O CONSUMISMO E SEUS REFLEXOS NA EDUCAÇÃO



10/09/2009





DÉBORAH ALCÂNTARA PRÓSPERI CARIDÁ
EVELYN CRISTINA DE ANDRADE DIAS
MARIA APARECIDA RODRIGUES








O CONSUMISMO E SEUS REFLEXOS NA EDUCAÇÃO












SÃO PAULO
2009

DÉBORAH ALCÂNTARA PRÓSPERI CARIDÁ
EVELYN CRISTINA DE ANDRADE DIAS
MARIA APARECIDA RODRIGUES







O CONSUMISMO E SEUS REFLEXOS NA EDUCAÇÃO




Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Claretiano para obtenção do título de especialista em: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA.
Orientador (a):
Profº (ª) Márcia Campos de Oliveira.




SÃO PAULO
2009
DÉBORAH ALCÂNTARA PRÓSPERI CARIDÁ
EVELYN CRISTINA DE ANDRADE DIAS
MARIA APARECIDA RODRIGUES


Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Claretiano para obtenção do título de especialista em Licenciatura em Pedagogia. Orientador (a): Prof.ª Márcia Campos de Oliveira.





O CONSUMISMO E SEUS REFLEXOS NA EDUCAÇÃO






Orientador (a): ____________________________________________________

Examinador (a): ___________________________________________________





São Paulo, ______ de ___________________________ de 2009.
CONSUMISMO E SEUS REFLEXOS NA EDUCAÇÃO

"A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores inventores, descobridores.
A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe."
Jean Piaget

RESUMO

Este texto tem como objetivo indagar e entender as influências do consumismo na infância e na juventude e suas conseqüências na vida escolar. Foram utilizados autores de diferentes linhas de pensamento, mas que definiram o capitalismo neoliberal e o consumismo como a espinha dorsal de suas análises. A proposta foi entender como esse mecanismo consumista interfere no ambiente dos educadores e dos educandos e, também, os novos desafios enfrentados pelo sistema educacional nesse panorama. Colocou-se como proposta para superação dessa realidade a luta pela resistência à destruição emocional de crianças e jovens, mediante a união das famílias e das escolas, aí incluídos os alunos, com vistas à conquista de conhecimentos e elaboração de instrumentos que permitam auxiliar os educandos na aquisição de uma consciência mais clara sobre o funcionamento da sociedade, desvendando para eles os valores éticos, de partilha e de aceitação da diversidade humana.

Palavras Chaves: educação, mídia, consumismo, neoliberalismo, infância, juventude.


INTRODUÇÃO

A expressão Sociedade de Consumo designa uma sociedade característica do mundo desenvolvido, em que a oferta geralmente excede a procura, os produtos são normalizados e os padrões de consumo estão massificados. O surgimento da sociedade de consumo decorre diretamente do desenvolvimento industrial, que a partir de certa altura, e pela primeira vez em milênios de história, levou a que se tornasse mais difícil vender os produtos e serviços do que fabricá-los. Este excesso de oferta, aliado a uma enorme profusão de bens colocados no mercado, motivou não somente o desenvolvimento de estratégias de marketing extremamente agressivas e sedutoras, como também as facilidades de crédito quer das empresas industriais e de distribuição, quer do sistema financeiro.
Dentre as principais características da sociedade de consumo, citam-se como principais as seguintes:
? Os padrões de consumo estão massificados e o consumo assume as características de consumo de massas, em que se consome o que está na moda apenas como forma de integração social.
? Existe uma tendência para o consumismo.
Consumismo, conceituado como um tipo de consumo impulsivo e descontrolado, é o ato de adquirir bens sem necessidade e consciência. É compulsivo, descontrolado e influenciado pelo marketing das empresas. É também uma característica do capitalismo e da sociedade moderna rotulada como "sociedade de consumo".
O consumismo tem origens emocionais, sociais e psicológicas, que levam as pessoas a gastar mais do que podem na busca de suprir a indiferença social, a falta de recursos financeiros, a baixa auto-estima, a perturbação emocional e outros.
As agências de publicidade, criadas para agilizar a comercialização dos produtos, pouco se importam com a formação crítica do consumidor, nem lhe dão a oportunidade de distinguir o necessário do supérfluo. Utilizam os serviços de psicólogos e sociólogos para analisar os motivos conscientes e inconscientes que determinam o comportamento dos consumidores.
Esses estudos proporcionam à agência a "chave" necessária para manipular o consumidor, oferecendo, junto com o produto anunciado, a solução para todos os seus problemas subjetivos (COELHO, 2002).

