O crescimento social do ser humano por meio da brincadeira

Autora: Mariane Damke

Coautora: Edilce Teresinha de Barros Miercalm

As brincadeiras na educação infantil são fundamentais para o desenvolvimento tanto motor quanto cognitivo de uma criança.

Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.

Ao observar uma criança brincando seus familiares ou outros espectadores leigos ao assunto podem afirmar: “A ele não faz nada o dia todo, só brinca mesmo”, contudo nós como protagonistas na educação infantil sabemos que uma criança ao dedicar-se a quais quer que sejam as brincadeiras, está de fato descobrindo e interpretando sua visão de mundo.

Ao observar as interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções. (BNCC, 2017)

Quando uma criança brinca livremente, sem que um adulto a atrapalhe ou fique ditando regras e delimitando espaços, é possível observar suas vivencias e experiências em sua total autonomia e espontaneidade, contudo não apenas de liberdades se constrói o conhecimento, e para produzir novos conhecimentos a partir dos já vividos, um adulto, no nosso caso um professor se dispõem a pensar e planejar algumas atividades dirigidas.

Na Educação Infantil, é preciso ensinar na e pela brincadeira”, é preciso, para isso romper a artificial dicotomia entre “atividades dirigidas” (supostamente ensinar) e “atividades livres” (supostamente brincar), [...]. É papel do professor revelar para a cada criança, como indica Elkonin (1960), as facetas da realidade que ela somente pode conhecer pela via de sua mediação - tendo em vista o postulado de Leontiev (1978) de que os objetos e fenômenos da cultura não podem ser apropriados imediatamente pela criança [...] PASQUALINI (2010, p. 185)

Atividades essas que não surgem do nada e vão a lugar algum, são atividades lúdicas pensadas e preparadas visando o desenvolvimento seja cognitivo ou motor de nossas crianças.

Um projeto político pedagógico é desenvolvido para alicerçar essas atividades lúdicas e para servir como guia aos educadores que tornam se parte de um grupo ou unidade de educação já constituído. Segundo KISHIMOTO, a elaboração de um projeto pedagógico é dividido em etapas, uma delas constitui-se na escolha de espaços organizados adequadamente para estimular brincadeiras e dos brinquedos. O crescimento social do ser humano se desenvolve no meio em que ele está inserido, esta é a função primordial da educação.

O contesto atual e a forma como se concebe a criança e como ela se desenvolve, constitui a forma como será educada esta criança. KISHIMOTO afirma que uma educação integral na infância depende quase exclusivamente dos brinquedos e brincadeiras, pois é através delas que a criança experiência as realidades do mundo adulto. Portanto, é necessário um trabalho minucioso na escolha dos espaços, dos brinquedos e brincadeiras, para que possa propiciar à criança as experiências necessárias para seu desenvolvimento tanto cognitivo quanto físico.

Considerando a criança como ser ativo, autor e ator, capaz de aprendizagem sincrética, que integra todos as facetas do ser, autores como Vygotsky, Bruner, Piaget e Wallon destacam a relevância da brincadeira na educação infantil (KISHIMOTO,1997).

Assim também nós educadores temos que nos policiar e valorizar nosso trabalho pedagógico, pois quando nos propomos a brincar com nossas crianças, nós as estamos incentivando a se desenvolver integralmente.

 

Referências

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017.

FREIRE, J. B. O jogo: entre o riso e o choro. Campinas: Autores Associados, 2002.

KISHIMOTO, Tizuko. Jogos, Brinquedos e Brincadeiras na Educação. São Paulo: editora Cortez, 1997.

PASQUALINI, J. C. O papel do professor e do ensino na educação infantil: a perspectiva de Vigotski, Leontiev e Elkonin. In: Formação de professores: limites contemporâneos e alternativas necessárias [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. 191 p. ISBN 978-85-7983-103-4.