Introdução

O objetivo deste trabalho é o de realizar um extrato do que foi descoberto pela humanidade em termos de conhecimento, bem como traçar um perfil das cidades no período compreendido entre os séculos XI e XIII, especificamente no período onde foram empreendidas as cruzadas, não focando a idade média alta (de 476 a 1000) ou baixa (séc XI ao XIII) em si, independentemente também da interpretação do período na visão inglesa ou francesa (Jacques Le Goff e Geroges Duby).
O CONHECIMENTO ENTRE 1096 E 1270

As "Cruzadas" foram organizadas entre 1096 a 1270.
Foram expedições militares-religiosas.
As cruzadas apresentam-se como um contra-ataque da Europa Cristã ao cerco Muçulmano existente desde o séc VIII. Serviram também como alivio ao problema demográfico que poderia explodir o sistema feudal. Para a igreja, significou a expansão da fé.
Ainda no aspecto religioso, como guerra santa, esta era focada na idéia de os cristãos retomarem a Terra Santa (Jerusalém). No aspecto (militar) dos Cavaleiros, sua fé religiosa tinha dois lados, o lucro dos saques, e as batalhas sangrentas.
Eventos;
Cruzadas dos Mendigos (1096) -extra-oficial- comanda por Pedro o Eremita, e Gautier sem-vintém. Terminou massacrada pelos Turcos.
Primeira Cruzada (1096-1099) ? Comandada por Godofredo de Bulhão e Raimundo de Toulouse e Boemundo. Teve sucesso e reconquistado Jerusalém, em 1099, possibilitando a criação de ordens monásticas como a dos Templários e Hospitalários.
Segunda Cruzada (1147-1149) ? após a reocupação Turca, foi organizada por São Bernardo e liderada por Luís VII (França) e Conrado III (Sacro Império). Não atingiu seus objetivos.
Terceira Cruzada (1189-1192) ? Cruzada dos Reis. Liderada por Ricardo Coração de Leão (Inglaterra), Felipe Augusto (França), e Frederico I "o barba-roxa" (S.I.). Frederico morreu, Filipe voltou a França e Ricardo fez um acordo com Rei Saladino, permitindo a peregrinação cristã a Jerusalém.
Quarta Cruzada (1202-1204) ? Cruzada Comercial. Foi desviada de seu objetivo pelo Duque de Veneza, e levou os cristãos a saquear Zara e Constantinopla, fundando o reino Latino de Constantinopla que durou até 1261. Veneza assumiu o controle do Mediterrâneo, restabelecendo o comércio entre Oriente e Ocidente.
Cruzadas das crianças ? extra-oficial. Baseada na crença que apenas almas puras poderiam libertar Jerusalém, apesar da oposição do Papa Inocêncio III, foi levada a cabo, vindo as crianças a serem vendidas como escravas no norte da África.
Quinta Cruzada (1218-1221) ? Liderada por André II, da Hungria, contra o Egito. Falhou.
Sexta Cruzada (1228-1229) ? realizada por Frederico II (S.I.), resultou em acordos diplomáticos com os Turcos.
Sétima e Oitava Cruzadas (1250-1270) ? Comandadas por Luis IX, posteriormente canonizado como São Luis. Atacou o Egito sem sucesso.

No rastro das expedições marítimas das Cruzadas ( 1096 a 1270 ), a sociedade européia teve um contato mais cerrado com a cultura bizantina com a Grega, e com a árabe. Isto intensificou o comércio intercontinental. Aliado ao comércio, houve um grande intercâmbio científico e cultural.
Apesar do fracasso no plano militar, as Cruzadas mudaram a face da Europa, possibilitando a reabertura do Mediterrâneo à navegação e ao comércio da Europa, proporcionando o reatamento das relações entre o Ocidente e o Oriente, contribuindo para a decadência do feudalismo e conseqüentemente reduzindo o poder dos senhores feudais, e por fim, influenciando no surgimento da burguesia.
A influencia das cruzadas fez ressurgir o comércio, com mercadores burgueses, em feiras e rotas de comércio.


As invenções e descobertas no período.

- A criação da Universidade ano 1150. É fundada a primeira universidade do mundo, em Bolonha, na Itália. A criação da instituição dá à Europa o impulso intelectual que desembocaria no Renascimento no século XIV, e na Revolução Científica, entre os séculos XVI e XVII.

- A introdução dos Algarismos Arábicos no ano de 1202. O matemático italiano Leonardo Fibonacci (c.1170-1240) troca os incômodos algarismos romanos pelos arábicos. A facilidade que isso trouxe para os cálculos resultaria no avanço da álgebra e, por conseqüência, da tecnologia.