Nesse contexto, as agências, cujo papel foi ampliado a partir do aperfeiçoamento dos meios de comunicação, detectaram, mediante pesquisas, que as crianças e os jovens eram responsáveis por expressiva porcentagem do consumo nas famílias.
Neste trabalho, procurou-se refletir sobre como as crianças e os jovens são influenciados por essa torrente de estímulos para consumir e como isso se reflete no ambiente escolar. Na medida em que esse público assume como seus os valores e o prestígio de certos produtos, procedeu-se a uma reflexão sobre como esse processo leva à formação de turmas elitizadas e à exclusão daqueles que não possuem a senha para pertencerem àqueles grupos.
Abordou-se também a tendência de as famílias, desorientadas diante das exigências cada vez maiores das crianças e dos jovens, quererem transferir para as escolas suas responsabilidades de colocar limites, de educar seus filhos e a impossibilidade de o sistema educacional assimilar essas árduas e complexas tarefas, sem que sejam reformadas as estruturas que dão suporte aos estabelecimentos de ensino e aos profissionais que militam na área da educação.
Procurou-se, por fim, sugerir caminhos, baseados nos autores estudados, que permitam às famílias e aos responsáveis pela educação no ambiente escolar unirem esforços para adquirirem conhecimentos que levem ao crescimento de ambos os lados, na tentativa de equacionar uma situação que, em última instância, é fruto de uma sociedade voltada para o consumo, uma vez que se vive em nosso país a forma mais contundente do sistema capitalista, o capitalismo neoliberal.






















DESENVOLVIMENTO

O sistema capitalista tem por fundamento o consumo e, nesse cenário, a troca de mercadorias é imprescindível, mas limitada. Uma das formas de correção dessa limitação consiste na criação de necessidades e, para que o capital continue a circular, novos consumidores precisam ser seduzidos. Essa ?fome? de girar o capital tem como consequência a introdução cada vez maior da infância e da juventude no mundo do consumo.
Vive-se, além de tudo, numa sociedade consumista na qual a mínima possibilidade de sentido fugaz encontra-se na posse, mesmo que circunstancial, de objetos que são anunciados como portadores do segredo da felicidade. Crianças bem pequenas perderam a capacidade de brincar sozinhas com um maravilhoso universo imaginativo e abstrato, no qual nada material precisava adentrar; agora elas têm "necessidades" inseridas nelas pela nossa inteligência adulta e veiculadas por uma mídia que nem sempre se preocupa com o papel formador que desempenha. (CORTELLA, 2008, p. 41).

