O BRINCAR EM SEU CONTEXTO CULTURAL: PERCEPÇÕES A PARTIR DE UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Introdução 

O desenvolvimento sócio educacional dos alunos por meio da ludicidade, é visto como fator imensurável na vida das crianças e através do brincar por meio das brincadeiras e jogos, compreendemos que os mesmos influenciam no interesse dos alunos também em estudar. Nesse sentido os jogos e brincadeiras devem fazer parte do currículo escolar, sendo um aliado importante nas práticas diárias ou ainda um elemento fundamental no processo de ensino/aprendizagem da criança, através deles a criança aprende, sendo sujeito ativo e tem no brincar prazer em aprender, pois toda criança pode aprender melhor o vivenciam.

A escola deve oportunizar à elas uma experiência concreta, inserindo no âmbito escolar a maneira lúdica de ensinar, uma vez que brincar para a criança é indispensável e causa muito prazer, ela aprende sem perceber, sem se cansar, e socializando com os colegas obedecendo regras e construindo conhecimentos.

Partindo de estudos bibliográficos realizados de autores conceituados durante a pesquisa como: Kishimoto (1993, 1999), Maluf (2004), Cunha (1994), Fidelis (2005) e Friedman (1992), uma vez que abordam temas voltada ao ensino nos anos iniciais através da maneira lúdica, apontando ser bem mais viável para alunos e professores, sendo que as brincadeiras infantis no processo de desenvolvimento psicológico da criança causam mais resultados positivos para a educação.

De acordo com Maluf (2004) as brincadeiras e jogos infantis não só estimulam a imaginação e a fantasia como permitem compreender a realidade e conhecer o mundo, principalmente a dos adultos. É válido saber que muitos pais e professores ainda não veem a forma lúdica de ensinar com conteúdo disciplinar, e isso precisa ser mudado, para que seja possível formar os nossos alunos em pessoas criativas capazes de encontrar soluções inteligentes e criativas, para que sejam conscientes e tenham pensamentos abertos as inovações.

Para que tudo isso seja possível devemos como educadores oferecer aos nossos alunos ações livres e espontâneas no processo de ensino/aprendizagem, favorecendo as ações livres nas suas brincadeiras e fantasias pessoais.

Nessa perspectiva este artigo tem como objetivo perceber o papel do Brincar no processo de aprendizagem da criança a partir do seu contexto histórico. O sujeito da pesquisa é uma professora Pedagoga, no município de Barra do Bugres-MT. Esta pesquisa parte das perguntas: Como o Brincar pode exercer papel fundamental no processo de aprendizagem da criança? Como os autores evidenciam o Lúdico no processo de desenvolvimento da criança? O brincar pode evidenciar o contexto cultural da criança, bem como expressar sentimentos e emoções? Neste sentido, foi abordado a base teórica de Kishimoto (1993, 1999), Fazenda (2003), Maluf (2004), Cunha (2005), Fidelis (2005), Friedman (1992), e Feijó (1992). Metodologicamente, será empregado o Estudo de caso numa abordagem qualitativa, por meio da análise de um relato de experiência da professora sujeito da pesquisa, além de uma revisão de literatura que aborda temas relacionas ao contexto da pesquisa. 

  1. O Brincar através da História

Embora o brincar sempre tenha feito parte do cotidiano infantil nem sempre lhe foi dada a devida importância. Faz-se necessário olhar o brincar através do tempo, pois a presença de atividades lúdicas desde os tempos primitivos tem se evidenciado através de registros de brinquedos infantis em várias culturas, desde a pré-história, caracterizando-se como atividade fundamental, por ser intrínseco à alma humana, o que deixa claro que brincar é inerente à natureza de qualquer indivíduo, seja qual for a sua origem, sua época e faz parte de todo seu percurso através dos séculos.

De acordo com estudos de Ramos (2000), as civilizações antigas, a exemplo do Egito e Grécia, o brincar estava presente até no dia-a-dia dos adultos e era a família que educava os filhos ensinando os deveres e as artes. Devido à aprendizagem escrita, aos poucos a educação vai deixando de ser tarefa da família e se tomando tarefa da escola, que já se preocupava com o ensino apropriado para essa idade. Nesse sentido Platão apresenta em primeiro momento o Lúdico em meio aos estudo, dando grande importância aos jogos no desenvolvimento das crianças em fase escolar, sendo o brincar o facilitador no desenvolvimento da aprendizagem da criança.

