O "CORINHO TRONXO"
Por Paulo de Aragão Lins | 18/05/2009 | ContosO “CORINHO”
TRONXO
Em uma igreja de Caruaru, Pernambuco, tinha uma irmã muito abençoada que não faltava culto. Ela ia sempre acompanhada de um filho de catorze anos que era retardado. O adolescente sempre que via o pastor, pedia:
- Patô, Patô, deixa eu cantar um corinho no culto, deixa, Patô, deixa Patô, deixa, deixa.
-
O pastor desconversava, ia adiando a coisa, porque sabia que ia ser um problema sério se ele desse oportunidade para o rapazinho retardado cantar diante da congregação. E o pior é que ele sempre pedia para cantar no Domingo.
Depois de muita insistência, da mãe dele e dele, dizendo que tinha decorado um corinho e que ia saber cantar direito, um dia o pastor não agüentou mais e anunciou:
- Nosso irmão Marcos vem me pedindo há muito tempo para cantar um corinho diante da igreja, então hoje vamos dar-lhe oportunidade para cantar. Venha, meu filho.
O rapazinho veio diante da igreja e disse:
- Saldo (não saúdo), os irmãos com a paz do Senhor!
A igreja respondeu:
- Amém!
E ele continuou:
- Vou cantar este corinho prá Jesus.
E sapecou:
Samba, crioula, que veio da Bahia
Pega a criança e joga na bacia
A bacia é de ouro, ariada com sabão
Depois de ariada, enxugada com roupão
O roupão é de seda...
A estas alturas o pastor já estava sem saber o que fazer. Não sabia se tomava o microfone, o que seria uma violência com uma pessoa deficiente, não sabia se tentava explicar para os que ali estavam o problema do rapaz. O certo é que teve de esperar até o fim do "corinho" que o pobre jovem repetiu três vezes..