Hoje em dia, nos grupos familiares, geralmente o casal trabalha fora e possui igual responsabilidade no sustento da casa; não existe alternativa, então, a não ser colocar as crianças cada vez mais cedo nas escolas de educação infantil. Estas escolas, em sua maioria, são adaptadas em pequenos sobrados onde os alunos não têm espaço suficiente para brincar, o que contribui para iniciar, precocemente, o aprendizado de disciplinas nem sempre adequadas ao nível de desenvolvimento da criança. Esse aprendizado muitas vezes inclui cursos de computação ou de outros idiomas, capacitando o aluno para o manejo de equipamentos tecnológicos, mas roubando dele o tempo que teria para desenvolver atividades lúdicas. Os professores, como receptores dos programas das escolas em que trabalham, devem incorporar essa dubiedade entre o ensino pedagógico adequado à faixa etária da criança e as necessidades de adaptações das escolas na sociedade atual.
Os pais, para tentar compensar os filhos pela ausência, abastecem essas crianças com pertences midiáticos pensando solucionar a sensação do não-cuidar. Embora a ausência seja motivada pelo trabalho, os pais se sentem culpados por não poderem dar suficiente atenção aos filhos.
No entanto, ser criança hoje não deixou de ser criança! Em casa, não deixamos de ter a televisão, mas agora muitos a colocam em todos os cômodos das casas, com TVs por assinatura com desenhos vinte e quatro horas do dia.
O computador não é mais familiar, uma vez que cada membro da família, desde muito pequeno, tem o seu, com internet e acesso total. As refeições não são feitas com todos à mesa, mas esquentada no forno de microondas na hora que cada um sentir fome. Temos a família, temos amigos, temos escolas, temos professores, temos sorvete, bala, picolé. Temos as canções de ninar, temos o colo na hora do choro, temos a manha, temos o choro, e ao mesmo tempo pais exaustos, sem ter tempo ou disposição para dar atenção aos filhos. E a criança acaba na solidão, com a sensação de ter e não ser.
A união de afeto, diversão e educação, e reservar para essas crianças atenção e carinho são as medidas necessárias que devem ser tomadas para que possamos tentar reverter esse apelo da mídia e ajudar essas crianças a crescer como seres pensantes e críticos com relação às suas atitudes e perante a sociedade na qual estão inseridos. Cabe a nós adultos a preservação da infância. È muito importante a valorização da educação familiar na formação do ser. Hoje em dia a criança necessita ter para poder ser, e essa estrutura faz com ela não consiga desenvolver sua personalidade para estar inserida em outras realidades que venha a conhecer. Ela só poderá viver dentro dos padrões que reconhecer como iguais aos que já vivenciou. É necessário que a criança aprenda viver em grupo, aprenda a dividir, a perder, a ganhar, para construir a sua própria identidade. Dessa forma, quando vierem os apelos externos, não constituirão uma referência tão marcante. E quem sabe assim não estaremos construindo crianças com pensamentos moldados pela mídia e possamos colocar as crianças na escola simplesmente para aprender e não para disputar, exibir, competir.
Atualmente, é muito comum que as crianças, desde muito pequenas, quando vão pela primeira vez à escola, já "precisem" ter a lancheira da Barbie, o estojo das meninas poderosas e o tênis da Nike, isso sem falar nas crianças pertencentes às classes mais privilegiadas, que desde cedo conhecem todas as grifes infantis e seus símbolos de poder. Essas pseudo-necessidades se estendem inclusive à alimentação, estando o gosto dos salgadinhos e do hambúrguer já enraizado em seus paladares.
Os pais acabam tornando-se reféns dessa situação e, para satisfazer seus próprios egos, uma vez que também são seduzidos pelo mundo do consumo, esforçam-se para satisfazer os desejos de seus filhos, às vezes com prejuízo até de outras necessidades que seriam prioritárias.
No entanto, sentem-se impotentes diante dos apelos da mídia e da força dos comerciais, para controlar a "fome insaciável" de consumo das crianças, exigindo da escola que assuma um papel que transcende seus objetivos pedagógicos, impondo-lhe a carga de resolver problemas os quais deveriam ser responsabilidade exclusiva da família.
Os adolescentes, por sua vez, confundem-se com as marcas e logotipos do seu vestuário e dos seus pertences, os quais lhes conferem a autoconfiança e a segurança de que tanto necessitam nessa fase da vida. Tornam-se agressivos ou deprimidos e os pais tendem a culpar as escolas, apoiando-se nos professores e nos orientadores educacionais para que eduquem seus filhos, não no sentido de lhes oferecerem uma formação intelectual esmerada, mas para que controlem seus vícios, suas dificuldades sociais e psicológicas.
Na maioria das sociedades ocidentais essa dubiedade sobre quem realmente é responsável pela educação de crianças e jovens é uma constante. Responsabilidades, antes assumidas pelas famílias, relativas à transmissão de valores morais, religiosos ou mesmo cívicos para seus membros, as quais se dedicavam a esses ensinamentos ou valiam-se da religião ou de outros meios para tanto, hoje, são transferidas para a escola, mesmo porque a convivência com os filhos está cada vez mais restrita em qualidade e quantidade.
[...] Por isso, quando nos aproximamos do inicio do ano letivo, não são só as aulas que chegam; na prática, é a entrada ou reentrada da nossa infância e adolescência no território que se supõe seja o mais adequado para elas estarem ("em vez de ficarem nas ruas ou shoppings"). Há, assim, uma crescente sacralização do espaço escolar como sendo um lugar de proteção, formação, salvação e, por conseqüência, uma maior responsabilização das educadoras e dos educadores na guarida das gerações vindouras; no entanto, essa responsabilização beira a culpabilização, como se a escola e os profissionais nela presentes tivessem, isoladamente, o exclusivo dever de dar conta de toda a complexidade presente na educação da juventude (CORTELLA, 2008, p. 47 e 48).

Nas escolas, em contato com outras crianças, o estímulo consumista é reforçado pelo reflexo dos pais, alimentado por uma mídia voltada para o aumento do consumo entre os jovens, assim podendo ampliar o raio de alcance da circulação de capital; para isso, os materiais publicitários da mídia criam símbolos na esteia das criações de necessidades.
Segundo FREI BETTO, em seu artigo "Consumo, logo existo":
O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão. (FREI BETTO, 2005)

Na mesma linha, argumenta Ana Olmos:
E, ainda, a internalização de um "natural" (ainda que arbitrário) da ordem, está ligada ao fato de que a criança estrutura sua percepção dentro dos modelos que ela tenha como referência para internalizar. Conforme tão bem expressa Nestor Canclini (1997), "uma ordem despótica se sustenta quando constrói o seu espelho na subjetividade". (OLMOS, 2009)

E, ainda, citando FREI BETTO, 2005:
[...] a roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz à assinatura de um famoso estilista a Gata Borralheira transforma-se em Cinderela. Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder.
Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade. Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela, mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc. Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não são mais mediadas pelas pessoas. "Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira".

