"Na Tendência Liberal Tradicional é tarefa do professor fazer com que o aluno atinja a realização pessoal através de seu próprio esforço. O cultivo do intelecto é descontextualizado da realidade social com ênfase para o estudo dos clássicos e das biografias dos grandes mestres. A transmissão é feita a partir dos conteúdos acumulados historicamente pelo homem, num processo cumulativo, sem reconstrução ou questionamento. A aprendizagem se dá de forma receptiva, automática, sem que seja necessário acionar as habilidades mentais do aluno além da memorização". (ALVES, 2006)

Diante da afirmação de Alves, por muito tempo cultivou-se a ideia de que o professor deve facilitar a aprendizagem do aluno ao máximo. Segundo um conceito tradicional a criança não está apta a aprender o complexo mundo exterior, competindo ao adulto, o papel de definir o que a criança deve ou não aprender e principalmente como deve fazer.

Na escola não é diferente, uma vez que o ensino ainda encontra-se alienado a pedagogia tradicional, onde o conhecimento tem por finalidade facilitar a memorização por parte do aluno, sendo este o estágio máximo, que o aluno pode alcançar, segundo a lógica predestinada do professor. Nestas escolas a metodologia frequentemente se define nas aulas expositivas, seguindo uma sequência fixa, enfatizando a repetição de exercícios e exigindo a memorização do tema abordado. Em suma, nunca é considerado o que a criança aprende fora da escola. Os únicos recursos didáticos além do livro são o quadro e mais arcaicamente a cartilha que simbolizam de forma clara, a precariedade dessa fase ainda inclusa em várias escolas no século XXI.

Na concepção de Saviani (1988) a Pedagogia Tradicional é classificada como intelectualista, e às vezes como enciclopédica, pois os conteúdos são separados da experiência do aluno e das realidades sociais, o que vale é uma educação formalíssima e acrítica.

Neste contexto a avaliação obtida nas escolas tradicionais se traduz em: desenvolver no aluno o ato de reproduzir exatamente o que o professor lhe ensina, desenvolvendo assim um pensamento que compete ao professor não ao aluno. Consequentemente o professor só poderá ser considerado um bom professor se obtiver uma boa nota por parte dos alunos. Resumindo, a aprendizagem, o ensino tanto do aluno quanto do professor baseia-se no mero fato de decorar o que foi repassado. Neste sentido Vasconcelos (1995), afirma que:

"O aluno recebe tudo pronto, não problematiza, não é solicitado a fazer relação com aquilo que já conhece ou questionar a lógica interna do que esta recebendo e acaba se acomodando. A prática tradicional é caracterizada pelo ensino ?blá-blá-blante?, salivante, sem sentido para o educador, meramente transmissora, passiva, a - crítica, desvinculada da realidade, desconectada". (VASCONCELOS, 1995, p.21)

O que Vasconcelos afirma e exatamente o que ocorre na maioria das escolas públicas do Estado do Amapá. O ensino voltado para a repetição do conteúdo, sem que haja o interesse em aprender, utilizando o concreto. Quando se refere a concreto, pensasse num conhecimento sistematizado, onde o aluno aprenda com a realidade em sua volta, tornando a aprendizagem mais significativa para o aluno e facilitada para o educador. Uma vez que o professor aprende também com a realidade do aluno, e ultrapassa o paradigma de detentor único do saber, a passa à postura de pesquisador, que esta em processo contínuo na elaboração do processo de ensino-aprendizagem.
Todavia a pedagogia tradicional necessita de mudanças. A principal parte do pressuposto básico de que o ensino concebido pela maioria dos professores permanece na ilusão de que o educador é detentor único do saber, e o aluno uma máquina que apenas memoriza e repete um conhecimento pronto e acabado. A prática docente deve estar aliada ao saber teórico e prático que se apreende num curso superior. Libâneo (1994) da ênfase na necessidade do professor possuir uma formação pedagógica e acadêmica, como descreve a seguir:

"A formação profissional para o magistério requer, assim, uma sólida formação teórico-prática. Muitas pessoas acreditam que o desempenho satisfatório do professor na sala de aula depende da vocação natural ou somente da experiência prática, descartando-se a teoria. E verdade que muitos professores manifestam especial tendência e gosto pela profissão, assim como se sabe que mais tempo de experiência ajuda no desempenho profissional. Entretanto, o domínio das bases teórico - científicas e técnicas, e sua articulação com as exigências concretas do ensino, permitem maior segurança profissional, de modo que o docente ganha base para pensar sua prática e aprimore sempre mais a qualidade do seu trabalho". (LIBÂNEO, 1994, p.28).


Desse modo torna-se impossível que o professor não possua um referencial teórico que possibilite uma maior abordagem de conteúdo e melhor compreensão do aluno. De certo que as aulas não mais se tornaram tendenciosas muito menos irão cair na monotonia de filas, silêncio, quadro e giz, professor fala e o aluno escuta, o professor escreve e o aluno copia, o professor manda e o aluno obedece.

Na perspectiva de Libâneo (1994) historicamente a educação Liberal iniciou-se com a pedagogia tradicional, e, por razões de recomposição da hegemonia da burguesia, evoluiu para a pedagogia renovada (também denominada escola nova ou ativa), fato que não significa a substituição de uma pela outra, pois ambas conviveram e convivem na prática escolar.