O currículo escolar: breve histórico brasileiro e o campo do imaginário .
Marlon Bruno Barros Cardozo

Resumo: Este trabalho pretende traçar um breve histórico das disputas ideológicas sobre o currículo no Brasil como também discutir os paralelos entre o campo do imaginário e a educação.

 

 

 

 

 

 

1. Da Colônia ao Império: mudanças significativas no currículo escolar brasileiro.
No período colonial a educação no Brasil foi desempenhada pelas ordens religiosas através da catequese e evangelização dos nativos. Os ensinamentos não se fizeram através da leitura crítica dos textos bíblicos, mas apenas pela comunicação oral. Dentre essas ordens a de maior destaque foi a dos jesuítas, estes tinham como objetivo dominar a política colonial portuguesa através da pregação dos princípios da fé cristã para os nativos. 
Durante os dois primeiros séculos de colonização brasileira, os jesuítas foram os únicos educadores da Colônia. Preocupados com a reprodução de seus quadros religiosos e com a difusão da fé, criaram escolas e seminários que vieram a se tornar os verdadeiros instrumentos de formação da elite colonial. (CABRAL, 1984, p. 27).
Toda ação pedagógica dos jesuítas foi marcada pelas formas dogmáticas de pensamento, contra o pensamento crítico, de inspiração escolástica, caracterizando-se com uma intensa rigidez na forma de interpretar a realidade. Segundo Maria do Socorro Cabral, “era um ensino de caráter universalista, baseado na literatura antiga e na língua latina [...] e completamente alheio à realidade brasileira” (p. 28). Esse caráter alienatário é que possibilitou a permanência desse sistema educacional na colônia, uma vez que não atingia a ordem do regime.
Logo os jesuítas estabeleceram seus colégios no qual passou por diversas organizações. A primeira foram os colégios tipo residências, destinados aos meninos que seriam os futuros jesuítas. Esses residiam e estudavam no mesmo local e freqüentavam as universidades civis, para um maior controle dos futuros mandatários da doutrina e da fé cristã. A segunda foi quando surgiram os colégios docentes para jesuítas, onde lá moravam e ensinavam, fincando totalmente internos. No terceiro, esses colégios para docentes somente admitiam alunos seculares, tendo como professores os jesuítas. Na última fase, surgiram os colégios só para seculares, ou só para jesuítas, onde era dada uma formação séria e sólida para os futuros membros da Companhia.
Os colégios próprios, só para jesuítas, os colégios para externos e também os seminários para o clero secular foram três iniciativas que surgiram desde cedo, para atender às necessidades da igreja e da Companhia. Quanto às universidades próprias elas entraram um pouco mais tarde.