O apelo midiático é avassalador, estando excluída dos círculos de amizades a criança desprovida desse sentimento de poder. Quando os próprios pais incentivam o consumo, incentivam também a competição, a idolatria por símbolos desnecessários para a formação de seu filho. No entanto, deve-se lembrar que essas novas gerações de pais também foram formadas para o consumo e querem os filhos enxergando pelas suas óticas.
Laís Fontenelle Pereira, em seu artigo na Folha de S. Paulo, em 22 de outubro de 2007, relembra antigas campanhas publicitárias e como estas interferiram em gerações:
"NÃO ESQUEÇA a minha Caloi". "Compre Batom". "Danonino vale mais do que um bifinho"... Não é de hoje que os apelos publicitários interferem na formação de nossos filhos. No Dia das Crianças nos sentimos compelidos a refletir. Que infância estamos construindo? As crianças sumiram das ruas, das praças e dos colos e se refugiaram nos shoppings ou nas telas.

"Filho, você comeu direito?". "Não esqueça o casaco!". "Só mais uma história." "Já sei andar de bicicleta sem rodinhas!" Onde estão essas palavras? Está cada vez mais difícil escutar o riso das crianças, assim como suas verdadeiras necessidades. Vivemos imersos em imagens e sons que nos atravessam sem nos pedir permissão. A palavra foi substituída pela imagem. A coleção, pela aquisição. A atenção, pelo presente. O medo do lobo mau, pelo medo da realidade. O abraço, pelo objeto.

O desejo, pela necessidade, e a criança, pelo consumidor - antes mesmo de se tornar cidadã. O ter prevalece sobre o ser. Esse é o tempo do consumo e da descartabilidade (PEREIRA, 2007).

Mediante campanhas pesadas, o capital irá corromper a infância, induzindo seu público a manifestações de posse e poder, criando armadilhas chamativas para o consumo e dando características de hierarquia ao grupo, mostrando assim as benesses do indivíduo portador de bens materiais, sendo uma luta de classes em pequena escala.
Parece até que uma nova e tácita norma social despontou: fica proibido manifestar admiração exagerada ou rejeição camuflada pela existência de produtos resultantes das robustas vitórias da racionalidade técnica e mercantil. Se, até a pouco, o pedantismo consumista se encarnava na posse de bens diferenciais ("eu tenho isto e você não tem: então, sou melhor que você"), agora, mudou o foco. A superioridade daqueles que já tem tudo se expressa não mais na posse de um objeto, mas, antes, na simulação de que tal objeto é familiar e, mais ainda, de uso corriqueiro no dia a dia. Afinal, surpreender-se com a invenção de algo ("você ainda não conhece?") seria indício de desatualização informativa; já a rejeição do uso ("você ainda não utiliza?") sinalizaria arcaísmo mental e uma senil pré-modernidade (CORTELLA, 2008, p. 16).
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Esse bombardeio da mídia sobre as crianças começa muito cedo, quando se submetem à enxurrada de publicidades embutidas em seu mundo infantil, nas constantes chamadas feitas pelos apresentadores de programas "infantis". Essa infância passa a consumir todo esse produto enlatado televisivo, bem como o material sedutor vinculado por essa mídia.
É preciso, porém, observar um fenômeno que explodiu nos últimos vinte anos: uma criança dos centros urbanos, a partir dos dois anos de idade, assiste, em média, três horas diária de televisão, o que resulta em mais de mil horas como expectadora durante um ano (sem contar as outras mídias eletrônicas como rádio, cinema e computador); ao chegar aos sete anos, idade escolar obrigatória, ela já assistiu a mais de cinco mil horas de programação televisiva.
Vamos enfatizar: uma criança, no dia em que entrar no ensino fundamental, pisará nas escolas já tendo sido expectador de mais de cinco mil horas de televisão (CORTELLA, 2008, p. 48).

