O CONTRIBUTO DA OBSERVAÇÃO DAS AULAS DO PROFESSOR NA MELHORIA DO SEU DESEMPENHO PROFISSIONAL

 

            Eugénio António Monjane ¹

            Domingos Árabe ²

 

Resumo: O aspecto em discussão neste artigo é “o contributo da observação das aulas do professor na melhoria do seu desempenho profissional”. Pretende-se com a pesquisa, analisar em que perspectiva a observação das aulas do professor contribui na melhoria do seu desempenho profissional. Em termos de especificidade da natureza da pesquisa, trata-se de uma pesquisa do tipo qualitativa auxiliada a técnica de entrevista instrumentalizada no guião de questões, direccionado a (03) três professores e (03) três membros de direcção numa das Escolas da cidade de Lichinga/Niassa-Mozambique. Entrevistados os alvos, os resultados mostram que os professores tanto os órgãos de direcção, tem consciência que por via da observação das aulas do professor é possível a melhoria do desempenho profissional do professor, dado que permite a troca de experiências entre os professores.

Palavras-chave: Observação. Aula. Professor. Melhoria. Desempenho.

 

 

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¹ Docente de Filosofia, Licenciado em Ensino de Filosofia, Mestrando em Avaliação Educacional,     

    especialista em Introdução a Filosofia,

    Endereço/E-mail: [email protected] 

² Licenciado em ensino de Filosofia, Mestrando em Avaliação Educacional, especialista em administração    

     Pública. [email protected]

 

 

 

  1. Introdução

O contributo da observação das aulas do professor na melhoria do seu desempenho profissional, constitui o tema do presente artigo. A observação é um procedimento científico que tem a ver com a tendência de percepção, contemplação, verificação e não interpretação imediata dos fenómenos empíricos. A ideia de observação associa-se ao conceito de colheita de informações a partir da visão. A observação é um período antes a interpretação, é um momento pelo qual, o pesquisador ou o sujeito investigador tende a apreender o objecto. Filosoficamente falando, diríamos que a observação é um momento em que o sujeito esta fora de si, momento em que o sujeito esta fundamentalmente colhendo informações em relação o objecto observado. A primeira condição indispensável, para que a observação aconteça, é que o sujeito esteja em si, isto é, concentrado. De tal forma que, se o sujeito esta divorciado de si, impossível é a exercitação da observação. Portanto, nesta pesquisa, trazemos a observação como base pré interpretativa dos fenómenos com vista a discussão das políticas ou procedimentos metodológicos para a melhoria do desempenho profissional do professor. Em gesto de justificativa, vale referir que a finalidade da observação das aulas do professor é a troca de experiencias entre os professores, mas o que se tem verificado, é que mesmo com a observação de aulas (Assistência mutua entre os professores) os professores ainda enfrentam as mesmas dificuldades, consciente destes aspectos, assegura-se importante o desenvolvimento deste estudo, com vista a proporcionar aos professores princípios filosóficos que permitam que por via da observação de aulas, seja possível a melhoria do desempenho profissional do professor. Nesta perspectiva, sendo que os professores exercitam a observação mútua de aulas e mesmo com esta acção, as dificuldades na orientação do processo de ensino e aprendizagem tem sido desafiadoras, até que ponto a observação das aulas do professor contribuem na melhoria do desempenho profissional do professor? Como procedimento metodológico para a resposta do problema em causa, pautamos pela formulação de objectivos. Objectivo geral: Analisar até que ponto por via da observação das aulas do professor, é possível a melhoria do seu desempenho profissional. Objectivos específicos: Descrever a observação de aulas na concepção dos professores e do pessoal de direcção; identificar o nível de frequência da observação de aulas ao nível da instituição; Demonstrar o contributo da observação de aulas na melhoria do desempenho profissional do professor.

Para a concretização dos objectivos da presente pesquisa do tipo qualitativa, pautou-se pela técnica de observação e entrevista, com o objectivo de colher informações acerca da observação de aulas em termos conceituais, frequência de observação de aulas ao nível da instituição e o contributo da observação das aulas do professor na melhoria do seu desempenho. Para o efeito, entrevistamos três professores e três membros de direcção.

A estruturação das secções do artigo, observam a orientação seguinte de disposição dos conteúdos: Tema do artigo, os autores do artigo, Resumo, descrição dos autores do texto, Introdução (Apresentação do tema, justificativa, Problema, objectivos, metodologias de pesquisa), Fundamentação teórica, Apresentação/analise dos Resultados, Discussão de resultados e Referencias bibliográficas.