- A invenção dos Óculos no ano de 1268. O inglês Roger Bacon (c. 1220-c. 1292) constrói as primeiras lentes de cristal para corrigir distorções da visão. A invenção de Bacon demoraria mais 100 anos para se tornar prática. Em 1784, o americano Benjamin Franklin inventaria os óculos bifocais.

- A aplicação da Bússola Magnética no ano de 1269. O engenheiro francês Petrus Peregrinus de Maricourt descreve pela primeira vez uma bússola em que uma agulha imantada bóia sobre um líquido. Apesar de já ser conhecida dos chineses há séculos, a bússola só passa a ser construída a partir dessa descrição.










AS CIDADES ENTRE 1096 E 1270.

No início da Idade Média, a maioria dos trabalhos eram feitos por escravos. Já em meados desta Era, passaram a ser realizados por homens livres, embora ainda existissem escravos.
O sistema feudal, característico desta Era, já sofria transformações, particularmente com o crescimento das cidades, da burguesia e com uma crescente centralização do poder real. O aumento do comércio promoveu o desenvolvimento das cidades medievais. Grande parte dessas antigas cidades tinha um núcleo fortificado com muralhas, os chamados burgos.

A formação dos burgos fomentou o desenvolvimento das cidades que cresceram pelo comercio. Já o surgimento de cambistas e bancos promoveu a circulação de moedas.
O ressurgimento das cidades se deu basicamente, pelo fim do isolamento promovido pelos feudos, fim das revoltas camponesas, o surgimento de rotas comerciais, o surgimento de novas oportunidades, a monetarização, e a redução das pestes e epidemias, devido ao melhor saneamento e melhor alimentação.
As cidades começaram a ter uma maior concentração demográfica, além de proliferarem em toda a Europa. Londres possuía em 1.300, cerca de 100.000 habitantes e Paris, o dobro.
Aquelas que eram mais bem sucedidas conseguiam dos Reis licença para gestionarem suas próprias rendas. Outras comunidades obtinham maior liberdade, o direito de escolher seus representantes e de administrar sua vida pública, inclusive seus mercados.





Eventos e principais Cidades no período.

No Mar do Norte, nas cidades de Bruges, Bremen e Lübeck, foram criadas rotas comerciais, comercializando principalmente produtos como madeira, peles, cereais e armas.
Nos entroncamentos das rotas comerciais realizavam-se as feiras medievais que, segundo Costa, na obra Títulos de Crédito: "... realizavam-se fora das cidades... para venda de mercadorias ou produtos dos comerciantes. As feiras eram mais populares e nelas se reuniam comerciantes vindos de todos os lugares, principalmente do estrangeiro". As estradas e os caminhos que ligavam um feudo a outro e às feiras eram péssimos e inseguros, com roubo de mercadorias. O transporte, realizado no lombo de animais, era rudimentar e demorado. Isso retardava o desenvolvimento do comércio. Também o dinheiro era escasso e as moedas variavam conforme o local. Com o crescimento dos burgos e o surgimento das cidades, o comércio, apesar das dificuldades, começou a expandir-se de maneira significativa entre os séculos XI e XII. Nos burgos, desenvolveram-se as corporações de ofício, cuja função era organizar, distribuir, garantir a qualidade e determinar o preço das mercadorias produzidas pelos artesãos de um mesmo ramo de atividade. Muitas mudanças ocorreram na vida feudal, devido a fatores como o crescimento demográfico e a atividade comercial. Segundo Leo Hubermam, em História da Riqueza do Homem,
"depois do século XII, a economia de ausência de mercados se modificou para uma economia de muitos mercados; e com o crescimento do comércio, a economia natural do feudo auto-suficiente do início da Idade Média se transformou em economia de dinheiro, de um mundo de comércio em expansão ".
A primeira cidade da Ásia menor sitiada pelos cruzados foi Nicéia, que após negociações com os turcos feitas por Aléxis em suas barcas, temendo o saque e a destruição da cidade pelos cruzados, obtém a rendição da cidade.
Em seguida a mais forte praça da Ásia menor, a bela, rica e resplandente Antioquia. Nela os cruzados perdem as energias em seus prazeres.
Outra cidade importante no período é a cidade de Ávila, a mais alta da Espanha, que possui as mais extensas muralhas medievais existentes no país, que atingem cerca de dois quilômetros e meio de comprimento e uma altura média de 12 metros.
Estas muralhas dão uma contribuição fundamental para criar a ambiência medieva característica desta cidade, de raízes celtas.
A datação da sua construção é bastante discutível, pois há autores que apontam para uma data anterior a 1090 e outros que consideram mais plausível a segunda metade do século XII.
As cintas de muralha compõem-se de nove portas, entre as quais se destaca a porta de Cármen e 82 torreões. A estrutura das muralhas e o reaproveitamento da pedra utilizada na construção denotam uma influência romana, o que é perfeitamente compreensível devido à forte presença deste povo na Península Ibérica.
Com relação a Lisboa, destaca-se o evento a seguir;
Os cruzados fizeram uma parada no Porto, onde o Bispo D. Pedro de Pitões, seguindo instruções do Rei Dom Afonso Henriques, os convenceu a participar no cerco de Lisboa, a cidade mais importante do Ocidente Peninsular. Os cruzados partiram rumo à cidade onde se juntaram às tropas do rei de Portugal, que chegou com o seu exército de 14.000 homens por terra a partir do Porto. Montaram acampamento em 29 de Junho de 1147. Um cerco destas dimensões envolvia um vasto conjunto de riscos, incluindo motins, doenças e os desalentos dos sitiantes. Durante o Verão começaram a diminuir as reservas da cidade que pediu auxílio a outras fortalezas muçulmanas. Évora recusou-se a prestar auxílio a Lisboa, o que desanimou os sitiados. Até Outubro os cristãos não desistiram, e nessa altura sentiu-se que a cidade já não teria forças para resistir ao assalto final. As catapultas bombardearam os muros sem cessar; lançaram-se assaltos com torres móveis; e uma mina escavada debaixo da muralha foi cheia de lenha, que ao ser incendiada levou à dilatação dos materiais dos alicerces da muralha, com o conseqüente desmoronamento desta. Em 21 de Outubro os Mouros pediram tréguas.
Perante a vitória final, os cruzados revoltaram-se contra o Rei Português, pois exigiam o saque e aniquilamento total dos habitantes da cidade, como se fazia na Terra Santa. Mas na Reconquista Ibérica os costumes eram outros e o Rei não aceitou as exigências dos bárbaros cristãos. Em 22 de Outubro a situação piorou e o Rei foi acusado de passar para o lado dos sarracenos. O exército português preparou-se para uma confrontação decisiva com os cruzados rebeldes e o Rei declarou aos comandantes Flamengo e Alemão que se não impusessem a disciplina entre os seus homens, os Portugueses se retirariam do cerco em bloco, pois nas palavras do Conquistador:

- Se as coisas continuarem assim, abandono o cerco, pois prefiro ao senhorio de Lisboa a minha própria Honra!

Os cruzados perceberam que uma retirada portuguesa daria ânimo aos sarracenos, diminuiria as forças cristãs para metade e levaria a um confronto final com as tropas dos Mouros, com um final imprevisível. Os cruzados tinham tudo a perder e por isso aceitaram a autoridade do Rei de Portugal na manhã de 23 de Outubro.
Em Portugal a guerra era conduzida com disciplina e objetivos estratégicos. E por isso mesmo Dom Afonso Henriques venceu em Lisboa, enquanto o Rei de França Luís VII e o Imperador da Alemanha Conrado III foram derrotados no Médio Oriente.
Em 24 de Outubro o saque foi recolhido por uma guarda avançada e a 25 o Rei de Portugal, acompanhado pelos bispos Portugueses e pelos comandantes dos cruzados, entrou no Castelo e da torre mais alta observou a maior vitória militar da sua vida.
Outras feitorias importantes da época, que prosperaram graças às cruzadas foram Barcelona, Marselha, Gênova e Veneza. A Europa ainda tão jovem e ignorante, enriquece-se de culturas e de industrias sem conta. Os frutos da Síria e da Pérsia, passam a ser enxertados nas plantas silvestres do Ocidente. Este mundo outrora sem industrias, passou a fabricar muitos objetos, tecer a seda, tingir tecidos, trabalhar couros. O velho universo, agora tinha seus limites conhecidos, tornando-se, portanto pequeno. Caberia então aos navegadores aumenta-lo.

ANEXO ? I


Ávila - Espanha

O massacre de Antioquia, ilustração de Gustave Doré séc XIX


Iluminura medieval de Ademar de Monteil (com a mitra) empunhando a lança do destino no cerco de Antioquia.



BIBLIOGRAFIA

http://www.anmfa.org/pagina%20matias/capitulo2/04.htm

http://hid0141.blogspot.com/2009/08/as-100-descobertas-e-invencoes.html

http://www.infopedia.pt/$muralhas-de-avila-(seculos-xi-xii)

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Alta_Idade_M%C3%A9dia

http://osmeninosdeouro.blogspot.com/2005_06_01_archive.html

AUBRY Octave; História da França ? Instituto Progresso Editorial ? São Paulo 1948.