A tempestade midiática encurta a infância, na medida em que possui estratégias muito bem elaboradas para seduzir e angariar seu público, conclamando esse público através de imagens de fácil compreensão e aceitação e na busca de interesse subjetivos. Apresenta seus apelos de forma didática e sucinta e, assim, o público infanto-juvenil não precisa esforçar-se para aprender.
Podemos concluir, então, que a televisão destrói a linha divisória entre infância e idade adulta de três maneiras, todas relacionadas à sua acessibilidade indiferenciada: primeiro, porque não requer treinamento para apreender sua forma; segundo porque não faz exigências complexas nem à mente nem ao comportamento, e terceiro porque não segrega seu público. Com a ajuda de outros meios eletrônicos não impressos, a televisão recria as condições de comunicação que existiam nos séculos quatorze e quinze. Biologicamente estamos todos equipados para ver e interpretar imagens e ouvir a linguagem que se torna necessária para contextualizar a maioria dessas imagens. O novo ambiente midiático que está surgindo fornece a todos, simultaneamente, a mesma informação. Dadas as condições que acabo de descrever, a mídia eletrônica acha impossível reter quaisquer segredos. Sem segredos, evidentemente, não pode haver uma coisa como infância (POSTMAN, 1994, p. 94).

Com toda essa explosão de consumo, a sociedade cada vez mais internaliza um mundo individualista e imediato: as coisas não possuem mais um tempo certo ou um determinado começo e fim. Esse imediatismo na velocidade da luz, via Internet, Ipod e Mp7, está conduzindo crianças e jovens ao atemporal, ao insólito, a não-moralidade a respeito das construções dos objetos. Os desejos são rápidos e limitados, o meu desejo de ontem já não é meu desejo de hoje, minha namorada de ontem já não é minha namorada de hoje.
Vai demorar pra ficar pronto? Vou demorar para aprender isso? A conexão é demorada? A leitura desse livro é demorada? A visita ao museu é demorada? O culto é demorado? A aprender a tocar é demorada? Aprender a tocar esse instrumento é demorado? Cuidar do corpo é demorado? Demora para sair a comida? Então não posso querer (CORTELLA, 2008, p. 20).

Esse imediatismo está nos levando a passos largos para a pós-modernidade, em que os desejos e os deveres acabam por realizar-se em um instante. O que resta é a alienação em estágio puro, a alienação reconfortante. Uma sociedade pronta e fugaz, em que até a alimentação segue a "funcionalidade" da modernidade.
Embora esta seja uma das maiores fontes de prazer e convivências para nossa espécie querem que eu o tempo todo em vez de ser opção eventual, procure um tipo de comida em função da qual não precise pensar muito para selecionar ? posso numerá-la no lugar de nomeá-la ? e, claro, não espere além de um minuto para recebê-la.
Ademais essa comida deve ter uma consistência que permita dispensar o trabalho de mastigar muito, podendo comê-la com as mãos após ser tirada do interior de um saco de papel (CORTELLA, 2008, p. 20, 21).

As famílias muitas vezes possuem conhecimentos sobre o tipo de educação que pretendem dar aos seus filhos; no entanto, a sociedade pós-moderna cria dificuldades, impondo-lhes novas atribuições, de modo que os ideais da família não interessam mais, o imediatismo fugaz invade e domina a mente de crianças e jovens.
A tudo isso se dá um ar de fatalidade que indica a crença na impossibilidade de alterar essa rota coletiva; por isso, as novas gerações começam a acreditar no mais ameaçador perigo para a convivência gregária e a solidariedade: o individualismo exacerbado. A regra passa a ser uma exaltação descontextualizada do carpe diem, escrito por Horácio nas suas Odes; deixa de ser um "aproveita o dia", entendido pelo poeta latino como sinal de equilíbrio e virtude moderadora, e passa a ser um "curta tudo o que puder, no menor tempo possível, pois só há um horizonte: a vida é breve e sem sentido e nada mais nos resta a não ser o momento"...

Não é casual que haja um aumento desproporcional de jovens (cada vez com menos idade) que desvalorizam a vida, começando pelo desprezo pela própria integridade física e mental; são vítimas fáceis das drogas fatais e do álcool sem medida, proporcionadores de felicidade (ou de fuga) momentânea. Claro, desse modo, sem futuro, o presente fica insuportável; o grande Dostoievski escreveu em O Idiota que "não foi quando descobriu a América, mas quando estava prestes a descobri-la que Colombo se sentiu feliz".

Vive-se, além de tudo numa sociedade consumista, na qual a mínima possibilidade de sentido fugaz encontra-se na posse, mesmo que circunstancial, de objetos que são anunciados como sendo os portadores dos segredos da felicidade (CORTELLA, 2008, p. 40, 41).