 

  1. Enquadramento teórico
    1. A observação de aulas e a melhoria do desempenho profissional

A observação de aulas é um processo colaborativo, onde o professor observado e o professor observador devem colaborar antes e depois do processo de observação de modo que haja dialogo acentuado acerca do processo de ensino e aprendizagem.

De acordo com Reis (2011 citado por Silva 2013),

“O sucesso da observação de aulas depende de uma preparação cuidadosa, designadamente, no que diz respeito à definição da frequência das mesmas, à duração, aos focos específicos a observar, à escolha das metodologias a utilizar e à concepção de instrumentos de registo adaptados. É importante serem observadas aulas em diferentes turmas e em vários dias da semana. Antes de proceder à observação da aula, o supervisor deve estar ciente da influência que as suas experiências pessoais, o seu percurso de formação e as suas crenças relativamente ao ensino exercem no processo de observação, nomeadamente nos aspectos que valoriza e nos comentários que poderá efectuar posteriormente. Um observador eficaz deve reconhecer que as suas observações representam apenas uma versão do que se passou na sala de aula, não constituindo um retrato da realidade”.(p.10)

 

Na visão de Brooks e Sikes (1997 como citado em Reis, 2011),

“O sucesso da observação de aulas depende de uma preparação cuidadosa, no­meadamente no que respeita à definição da sua frequência e duração, à identi­ficação e negociação de focos específicos a observar, à selecção das metodo­logias a utilizar e à concepção de instrumentos de registo adequados à recolha sistemática dos dados considerados relevantes. Constitui uma boa prática, em termos de validade, variar as condições em que se realizam as observações de aulas de forma a construir-se uma imagem tão completa quanto possível da prática lectiva de um professor” (p.25)

 

A observação de aulas, é um processo pelo qual consiste em examinar e ver com muita atenção a prática do processo de ensino e aprendizagem, a finalidade da observação da aula tem a ver com a troca de experiencias entre os professores, com o objectivo de melhorar o desempenho profissional do professor, consequentemente a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Este processo de observação, por ter um fim vinculado ao bem do sistema, o professor observador tanto o professor observado, devem proceder a preparação da aulas em conjunto, de modo que estes possam proceder de antemão, a discussão acerca de diferentes procedimentos metodológicos associados a aula. No processo da observação da aula, o professor observador, usa a cópia do plano em posse como indicador das observações, pôs o processo de observação, os professores (o observado e o observador) devem trilhar os seus discursos na base dos planos, a didáctica de ensino e a literatura associada ao conteúdo em estudo, razão pela qual, a assistência ou observação de aulas deve acontecer num contexto em que os envolvidos ao efeito, tenham noção acerca da área de pesquisa.

 

Nesta ordem de ideias, McGreal e Zepeda (como citado por Reis 2011) observação de aulas e a selecção/concepção dos instrumentos de recolha de dados devem ser orientadas por quatro pressupostos:

1. A confiança e a utilidade da observação de aulas está relacionada com a quantidade e os tipos de informação acessíveis aos mentores ou su­pervisores antes da observação;

2. Quanto mais específico for o foco da observação utilizado pelos men­tores ou supervisores, maior a possibilidade de eles serem capazes de descrever os acontecimentos relacionados com esse foco;

3. O impacto dos dados recolhidos através da observação depende da forma como eles são registados durante a observação;

4. O impacto dos dados recolhidos através da observação na relação en­tre o mentor ou supervisor e o professor depende da forma como o feedback é transmitido ao professor.

Os (4) quatro indicadores, impulsionam a visão segundo a qual, os proponentes do processo de observação, devem de antemão, sentar para desenhar o processo todo, onde numa primeira fase os dois indivíduos (o observador e o observado), procedem ao processo de planificação em conjunto, a revisão da literatura, entre outros. Tudo com o objectivo de a evitar prováveis equívocos em relação o processo subsequente (Observação). Neste processo de planificação, quanto mais os proponentes forem claros na planificação, mais fácil será o processo de observação, de tal forma que se a planificação for desorganizada, difícil será o processo de observação. A mudança do comportamento do professor em relação o processo, depende da forma como o observador se orienta a ele, isto é, a natureza da sua abordagem. O observador deve ter domínio do processo e ética na discussão dos aspectos diante do professor observado.

Frequência da observação de aulas

A observação de aula não pode ser uma actividade esporádica, ela deve acontecer de forma regular ao nível das escolas, pelo menos (4) quatro vezes por mês para cada professor, principalmente os professores em início na careira docente, tendo em vista as condições das escolas em termos de recursos humanos. Porque a frequência do processo de observação de aulas é fundamental para a melhoria da actividade docente, isto é, a repetição e a troca de impressões fazem a afirmação da sabedoria.

