O CÉU DA INTIMIDADE

6 Então, disse eu: quem me dera asas como de pomba! Voaria e acharia pouso.

7 Eis que fugiria para longe e ficaria no deserto.

Livro dos Salmos, 55:6 e 7.

 

Quando a pessoa fala

Ela se descerra

E mostra na tela

O seu interior.

 

 “Palavra puxa palavra, uma idéia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução.”

 Machado de Assis - escritor e poeta brasileiro (1839-1908).

 

O seu céu íntimo

Sempre se desanuvia

Quando ela pronuncia

Uma palavra.

 

“Muitas coisas melhor se diz calado, pois o silêncio não tem fisionomia, mas as palavras sim têm muitas faces.”

 Machado de Assis - escritor e poeta brasileiro (1839-1908).

 

Quando ela silencia

O pensamento se desvia

Dos inquisidores.

 

E quando ela sorri

Não revela enfim

Os seus sentimentos,

Pois muita gente ri

Para afastar de si

As curiosidades.

 

 “Minha alma, já semimorta, 
Conseguira ao céu alçá-la 
Porque o céu abre uma porta 
Quando ela fala.”

 Machado de Assis - escritor e poeta brasileiro (1839-1908).

 

MUITAS INTERPRETAÇÕES

 Dar-me-ia pressa em abrigar-me do vendaval e da procela.

Livro dos Salmos, cap. 55:8.

 

Muitas interpretações

Tem uma palavra dita

Ou mesmo escrita.

 

Ficar no silêncio em muita hora

É mandar ir embora

Os reveladores.

 

Palavra escrita ou falada

É sempre interpretada

De diversas maneiras.

 

 “Eu gosto de catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que descobre o encoberto.”

 Machado de Assis - escritor e poeta brasileiro (1839-1908).

 

O silêncio ainda é o meio

De se colocar um freio

No pensamento.