Os professores hoje enfrentam a árdua tarefa de desenvolver novos rumos e métodos para esse novo aluno, mais informado e mais científico, porém muito menos maduro. Essa bagagem, intrínseca à criança, constitui um novo desafio para o educador.
É claro que isso obriga também aos que lidam com educação escolar a rever os objetivos e a metodologia de trabalho; afinal, crianças pequenas não chegam mais à escola sem alguma base de conhecimento e informação científica e social, dado que têm outras fontes de cultura no cotidiano. Entretanto essa constatação não desobriga a mídia a pensar e repensar o seu papel social: valores discricionários, erotização precoce, consumismo desvairado, competição e não cooperação, individualismo etc. podem estar sendo "ensinados" sem que os na mídia envolvidos dêem conta disso (CORTELLA, 2008, p. 49).

Com todo esse novo mundo, pode-se vislumbrar esse novo espetáculo da educação e os limites do educador para essa tarefa de reeducar, de refazer seu papel na sociedade.
Dessa forma, deixa claro que o ensino não depende exclusivamente do professor, assim como aprendizagem não é algo apenas de aluno. "Não há docência sem discência, as duas se explicam, e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender." (FREIRE, 1998, p. 25)

O professor, nessa nova tarefa, visa transformar sua própria realidade e sua antiga constância, as limitações colocadas abaixo por métodos regulados a essa expectativa educacional. O professor precisará buscar conceitos reais com os objetivos e deverá iluminar através de escolhas certas feitas por pensamentos certos.
O professor que pensa certo, deixa transparecer aos educando que uma das bonitezas de nossa maneira de estar no mundo e com o mundo, como seres históricos, é a capacidade de, intervindo no mundo, conhecer o mundo (...). Ensinar, aprender e pesquisar lidam com dois momentos: o em que se aprende o conhecimento já existente e o em que se trabalha a produção do conhecimento ainda não existente (FREIRE, 1998, p.31).

O consumo invade as salas de aula, diante dos professores e com apoio dos pais, repetindo na escola clones modelos da sociedade capitalista, dominada pelo consumismo. Essa realidade motiva a escola para, muitas vezes, realizar festas dos dias dos pais, dias das mães, dias das avós, Páscoa ou qualquer festa com teor "vá às compras". Com isso a escola, por tradição, oficializa o mercantilismo escolar, camuflado por uma aura de nostalgia e respeito pelos objetos "homenageados", instituindo o ensino de uma nova disciplina nos estabelecimentos educacionais, a disciplina do consumo.
Os educadores precisam intervir nesse mundo, conhecer essa expectativa, aceitar o risco de pesquisar o novo.
Nesse panorama, em que o capitalismo elevado ao seu ápice, denominado neoliberal, a educação, muitas vezes submetida a políticas planejadas para fortalecer o sistema capitalista, na opinião de alguns estudiosos, carece de solução que venha a "quebrar" esse viés ideológico e alienador.
A importância que adquirem, nessa nova realidade mundial, a ciência e a inovação tecnológica, tem levado os estudiosos a denominarem a sociedade de hoje, sociedade do conhecimento, sociedade técnica informacional ou sociedade tecnológica. Isso significa que o conhecimento, o saber e a ciência adquirem um papel muito mais destacado que anteriormente. Hoje as pessoas aprendem na fábrica, na televisão, na rua, nos centros de informação, nos vídeos, no computador e, cada vez mais, vão se ampliando os espaços de aprendizagem (LIBÂNEO e OLIVEIRA, 1998, p. 598-599).

Essa centralidade se dá porque educação e conhecimento passam a ser, do ponto de vista do capitalismo globalizado, força motriz e eixos da transformação produtiva e do desenvolvimento econômico. São, portanto, bens econômicos necessários à transformação da produção, ao aumento do potencial científico e tecnológico e ao aumento do lucro e do poder de competição num mercado de concorrências que se quer livre e globalizado pelos defensores do neoliberalismo. Torna-se clara, portanto, a conexão estabelecida entre educação/conhecimento e desenvolvimento/desempenho econômico. A educação é, portanto, um problema econômico na visão neoliberal, já que é o elemento central desse novo padrão de desenvolvimento. (LIBÂNEO e OLIVEIRA, 1998, p. 602).