 

De acordo com de Reis (2011)

“A Frequência das observações deverá depender do nível de experiência e de desenvolvimento profissional dos professores em processo de supervisão: um professor em início de carreira necessitará de uma observação mais frequente (eventualmente, com periodicidade semanal) do que um professor em período probatório com vários anos de experiência noutra área disciplinar. Neste último caso, uma periodicidade mensal poderá ser uma opção. Contudo, esta decisão dependerá forçosamente dos níveis de conhecimento profissional, experiência e confiança de cada docente. As observações formais deverão ser espaçadas para que os professores consigam progredir entre cada sessão”.(p.26)

 

A frequência da observação das aulas deve incidir mais em professores com dificuldades no processo de ensino e aprendizagem de modo a permiti-los a evolução, sem fazer com que o professor se sinta pressionado, como muito bem referimos nas sessões anteriores, a aplicabilidade dos princípios metodológicos sugeridos pelo professor observador, depende da forma como o professor observador se dirige ao professor observado, é importante a manifestação das boas maneiras do observador e incentivo a melhoria do processo de ensino e aprendizagem por parte do professor observado. 

 

 

 

Desempenho profissional

O desempenho profissional, é a capacidade que os indivíduos têm, para o exercício de diferentes actividades numa determinada instituição. O desempenho profissional, é associado a diferentes factores, tais como: disposição, ambiente, equipe de trabalho, boa motivação e sobretudo, a liderança. Não é possível o exercício do desempenho profissional exaustivo, num ambiente de má disposição do profissional, o indivíduo precisa estar em condições psíquicas próprias, para que possa exercer as suas actividades de uma forma adequada, o que significa, que em situações em que o individuo se encontra em um estado de humor inadequado, deve pautar em ficar em repouso, para evitar possíveis cenários conflituosos nas actividades. Um outro aspecto do desempenho profissional, como muito bem já tínhamos referido, é relacionado ao aspecto ambiente de serviço. O sucesso no desempenho profissional, depende também da natureza do ambiente de trabalho, isto porque, se o ambiente é deficiente, difícil é o desenvolvimento pleno das actividades, o que significa que, os proponentes da instituição, devem em conjunto, velar pelo aspecto ambiente exaustivo para o exercício do trabalho. A equipe de trabalho influência no desempenho profissional dos indivíduos, na medida em que todos estão empenhados ao evento, colaborando de forma eficiente. Em contextos que parte dos colaboradores da instituição se encontra em disposição inadequada, o mais correcto é que a outra parte dos integrantes encarregue-se em influenciar os colegas ao trabalho. Um outro aspecto não menos importante, tem a ver com a motivação dos colaboradores, a instituição precisa encontrar fórmulas próprias para incentivar os seus colaboradores nas actividades. Fórmulas de motivação que não permitam a exclusão entre os colaboradores, a atribuição de prémio em parte é um procedimento motivador, mas trata-se de um procedimento de motivação excludente, no sentido de que os colaboradores não premiados acabam se sentindo descriminados e excluídos. A motivação em prémios vivos, devem ser atribuídos a conjuntura dos profissionais, isto é, o prémio deve pertencer a todos e influenciar os colaboradores monótonos a criatividade. A efectivação destas expectativas, dependem também da natureza de liderança da instituição, o empenho exaustivo dos órgãos de direcção influência bastante no desempenho dos trabalhadores da instituição, o que significa que, se os órgãos de direcção forem menos empenhados, as consequências se irão circunscrever ou repercutir nas actividades dos trabalhadores ou funcionários e consequentemente, haverá mão desempenho profissional.

A observação das aulas do professor contribuem na melhoria do desempenho profissional, na medida em que, por intermédio dos contributos do observador tanto o observado, há espaço para a mudança de comportamento em relação ao processo de ensino e aprendizagem. Num acto de observação, o professor observado não esta exclusivamente para aprender com o professor observado, tanto que o professor observado ensina o observador. Trata-se de um momento de troca de experiencias entre os professores para efeitos de mudança de comportamento em relação o processo de ensino e aprendizagem.

 

  1. Apresentação e análise dos resultados da pesquisa

    Neste ponto dispomos os dados obtidos no âmbito da entrevista aos professores e o pessoal de direcção da instituição.

     

     

    3.1. Entrevista aos professores vs pessoal de direcção 

    3.1.1. Observação de aulas (O que é observação de aulas?)

    Colocada a questão aos professores e o pessoal administrativo, estes foram unânimes ao afirmar que a observação de aulas, é atinente ao processo de assistência de aulas ao nível da instituição, observação de aula é um processo pelo qual, consiste em examinar ou verificar a orientação ou administração de aulas durante o processo de ensino e aprendizagem por um conjunto de indivíduos, sendo um professor observado e um ou mais observadores. Com o objectivo de melhorar o empenho do professor na prática do processo de ensino e aprendizagem.

