O CEREBRO RELACIONAL FINDE A PANDEMIA: ON LINE E VIDA REAL

Por dorotilde de moura | 18/05/2020 | Psicologia

Nossa neurologia nunca foi tão desafiada evolutivamente como está sendo agora em pouco tempo e mais ainda em fase da pandemia. E provavelmente haverá conseqüências e mutações desde nossa realidade biológica, psicológica e social muito mais impactantes no futuro do em outra época da história humana. Percebemos que precisamos tão pouco para viver, essencial para todos, entretanto com todos os avanços  tecnológico, não foi possível prever e parar algo invisível. Recordando aos velhos tempos uma canção de Raul Seixas dizia; “O dia em que a Terra parou”,   em 1977, foi profetizada, entretanto sentimos a terra parar em 2020, se passaram 43 anos após a profetização. O desenvolvimento tecnológico não previu algo que mudou e influiu na forma estrutural no modo de vida e mentes das pessoas. Agora a  pandemia chegou ao final, (silencio total), momento de retomar nossas vidas,  que foram paradas bruscamente, tivemos algo que nem sabia que existia; tempo. E tantas vezes não soubemos o que fazer com ele, algo que não podemos tocar, mas sentimos. Tínhamos tempo, mas faltava a liberdade, nesse tempo muitas coisas aconteceram; encontros e desencontros. Valores e sentimentos mudados, a insegurança do inesperado. Mas não se confunda a vida online que estávamos vivendo com a realidade que enfrentaremos. Foi um processo de autoconhecimento, entretanto se você confundir chegará a um beco sem saída. Nossas relações são fruto do que acontece dentro e fora do organismo, ao longo do tempo de uma história de vida e das gerações.  Muitas pessoas não se vangloriam de ter aprendido a falar, andar, dirigir um carro, escrever, ler, atravessar ruas. Mudanças tão importantes como essas ficam em segundo plano quando podemos mudar ainda mais. Só damos importância quando um dia elas nos faltaram por algum motivo. Entretanto sairemos desse processo, vivos, isso será o mais importante.  Aos poucos iremos valorizar a vida, algo que muitas vezes passou despercebida, em busca de querer viver sempre o mais,  e acabamos não vivendo na sua essência. 

Estar vivo é uma crença fundamental. Não estar também é. Como você acredita que está vivo determina sua vida. Não há outra prova de que você está vivo a não ser pelos resultados que obtém de seus próprios atos.

Certa vez num manicômio um interno acreditava estar morto. Os médicos tentaram provar que ele estava vivo fazendo uma punção na polpa digital a fim de brotar ali uma gota de sangue. Quando o interno olhou a gota de sangue exclamou: que interessante... Mortos sangram! Se lhe chutassem o nariz poderia dizer: olha só que coisa curiosa!...mortos sentem dor no nariz...! 

A vida é prova de si mesma, na intimidade de cada um. Uma experiência a ser seguida e não um problema a ser resolvido. Seu problema é não ter como provar a si mesmo todo o processo que passou, mas  o sentimento de estar vivo. Crenças podem limitar ou expandir o seu senso de estar vivo. O sentimento de sofrimento ou bem estar serão eternos marcadores de como estão suas crenças.  Para testá-las não resta alternativa do que agir e prestar atenção no que acontece.

Se há uma coisa que temos com certeza na vida é que estamos vivos e queremos viver cada vez melhor. Se não fosse assim, não sofreríamos...

 Aí quem leu Freud lembra como uma das tarefas “impossíveis” era “ensinar”. Não se passa conhecimento como se fosse um objeto ou coisa: Ele se constrói (ou se reconstrói) entre pessoas e faz sentido entre elas no contexto no qual aparece. O que se aprende é o resultado das experiências passadas, então as pessoas vão ter que reaprender a se relacionar de forma humanitária, aonde elas possam notar o outro. Novos tempos vão surgir,  o tempo do “sim eu posso” está oferecendo lugar ao “sim, nós podemos”. Do super-herói solitário, ao coletivo ao qual queremos pertencer. O poder vem do próprio relacionamento, vivido como fruição, como prazer de conversar, de dialogar e ser em relação a alguém mais.  Nesse processo o que fez falta é a interação ativa e intencionada entre pessoas. Aonde criam e recriam a informação ao interagirem de acordo que o que desejam. Caso não for de interesse comum, a relação não adquire consistência e não se sustenta. A informação simplesmente perde o sentido de ser informação. Caso for mantida uma habilidade criada contra um “inimigo”, se desfaz quando passa o “perigo”.Muitas vezes o tal inimigo aparece como sendo um de seus elementos, o “culpado”, levando o grupo a fragmentação, conflitos internos e a dissolução. Quem ensina uma “verdade” sem construí-la com você ativamente, dialogicamente, tende a perder a credibilidade entre os mais esclarecidos. Infelizmente entre as pessoas mais desesperadas até a loteria esportiva é percebida como possibilidade real de ser rico. Desconfie de quem quer lhe vender o que quer saber. O que você quer saber está dentro de si. O que podem lhe oferecer são possibilidades. Mas as respostas de como viverá e retomará sua vida, caberá somente a você encontrar as respostas.

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