O artigo intitulado “O currículo para o Ensino Médio em suas diferentes modalidades: Concepções, propostas e problemas”, sob a autoria de Ramos (2011), faz referência às políticas curriculares para o ensino médio no Brasil, discutindo a evolução curricular até a abordagem das políticas atuais para o Ensino Médio.

 Segundo o pensamento do autor, é no Ensino Médio que se apresenta ao indivíduo o modo como o conhecimento se relaciona com o trabalho, é nesse momento que o jovem busca projetar sua vida como população economicamente ativa, e os adultos procuram se qualificar como trabalhadores através do ensino.

Notada a importância do Ensino Médio para o conhecimento e desenvolvimento do ser humano, foram necessárias que várias reformas curriculares ocorressem, de tal forma, que ganharam maior visibilidade nos anos de 1990, em virtude da aprovação da Lei n. 9.394/96, onde foi definido que a finalidade do Ensino Médio seria “Formar para a Vida”, esta definição foi apoiada pelo Decreto n. 2.208/97, no qual se determina que a educação profissional de nível técnico teria organização curricular própria e independente do Ensino Médio, oferecido de forma concomitante ou sequencial a este, caracterizando de fato uma reforma curricular, tendo como doutrina as Diretrizes Curriculares Nacionais.

Conforme a visãodo autor, os fundamentos da reforma curricular do Ensino Médio podem ser resumidos para fácil entendimento desta forma: a) reiteração das finalidades previstas pela LDB para o Ensino Médio; b) organização do currículo com base nas áreas de conhecimento; c) destaque as competências de caráter geral no lugar do estabelecimento de disciplinas e conteúdo específicos; d) definição de princípios axiológicos; e) definição de princípios pedagógicos; f) regulamentação da parte diversificada do currículo. Tais fundamentos, são de suma importância para a eficiência da formação do indivíduo e sua inserção no mercado de trabalho, respeitando seus direitos e deveres como cidadão.

Compreendido os fundamentos da reforma curricular, o Ensino Médio faz uso da pedagogia das competências como uma corrente pedagógica que orientou a reforma curricular realizada ao final dos anos de 1990, possibilitando relacionar as disciplinas em atividades ou projetos de estudo, pesquisa e ação, sendo que desta forma seria possível modificar o currículo, no que diz respeito à seleção de conteúdo, marca-se assim a inovação nas grades curriculares, nos planos de curso e nas aulas.

Este molde foi eficaz até início dos anos 2000, pois nesta época iniciou-se um novo período político no país, no qual a nova Presidência da República reunia históricas reivindicações populares, e consequência nada mais seria que mudanças no cenário atual, e surge o currículo integrado como modelo educacional. O texto da lei é bem claro, quando discorre que a articulação entre o Ensino Médio e a Educação Profissional ocorrerá de forma integrada, que significava obter-se a formação básica e profissional em uma mesma instituição de ensino, no mesmo curso, com currículo e matriculas únicas, caracterizando a formação do sujeito omnilateral - múltiplas dimensões, e abrindo espaço para adoção da interdisciplinaridade como método importante para educação.

Percebida essa nova configuração, o Ensino Médio Integrado à Educação Profissional visa preparar as pessoas para o exercício profissional inseridas no contexto econômico-produtivo. Foi neste cenário político também que o governo instituiu o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), até hoje em funcionamento no nosso país.

Por volta do ano de 2008, esse currículo do Ensino Médio, até então fixado, apresenta-se em “crise,” em decorrência das políticas adotadas na sua proposta curricular, sendoposteriormente proposta pelo MEC na forma do Programa Ensino Médio Inovador, em que o foco foi o Ensino Médio não-profissionalizante, de modo que este fosse reestruturado, combinando as mais diversas formas de conhecimento com os conhecimentos técnico-experimentais, não excluindo a importância da profissionalização, nem a necessidade de avançar o pensamento sobre o currículo do Ensino Médio, pois o que é necessário é sempre estar inovando nas propostas educacionais.

Diante disto, dos tempos atuais e do texto em argumento, é possível afirmar que a educação brasileira não incorporou até hoje em sua visão a formação omnilateral e politécnica, ao contrário, ainda temos visões arcaicas relacionada às mudanças no eixo educacional. É necessário incentivar a educação profissional, bem como, não desmerecer a educação básica, e integrá-las quando for possível fazer, pois só assim é possível fazer-se educação de qualidade.