Durante a Idade Média, há uma revolução cultural que tem como fator central a religião. Com a ascensão do cristianismos, que relacionava o jogo ao prazer profano e imoral. A pedagogia passa a ser repressiva baseada na disciplina, no controle, na obediência, levando em consideração apenas as necessidades do mundo adulto, torna-se sem sentido para as crianças que tem como única saída fugir da escola em busca das brincadeiras.

A partir do século XVI, com o advento do mercantilismo e o nascimento do pensamento pedagógico, o Lúdico comoção a tomar importância e a ser utilizado pelos jesuítas no ensino de gramatica e ortografia.

Segundo Ramos (2000), aproximadamente entre os séculos XII e XVIII, novos movimentos culturais surgem rompendo com o modelo pedagógico “Homem Adulto”, passando a levar em conta outros sujeitos, como por exemplo a mulher, as crianças e os sujeitos com necessidades especiais. Passando nesse sentido a considerar a criança diferente dos adultos e não mais adultos miniaturas.

Sendo essas crianças sujeitos com valores próprios em um processo evolutivo, envolvidos pela fantasia, igualdade e comunicação. Nesse momento descobre-se a infância, e surge um novo conceito de criança, passando está a ser sujeito da educação. Isso muda as instituições de ensino da época, nessa perspectiva o ensino ganha um rumo diferente por meio das contribuições de Rosseau, que traz conceitos novos como respeito ao ritmo de crescimento das crianças e a valorização das características infantis. Concomitante a este Fröebel contribui com a ideia do jogo revelando as tendências infantis e a importância do jogo livre no desenvolvimento da criança, além é claro de Pestalozzi, Dewey e Montessori, que enfocam o uso da pedagogia da ludicidade, ou seja uma aprendizagem por meio dos jogos e brincadeiras.

Mais tarde Ramos (2000) afirma que, Vygotsky e Piaget apresentam novas propostas cientificas que valorizam a participação ativa do sujeito na aprendizagem. Vygotsky confere funções pedagógicas as atividades lúdicas, principalmente aos jogos e brincadeiras permeados pelo faz-de-contas. Piaget, em seus estudos acredita que o jogo tem um caráter mais amplo, constituindo-se na expressão e na condição par ao desenvolvimento infantil, posto que as crianças quando jogam assimilam e podem transformar a realidade.  

  1. Concepções do Brincar 

Maluf (2004) afirma que o brincar para a criança vem acompanhando a mesma desde que nasce, é uma atividade acessível a todo o ser humano de qualquer faixa etária, classe social ou condição econômica. O brincar é uma comunicação e expressão, associando o pensamento e ação, é também um incentivo voluntário, uma atividade exploratória da criança, além de ser um fator muito importante no desenvolvimento físico, mental, emocional e social da criança, uma vez que ela aprende a conviver no meio, descobrindo que brincar não é apenas um passa tempo e sim uma grande aprendizagem.

Brincar para a criança é uma necessidade que parte de dentro para fora, tanto que a criança sente prazer na ação, que auxilia em seu desenvolvimento.

Benjamin (apud. MALUF 1984 p. 18), afirma que a repetição é a lei fundamental na brincadeira, a criança não quer apenas ouvir histórias, como também vivenciar as experiências, e isso lhe dá um grande prazer no ato de brincar.

Segundo o mesmo autor, a satisfação está relacionada com a busca da primeira experiência, que pode ser o primeiro terror ou a primeira alegria. Assim a repetição não só é um caminho para tornar-se senhor de terríveis experiências como também de saborear sempre com renovada intensidade os triunfos e vitórias.

O ato de brincar para Maluf (2004) é muito importante porque estimula o desenvolvimento intelectual da criança, ensinando para ela como perceber os hábitos necessários para o seu crescimento, brincar é tão importante quanto estudar, ajuda a esquecer os momentos difíceis.

