Uma fronha feita de algodão para descansar o pensamento.

Os olhos abrindo e fechando a todo momento.

Pelas gretas os fachos de luz invadem o quarto.

Todos os dias vêm o Sol fazer o meu parto.

O canto do poeta é feito de sons e imagens.

Posso criar minhas próprias canções e paisagens.

Pela porta nunca entra um coração.

Já me tinha dito o Alceu como é fera a solidão.

As paredes que têm ouvidos agora falam.

São conversas sem sentido de casais que se abalam.

Ouço o canto dos pássaros no alto das árvores.

Olhando para o céu minha salvação são os discos voadores.

Como se fosse um enfermo eu fico em casa lendo e escrevendo.

Pensando onde ir quando esta vida estiver me corroendo.

Pela janela tento enxergar um mundo que não existe.

Mas só consigo ver o que há de mais triste.

Minha alma não resiste.

Será a fraqueza ou a força que ainda persiste?