O CUIDADO À SAÚDE DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO COM ENFOQUE NO AUTOCUIDADO

Valeria Carvalho
Pereira de Souza
Rogeria Maria
Silva do Nascimento

RESUMO

O objeto deste estudo é o cuidado à saúde do profissional enfermeiro com enfoque no autocuidado. Para responder essas questões defino como objetivo: Identificar os fatores de risco no ambiente de trabalho que reduzem o autocuidado dos enfermeiros.  A pesquisa possui a intenção de contribuir para a reflexão do profissional de saúde, em relação ao autocuidado. De que maneira o profissional pode se preservar, refletindo em qualidade de vida, pois o déficit de autocuidado começa quando este profissional ainda está na academia. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, descritiva, com abordagem qualitativa, tendo como foco os artigos que tratam do cuidado à saúde do profissional enfermeiro com enfoque no autocuidado. Como resultados identificou-se que as medidas preventivas deveriam contemplar a melhor distribuição das atividades diárias, como forma de não sobrecarregar o profissional. Outra medida seria dar um período maior de descanso, tanto no ambiente de trabalho quanto no ambiente domiciliar, isso permitiria ao profissional se manter mais disposto para o serviço.  A fórmula para alcançar a saúde do profissional de enfermagem é a redução da jornada de trabalho, somada a melhores salários pagos. Assim, se reduziria o número de vínculos empregatícios dos profissionais, diminuindo o número de afastamentos das atividades por fadiga e estresse. Além de melhorar a qualidade da assistência prestada ao paciente, pois o profissional estará mais disposto e realizará suas atividades da melhor forma possível.  Assim, conclui-se que a enfermagem apresenta um conjunto de fatores que podem comprometer sua saúde e o desempenho profissional e que eles, em sua maioria, estão atribuídos ao seu trabalho diário, o que influencia no adoecimento dos trabalhadores.

INTRODUÇÃO

Os trabalhadores de enfermagem estão expostos a riscos oriundos das condições precárias de trabalho. Bem como das longas jornadas, da multiplicidade de funções, excesso de trabalho, ansiedade, esforços físicos, posições incômodas, separação do trabalho intelectual e manual, que podem acarretar em acidentes e doenças (SILVA E MARZIALE, 2006).

A precarização do trabalho é um fenômeno que acomete grande parte dos trabalhadores pela desregulamentação e a perda dos direitos trabalhistas e sociais, o que certamente, causa sofrimento e aumenta a vulnerabilidade a doenças ocupacionais (MANTOVANI, 2009).

Para Lima (2005) o enfermeiro é visto como um profissional de saúde com carga horária excessiva, dificuldade de relacionamento interpessoal em seu ambiente de trabalho, excesso de afazeres na intervenção junto ao paciente. Além de atividades burocráticas e gerenciais, que podem contribuir para o seu processo de adoecer, relacionado ao estresse.

De acordo com as situações de risco citadas, segundo Leite et al. (2007), estas podem acarretar acidentes e doenças ocupacionais, tais como: tenossinovites, tendinites, sinovites, síndromes compressivas dos nervos periféricos, além de sintomatologias mais disseminadas, como a síndrome miofascial, fibromialgia, distrofia simpático-reflexa, hipertensão arterial, diabetes, entre outros.

Não se espera trabalhos facilitados, nos quais o enfermeiro se restrinja simplesmente a serviços que não gerem esforço físico ou intelectual. Desejamos exercer nossa profissão de forma digna e eficiente, porém ressaltando o cuidado com a saúde do trabalhador (LEITE et al. Ibid).

A relevância do trabalho de pesquisa se deve ao fato de um considerável número de profissionais enfermeiros que, exercendo sua profissão, no ato extremo de ajudar a restabelecer a saúde do próximo, acaba esquecendo-se de cuidar da própria saúde. 

Esse profissional traz com isso problemas não só para ele, como também gerando um problema social. Ele é um elo entre o hospital (organização) que oferece tratamento e o paciente (ser humano) que necessita de tratamento. Assim, quando este elo se rompe (adoece) quebra uma corrente da engrenagem, trazendo assim graves problemas para a sociedade.           

Segundo o Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (CORENRJ, 2016), mais da metade dos enfermeiros (53,9%), técnicos e auxiliares de enfermagem (56,1%) concentram-se na Região Sudeste.