Maluf (2004) declara:

Quando a criança brinca, consegue sem muito esforço encontrar respostas para várias indagações, e pode sanar muitas dificuldades na aprendizagem escolar. O brincar desenvolve os músculos, a mente, a sociabilidade, a coordenação motora e além de tudo qualquer criança se sente feliz em poder brincar. (MALUF, 2004 P. 21)

 

Percebemos então que a autora afirma que o brinquedo desempenha muitas funções, tais como pensamento criativo, o desenvolvimento social e emocional. Antes de tudo, o brinquedo é um conjunto de estímulos visuais quando percebe formas e movimentos, os estímulos gustativos ocorrem quando a criança conhece os objetos pelo contato com a boca.

Os estímulos táteis, segundo a autora, acontecem quando ela começa a pegar objetos, percebendo seus diferentes materiais e texturas. No início de sua vida, a criança repete os movimentos, aprende a bater um contra o outro, joga repetidamente, atraídas pelo barulho do brinquedo ao cair no chão.

Nesses movimentos a criança aprimora seu aparelho motor de segurar, apertar, sacudir, jogar, etc. Considerando que tais atos rápidos ou lentos com repetições é o momento em que a criança desenvolve jogos simbólicos, criando regras quando começam a se sociabilizar ou mesmo quando brincam sozinhas.

Winnicott (apud. Maluf, 2003 p. 51), aponta aspectos relevantes à função do brinquedo, como as crianças têm prazer (físico e emocional) em todas as experiências de brincadeiras, a criança também aprecia concluir que seus impulsos agressivos podem ser expressos sem retorno do ódio e da violência do meio para com ela, as crianças.

Segundo o mesmo autor, as crianças brincam para dominar as angústias, controlar ideias ou impulsos que conduzem as angústias e que não foram dominados. A personalidade infantil evolui através de suas próprias brincadeiras e das invenções de brincadeiras feitas por outras crianças e por adultos, a brincadeira neste sentido oferece uma organização para que a criança inicie uma relação emocional, propiciando o desenvolvimento e contatos sociais.

É de suma importância lembrar que a brincadeira e os brinquedos para a criança significa um pedaço do mundo que ela já conhece, e o resto do mundo ainda vai ser explorado, é muito interessante observar as crianças brincando, temos condições de melhor conhecê-las e entendê-las.

No ato de brincar a criança trabalha o significado da vida real, ela brinca com aquilo que está fazendo é com certeza é uma coisa que lhe dá prazer. O ato de brincar causa para a criança uma integração com as outras, exercita a imaginação e a criatividade, estimula a sensibilidade visual e auditiva, desenvolve a coordenação motora, aumenta a independência, diminui a agressividade e ajuda a resgatar a cultura, além de representar um mundo imenso, infinito, cheio de promessas e muitas surpresas.

O que se vê hoje no contexto educacional, é que a criança chega até a escola com uma vontade imensa de aprender as matérias que lhe são imposta, de uma forma interdisciplinar, onde o professor inove suas aulas sem cair na rotina, as crianças sentem prazer na aprendizagem que lhes causas prazer em aprender.

Os jogos e as brincadeiras devem ser aliados dos educadores em sua tarefa de educar, são meios prazerosos de ensinar a criança e estimular o que ela precisa aprender e se desenvolver-se, desta forma o brinquedo tem um papel importante no processo de ensino-aprendizagem, pois é uma estrutura básica para o professor ensinar os alunos que precisam de algo mais além de ouvir e copiar.

É necessário que os educadores estejam cientes que o brincar no processo de educar auxiliará muito na aprendizagem do aluno, onde o processo de transformação educacional do aluno será mediante ao ato de brincar no mesmo momento em que aprendem a ler e a escrever.

    Por meio das brincadeiras as crianças criam importantes papeis que definem sua personalidade, demonstram insatisfações, demonstram alegria, enfim representa através das brincadeiras vários sentimentos que estão em seu interior que as vezes dificulta seu desenvolvimento escolar, desta forma, para o professor o ato de brincar é uma ponte para o ensino-aprendizagem de forma satisfatória e evolutiva. 

  1. Metodologia

A pesquisa utilizou-se de aportes da metodologia qualitativa, a fonte para a produção foi um Estudo de Caso. De acordo com Merriam (1998), esta abordagem se caracteriza pelo caráter de profundidade e detalhamento, focando esforços em uma unidade de análise, neste caso, a professora orientadora de estudos durante a formação continuada.

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