     

Isto mostra que os entrevistados, em relação a questão o que é observação, concebem a observação de aulas como um processo pelo qual tem início em sala de aulas e o observador é o grande detentor de conhecimento.

3.1.2. Frequência da observação de aulas

Colocada a questão, qual é a frequência da observação de aulas? Os inqueridos foram mais uma vez uníssonos ao afirmar categoricamente que a observação de aulas, acontece de forma esporádica, por semestre acontece uma vez e o pessoal de direcção simplesmente procede o preenchimento das fichas de assistência de aulas, sem antes proceder o processo de assistência ou observação de aulas.

 

Sendo que a observação de aulas visa a promoção da troca de experiencia entre os pedagogos, e estes não à aplicam com frequência, isto mostra que os professores, e ou, o pessoal de direcção, desconhece ou ignoram a verdadeira essência do processo de observação mutua de aulas.

 

3.1.3. O contributo da observação de aulas na melhoria do desempenho do professor

Imputada a questão, qual é o contributo da observação de aulas para a melhoria do desempenho do professor? Obtivemos as seguintes respostas:

  1. A observação das aulas do professor, contribuem para a melhoria do desempenho, na medida em que permite a troca de experiencia entre os professores. (PP1).
  2. A observação das aulas do professor, contribuem para a melhoria do desempenho porque é a partir da observação de aulas que os professores aprimoram diferentes procedimentos metodológicos para o exercício do processo de ensino e aprendizagem. (PP2).
  3. A observação das aulas do professor, contribuem na melhoria do desempenho do professor, porque por via dela, os professores conhecem diferentes técnicas e procedimentos metodológicos para a orientação do processo de ensino e aprendizagem. (PP3).
  4. A observação das aulas do professor contribuem na melhoria do desempenho do professor porque por via dela é possível identificar aspectos a melhorar nas actividades do professor em relação o processo de ensino e aprendizagem (PA1).
  5. A melhoria do desempenho profissional do professor se da por intermédio da exercitação em processo de toca de experiencia entre os professores, e esta exercitação só é possível por via da observação de aulas, logo, a contribuição da observação de aulas na melhoria do desempenho do professor. (PA2).
  6. A observação de aulas do professor, contribuem na melhoria do desempenho do professor, quando por conta do processo de observação de aulas, o professor ou os professores assimilam outros procedimentos metodológicos a serem aplicados no processo de ensino e aprendizagem. (PA3).

 

Os depoimentos mostram que os inqueridos têm noção acerca dos contributos que a observação de aulas proporciona na melhoria do desempenho do professor em relação ao processo de ensino e aprendizagem.

 

4. Discussão de resultados 

Esta sessão foi reservada a discussão dos resultados obtidos, com o intuito de dar resposta as questões seguintes de pesquisa: a) Qual é concepção dos professores e do pessoal de direcção em relação a observação de aulas? b) Quais é o nível de frequência da observação de aulas ao nível da instituição e, c) Qual é o contributo da observação de aulas para a melhoria do desempenho profissional do professor.

Ao responder estas indagações respondemos os objectivos da pesquisa, expostos anteriormente: Descrever a observação de aulas na concepção dos professores e do pessoal de direcção; identificar o nível de frequência da observação de aulas ao nível da instituição; Demonstrar o contributo da observação de aulas para a melhoria do desempenho profissional do professor.

 

4.1.Entrevista aos professores e o pessoal administrativo 

4.1.1. A observação de aulas

 

Neste âmbito, o objectivo era de conhecer a concepção dos professores em torno da observação de aulas. Em função das declarações expostas, entendemos que os professores têm uma visão superficial em relação o processo de observação de aulas, ora vejamos, os professores no seu todo, concebem a avaliação de aulas como um processo pelo qual tem inicio em sala de aulas. Como muito bem é fundamentado por Brooks e Sikes (1997 como citado em Reis, 2011),

“O sucesso da observação de aulas depende de uma preparação cuidadosa, no­meadamente no que respeita à definição da sua frequência e duração, à identi­ficação e negociação de focos específicos a observar, à selecção das metodo­logias a utilizar e à concepção de instrumentos de registo adequados à recolha sistemática dos dados considerados relevantes. Constitui uma boa prática, em termos de validade, variar as condições em que se realizam as observações de aulas de forma a construir-se uma imagem tão completa quanto possível da prática lectiva de um professor” (p.25)

Isto mostra que o processo de observação de aulas tem início muito antes do processo da acção em sala de aulas. Os professores antes do processo da observação, estes entram em discussão em relação a observação da aula, a planificação, isto é, o desenrolar do processo da observação em relação a aula, trata-se de um momento de colaboração entre os professores, de modo a efectivar-se o objectivo da observação da aula (troca de experiencia entre os professores).