Horta (1987) descreve o cuidado de enfermagem como uma ação planejada, deliberada ou automática da enfermagem. Resultam da percepção, observação e análise do comportamento; situação ou condição do ser humano.

O profissional enfermeiro, segundo Horta (1987), é um agente de mudanças que, através das atividades da enfermagem, visa encontrar relações entre o homem e o meio ambiente em seu processo vital. Por isso, acaba deixando de lado o auto-cuidado, que Horta descreve como algo primordial para a vida humana.

Ela o descreve como necessidade humana básica. Sendo o essencial, é fundamental para se viver, mas não é só a autora que vai falar do auto-cuidado. Todas as teóricas falam dele. Afinal, a enfermagem é um “sinônimo do cuidado” (HORTA, 1987).

A falta do auto-cuidado pode, segundo North American Nursing Diagnosis Association (NANDA, 2006), ser causada por cansaço físico e fadiga, que pode gerar a falta de motivação.

Além das teóricas, vemos atualmente o mundo falando do estresse e da fadiga. Ouvimos muito sobre medidas preventivas para o adoecimento profissional, mas não vemos melhorias nas condições de trabalho. Tal fato pode estar relacionado ao piso salarial dos enfermeiros, definido pelo Projeto de Lei nº 4.924 de 2009, que determina o valor de R$ 4.650,00 (quatro mil seiscentos e cinqüenta reais) (BRASIL, 2009).

Esta determinação ainda não é respeitada, exigindo que o profissional encare várias horas seguidas de trabalho, o que é proibido por lei. O projeto de lei só beneficia o profissional que permanece em serviço, em uma mesma empresa, por um período superior a 36 horas. Assim, gera um desgaste físico e emocional. Dentro desta discussão, temos como objeto de estudo, o cuidado à saúde do profissional enfermeiro com enfoque no autocuidado. (BRASÍLIA, 2004).

Com muita experiência profissional, diversas observações, aprendizados, estudos e reflexões, Wanda de Aguiar Horta voltou-se em sua teoria à natureza da enfermagem, definindo o seu campo de ação específica e sua metodologia científica. Dessa forma, desenvolveu conceitos importantes para a profissão como a de enfermagem como sendo a ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, de tornar o paciente independente desta assistência, quando possível, pelo ensino do autocuidado; e de recuperar, manter e promover a saúde em colaboração com outros profissionais (HORTA, 1979).

O cuidado às pessoas tem sido registrado como componente científico da enfermagem. Ao cogitar segundo o contexto do cuidar, vivenciado pela Enfermagem frente ao intricado processo de saúde-doença, e aos próprios desafios que surgem do cuidado, tem-se a comprovada a necessidade de uma abrangência mais densa do termo cuidado, autocuidado e cuidado de si, uma vez tais expressões, vêm cruzando civilizações antigas, gerações, e frente ao desenvolvimento tecnológico e científico (SILVA et al, 2009).

O autocuidado configura-se como uma atividade do indivíduo abrangida pelo mesmo e dirigida para um objetivo. Uma ação implementada em situações palpáveis da vida, e que o sujeito conduz para si mesmo ou para regular os fatores que tendem afetar seu próprio desenvolvimento, atividades em benfeitoria da vida, saúde e bem estar. O autocuidado, tem como desígnio, o emprego de ações de cuidado, abraçando um modelo, que colabora para o desenvolvimento humano. As ações que compõem o autocuidado são os pré-requisitos universais, de desenvolvimento e os de alterações da saúde.

Diante do exposto, o objeto deste estudo é o cuidado à saúde do profissional enfermeiro com enfoque no autocuidado

Assim sendo, o objetivo do estudo foi identificar os fatores de risco a que os enfermeiros estão expostos no ambiente de trabalho. 

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Ambiente de trabalho

Silva e Zeitoune (2009) relatam que durante muitos anos os profissionais da área de saúde foram excluídos do quadro de risco à saúde do trabalhador. Devido ao fato de não serem considerados uma classe de alto risco para acidentes de trabalho, já que estes se encontravam dentro dos hospitais. Mas essa visão foi mudada quando na década de 1980 surgiu à epidemia do vírus HIV (AIDS), que originou as regras e as normas para a segurança no ambiente de trabalho hospitalar.

[...]