O professor tem que liberar o aluno desse condicionamento, estimulá-lo a pensar criticamente, fazer com que ele se aproprie de sua liberdade para elaborar seus próprios pensamentos. Cabe ao professor contribuir para esse desenvolvimento do aluno, propondo-lhe estratégias que rompam com a alienação impetrada pelo consumismo, o que o deixa corrompido pela futilidade e pelo imediatismo.
Faz-se necessário, portanto, que se proporcionem momentos para experiências, para buscas. O professor precisa estar disposto a ouvir, a dialogar, a fazer de suas aulas momentos de liberdade para falar, debater e ser aberto para compreender o querer de seus alunos. Para tanto, é preciso querer bem, gostar do trabalho e do educando. Não com um gostar ou um querer bem ingênuo, que permite atitudes erradas e não impõe limites, ou que sente pena da situação de menos experiente do aluno, ou ainda que deixa tudo como está que o tempo resolve, mas um querer bem pelo ser humano em desenvolvimento que está ao seu lado, a ponto de dedicar-se, de doar-se e de trocar experiências, e um gostar de aprender e de incentivar a aprendizagem, um sentir prazer em ver o aluno descobrindo o conhecimento. É digna de nota a capacidade que tem a experiência pedagógica para despertar, estimular e desenvolver em nós o gosto de querer bem e gosto da alegria sem a qual a prática educativa perde o sentido. É esta força misteriosa, às vezes chamada vocação, que explica a quase devoção com que a grande maioria do magistério nele permanece apesar da imoralidade dos salários. E não apenas permanece, mas cumpre como pode seu dever (FREIRE, 1998, p. 161).

Esta nas mãos dos alunos e professores essa resistência e derrota do insuperável, o poder de persuasão do sistema, via mídia e desembocando em nossos jovens.
A presença do sujeito no mundo não é neutra, implica na possível escolha e decisão, no exercício da cidadania como competência fundamental. É na condição de seres transformadores que percebemos que a nossa possibilidade de nos adaptar não esgota em nós o nosso estar no mundo (FREIRE, 1998, p.33).

Conforme Freire (1998), a educação libertadora passou a inspirar novos conceitos que orientam uma nova sociedade baseada nos princípios de liberdade, de participação e de busca pela autonomia.
A educação deve, então, ser uma resistência a esse estado de coisas, sobre todos os aspectos e lançar a semente que germinará as ferramentas do alvorecer de um novo paradigma na educação.
Temos hoje um razoável consenso: os tempos estão terríveis, difíceis, complicados; partilhamos uma época de grande intranqüilidade espiritual, de inúmeros padecimentos físicos, de infindos distúrbios existenciais, de profundos dilemas morais. Cabe, porém uma questão: alguma vez não foi assim? Levando em conta que todo e cada ser humano sempre viveu na era contemporânea, em qual delas não teria valido, então, o alerta de Guimarães Rosa de que "viver é muito perigoso"?
No entanto, resistimos! A esperança é um principio vital, expresso na sábia e verdadeira constatação comum de que "enquanto há vida há esperança"; mesmo face às mais (aparentemente ) intransponíveis circunstâncias, achamos possível ser de outro modo, inventamos e reinventamos alternativas recusamos a possibilidade de as realidades nos dominarem, e , sem cessar, sonhamos com o mais e o melhor. Em princípio, comparado a outro animal, as memórias das inevitáveis e sofridas (mas não exclusivas) experiências cotidianas deveriam nos deixar como legado o medo da repetição, o temor cauteloso pelo retorno da sensação ruim e, até, um impulso em direção ao desalento. Contudo de novo, resistimos! (CORTELLA, 2008, p. 67, 68)

















CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo, procurou-se analisar como o sistema capitalista na fase neoliberal tem na sua base a reprodução do capital e, para tanto, não abre mão de explorar todos os caminhos possíveis, mesmo que esses caminham conduzam à deterioração social, no que respeita aos valores éticos humanos.
Sendo assim, explora ao máximo a ampliação de mercados e, através de uma massacrante máquina de propaganda, consegue atrair a atenção dos jovens e das crianças, os quais se encontram vulneráveis, uma vez que já internalizaram incontáveis horas de informação televisiva e de outras mídias, estas nem um pouco preocupadas com o papel formador que deveriam desempenhar.
O resultado desse processo é o desenvolvimento de gerações alienadas e atemporais, com um material de aprendizado (não-escolar) totalmente vago que os transforma, praticamente, em "zumbis da moda e do consumo".
Essa infância e juventude, consumista e alienada, embora com razoável bagagem de conhecimentos tecnológicos, gera reflexos no espaço escolar e, através de grupos hierarquizados, cria elites e excluídos, reproduzindo no ambiente escolar um universo clone do mundo de seus pais, em que o poder de compra define o valor dos indivíduos.
Nesse contexto, os responsáveis pelo sistema educacional deverão empenhar-se na busca de soluções e de métodos educacionais com vistas a alcançar esse público, com conhecimento das causas que levaram as crianças e os jovens a internalizar um comportamento massificado, que os leva a assumir atitudes preconceituosas e discriminatórias, desprovidas de sentimentos verdadeiros. É necessário que os que elaboram os planos e reformas educacionais tenham consciência de que o desejo por um tênis de marca famosa ou por uma boneca da moda, além do hábito de excluir quem não possui esses símbolos de poder foram introjetados por crianças e jovens a partir de elementos externos, que escapam ao seu controle.
No que diz respeito aos professores, diretores e orientadores das escolas, não serão capazes de reverter essa intrincada e complexa realidade, sem diretrizes firmes e esclarecidas, que lhes forneçam o necessário suporte para desenvolverem seu trabalho. Planos de carreira, salários decentes e projetos para atualizações curriculares conferirão aos responsáveis pelas escolas dignidade e respeito, uma vez que eles mesmos já fazem parte do bloco dos marginalizados, realidade que a maioria dos alunos conhece e despreza.
Com relação aos educandos, são as vítimas de uma sociedade que valoriza o ter em detrimento do ser, que endeusa os ícones construídos pela mídia e cujos valores são construídos e difundidos de modo a manter a engrenagem da produção e do consumo.
As pessoas misturaram-se com os objetos de desejo, transformaram-se em coisas também e se orgulham de servir como "outdoors" de marcas famosa, exibindo em seu vestuário as logomarcas que dão prestígio e que constituem passaporte para os grupos dos eleitos.
Transferir para as escolas a responsabilidade de mudar esse cenário não é justo nem possível. Os pais sozinhos também não serão capazes de orientar seus filhos, propiciando-lhes condições para que desenvolvam atitudes permeadas pela ética e que consigam ter um olhar crítico, que lhes permita enxergar os verdadeiros valores da vida e da educação.
Seria necessário que houvesse crescimento de ambos os grupos ? famílias e escolas, aí incluídos os alunos -, para que juntos discutissem essa realidade e pudessem, pouco a pouco, compreender os objetivos da educação para que o educando possa intervir no mundo e o sentido de possuir idéias próprias e críticas, sem que essas atitudes de seus filhos lhes fizessem sentir ameaçados e inseguros. É claro que isso dependeria de uma política educacional voltada para os mesmos fins e que os dirigentes também acreditassem no valor do desenvolvimento emocional e intelectual, como valioso instrumento para transformação do mundo.
Nesse contexto, porque e como ter esperança de que dias melhores virão? Frei Betto e Mario Sergio Cortella nos apresentam sendas e clareiras sobre o assunto.
Um caminho: se você quer ter perspectiva de futuro, conheça o passado ? analise sua história pessoal, a história de sua família de seu país. Uma clareira: na realidade massacrante em que estamos imersos, na qual imperam o consumo, o individualismo e a fugacidade, revolucionário é aquele que se mantém fiel a si mesmo, que tem a noção de pertencimento a um grupo, que é capaz de ser solidário.

Em suma: é preciso resgatar o sentido original da expressão ser humano e fazer jus a ela em nossas ações, no cotidiano. Uma luta silenciosa (e que pode até ser lírica), mas que certamente requer o uso de toda a nossa capacidade de ter esperança. (FREI BETTO E CORTELLA, 2007).


















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 CANCLINI, Néstor Garcia. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro, UFRJ. 1997.
 COELHO, Maria de Lourdes.(2002) Consumo e espaços pedagógicos. São Paulo, Cortez.
 CORTELLA, Mario Sergio. (2008) Não nascemos prontos!: Provocações filosóficas. 7ª. Ed., Petrópolis: Vozes.
 FREI BETTO; CORTELLA, Mario Sergio. (2002) Sobre a esperança: diálogo. Campinas, Papirus. (Debates)
 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 7ª. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1998. 165 p. (Coleção Leitura).
 OLIVEIRA, J.F., LIBÂNEO, J.C. (1998) A educação escolar: sociedade contemporânea. In: Revista Fragmentos de Cultura, v. 8, n.3, p.597-612. Goiânia: IFITEG, 1998.
 POSTMAN, Neil. (1999) O desaparecimento da infância. Graphia, Rio de Janeiro.
 FREI BETTO. (2006) Consumo, logo existo. Disponível em: http://www.adital.com.br/site/noticia2.asp?lang=PT&cod=24552 Acesso em: 03 set.2009, as 23:45.
 PEREIRA, Laís Fontenelle. Que infância estamos construindo? Folha de São Paulo, São Paulo, 12 out. 2007. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1210200709.htm. Acesso em: 03 set.2009, as 22:00 hrs.