 

Frequência da observação de aulas

Neste domínio, pretendíamos entender dos entrevistados acerca da frequência da observação das aulas ao nível da instituição, e os depoimentos mostram que este processo acontece sim, mas de forma muito esporádica. O que significa que a observação de aulas acontece simplesmente com a intenção de cumprir simplesmente o planificado e não com o objectivo de permitir o aperfeiçoamento pedagógico entre os professores, visto que a observação de aulas acontece duas vezes ou uma vez por ano, tanto que existem indivíduos que nem observam e nem são observados durante anos, e estes indivíduos limitam-se no preenchimento das fichas de observação. Como muito bem já tínhamos referido na fundamentação teórica do presente artigo, Reis (2011) acredita que,

“A Frequência das observações deverá depender do nível de experiência e de desenvolvimento profissional dos professores em processo de supervisão: um professor em início de carreira necessitará de uma observação mais frequente (eventualmente, com periodicidade semanal) do que um professor em período probatório com vários anos de experiência noutra área disciplinar. Neste último caso, uma periodicidade mensal poderá ser uma opção. Contudo, esta decisão dependerá forçosamente dos níveis de conhecimento profissional, experiência e confiança de cada docente. As observações formais deverão ser espaçadas para que os professores consigam progredir entre cada sessão”.(p.26)

 

De modo a efectivar a observação de aulas, os professores em colaboração com o pessoal de direcção da escola, tem a obrigação de planificar as actividades de assistência de aulas, tendo em vista o nível de evolução pedagógica de cada professor em virtude das actividades em relação o processo de ensino e aprendizagem.

 

O contributo da observação de aulas na melhoria do desempenho do professor

A observação de aulas contribui na melhoria do desempenho dos professores na medida em que permite aos professores a troca experiencia. Para que a observação de aulas permita aos professores a melhoria do seu desempenho profissional, devem ser planificadas e orientadas de forma regrada, os professores com menos experiencia na área pedagógica ou na área de pesquisa, devem ter maior prioridade. Uma observação de aulas que visa a melhoria do desempenho do professor, é aquela que observa escrupulosamente os passos para o processo de observação de aulas. Antes do inicio da observação de aulas, os professores (o observador e o observado) de forma imperiosa, deve reunir para efeitos de planificação conjunta, identificação dos pontos a incidir a observação. De igual modo, depois do processo de observação, os professores reúnem para efeitos de conversação em relação o processo de observação da aula sucedida. Portanto, a observação de aulas contribui na melhoria do desempenho do professor, na medida em que ela permite a efectivação do processo de troca de impressões entre os professores, isto é, troca de experiência. Por intermédio da troca de experiência, os professores vão conhecendo diferentes princípios e procedimentos metodológicos a serem observados durante o exercício do processo de ensino e aprendizagem. O processo de ensino e aprendizagem é dinâmico, as acções do professor observavam as necessidades de cada aluno e de cada turma, estes factos fazem do PEA muito complexo, razão pela qual, a observação de aulas é sempre fundamental no processo de ensino e aprendizagem com o objectivo de permitir que os professores troquem as fórmulas de resolução de diferentes cenários problemáticos durante o processo. Nestes moldes, os professores acabam melhorando o seu desempenho, tanto o observador assim como o observado.

 

Referência bibliográfica

Alarcão, I. (2000), Escola Reflexiva e Supervisão. Uma escola em desenvolvimento e aprendizagem. Porto: Porto Editora.

Alarcão, I. (2007), Supervisão da Prática Pedagógica. Coimbra: Livraria Almedina

Reis, P. (2010). Análise e discussão de situações de docência. Colecção Situações de formação. Aveiro: Universidade de Aveiro. [Disponível em http://www.dgrhe.min-edu.pt/c/document_library/get_file?p_l_id=91012&folderId=22869&name=DLFE-50732.pdf].

Reis, P. (2011). Observação de Aulas e Avaliação do Desempenho Docente. Lisboa

McGreal, T. L. (1988). Evaluation for enhancing instruction: linking teacher evaluation and staff development. In S. J. Stanley e W. J. Popham (Eds.), Teacher evaluation: six prescriptions for success (pp. 1-29). Alexandria, VA: Association for Supervision and Curriculum Development.