitos discutem sobre o ser divino porque simplesmente eles ignoram realidades que são diferentes dele na sua essência e natureza.

Foi possível apurar esta evidência devido a concepção do sagrado de Martin Buber, assim como das múltiplas experiencias que temos com o universo, é comum notar frutas; plantas; rochas; animais; homem; astros com natureza e essência diferente umas das outras. Porque o ser divino não podia ser diferente dos demais seres? Pretendo afirmar que a natureza do ser divino é diferente dos de mais seres e uma das características que mais norteia esta divindade é pelo facto dele ser invisível pela essência, porem visível pela natureza. Isto é, pela sua criação. Martin Buber citado por Veríssimo diz que “o sagrado é reconhecido a partir de um modo relacional, segundo um pensamento que considera o ser humano como sendo uma trama de relações, o sagrado é apresentado como fundamento constituinte de uma relação.” Luiz José Veríssimo, 2010 p: 53.

Ora, não podia comentar sobre o projecto divino sem contudo dar algumas achegas preliminares sobre esta divindade. Agora irei-me situar no objectivo pelo qual houve motivação para redigir este artigo. Que é a cerca do projecto divino, será que o projecto divino teve seu término no Géneses 2:2 “ … havendo Deus completado no dia sétimo a obra que tinha feito, descansou nesse dia de toda a obra que fizera.” Ou ele ainda continua a sua obra? Segundo Apocalipse 21:1 ’Eis que vi um novo céu e uma nova terra, porque já se foram o primeiro céu e a primeira terra e o mar já não existe”. E se o projecto terminou o que dizer de nossa geração ou humanidade? Se não terminou como conciliar a ideia de um Deus perfeito cujo projecto não possui falha, com a imagem dum Deus que parece mendigar no tempo a oportunidade para reajustar o seu projecto original?

Bilateral: da questão do projecto divino á questão das vontades

A questão do projecto divino terminar ou continuar depende da questão seguinte: com que propósito Deus fez a terra? Esta questão fará compreender que Deus queria que a terra fosse controlada e dominada por homem, alguém que era a imagem e semelhança dele (santo). Isto vê no Géneses 1:28-30. Porem, até este ponto, me refiro do versículo de Géneses 1:28 o pecado não tinha corrompido o homem, mas posteriormente o homem caiu no pecado. O que é pecado? É tudo que vai contra a vontade de Deus. Ou seja, é tudo que não agrada a Deus. Então, o homem mostrou-se desobediente indo contra a vontade de Deus. Nota-se a que logo a prior um conflito entre vontades. Trata-se da vontade de Deus e dos homens. Ora, Schopenhauer define o homem como sendo ser de vontade. E que ele pode se redimir, se salvar apenas com o cessar de querer. Portanto, segundo ele, quando o homem passa a entender que a realidade é vontade e que ele mesmo é vontade, ele passa a estar pronto para a sua redenção. Neste caso o que vai libertar o homem desta vontade (dor, crueldade, tédio, desejos, necessidades) é a arte e a ascese. Porquanto a experiência estética anula suas vontades e necessidades) Geovanni Realle, 2005 p: 208.

Então a questão porque Deus fez o homem como um ser com vontades uma vês que esta vontade é que tem criado barreira entre Deus e o homem? Ganha sentido dentro de um olhar essencialista, isto é, importa dizer que a vontade antes de estar no homem esteve primeiro em Deus, porém Deus tem direccionado suas vontades para acções boas e justas a título de exemplo temos o universo, o nosso universo é perfeito. O mal tem-se notado na acção humana, uma vês que ele não direcciona suas vontades para a justiça e bondade como consequência o próprio universo esta a padecer devido a terrível vontade humana de não pautar pela justiça e bondade, invés disso pautam por relativismos desmedidos, egoísmo e orgulho, e transferiram o conceito amor para a esfera de fraqueza e insensatez.

O livre arbítrio faz Deus mudar a sua essência?

O projecto de Deus é de ver a terra sendo governada por homens íntegros e santos ainda contínua segundo 1° Coríntios 15:20-21”assim como todos morreram em Adão, do mesmo jeito todos ressuscitam em Cristo” Aqui é apresentado Cristo como um novo Adão. Cristo é imagem da graça e amor de Deus. Porem ele é o veículo para a santificação e concretização de forma plena do projecto de Deus. Isto é, o projecto de Deus ira se concretizar na imagem de Cristo o santo. Este projecto existe até hoje devido não o nosso esforço e mérito mas é devido a essência de Deus que é amor, ele não deixa de ser amor só porque outros não são, ele procura guardar sua essência, preserva sempre a sua essência.

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