Desde que cheguei da África, fico espantada ao ver os noticiários e ver tanta violência, surtos de revolta da população, paralisações, manifestações... Bem, para quem passou quase dois anos sem ler jornal, sem ver TV, acessando a internet para dar notícias de vida para família e dada a rapidez em que o mundo atual se move, me sinto como se fosse um extra-terreste que veio para Terra.

As coisas evoluíram, minha cidade está mais bonita, mas as pessoas estão mais fúteis e há jovens mais idiotas, sem falar nos adolescentes, cujos cérebros parecem que estão sendo atrofiados pelo uso da tecnologia (o efeito não deveria ser ao contrário?). Me impressiona a estupidez de alguns, na maioria homens, que não estão longe do fraco papel masculino na cultura africana, onde a mulher carrega 20 litros de água em um bidom na cabeça, mais 5 litros em um balde em cada mão e um filho na queca (nas costas), enquanto o homem está a dormir na esteira. Por outro lado, as mulheres estão mais vulgares e há aquelas que não valorizam a si mesmas, sua beleza, mas querem “sensualizar” a todo custo, perdendo assim, o seu valor.

É impressionante também o nível geral de insatisfação das pessoas com esse mundo, os padrões de democracia e as grandes desigualdades. Nessa altura nem sei dizer se o Brasil ainda é um lugar “habitável”, pois apesar do conforto (em relação á Africa) convivemos com tantas mazelas em nossa sociedade, feridas abertas que parecem não ter cura.

A copa vem aí e um friozinho na barriga me diz que vai ser um fiasco, mal podemos resolver nossos problemas que dirá sediar um evento desse porte. Com uma infra-estrutura abarrotada e que sem os gringos já está ruindo, como o trânsito das grandes cidades e o transporte público que anda em colapso. Ainda bem que Junho não é época de chuva, pois os eventos naturais colocam em xeque a qualidade das obras públicas. Além disso, boa parte da população não fala outros idiomas e apesar da falta de interesse de muitos brasileiros, há aqueles que não tiveram a oportunidade de fazer um curso, pois, o inglês ensinado nas escolas não é suficiente para adquirir fluência. Já aqueles que sabem falar o governo quer que eles trabalhem como voluntários, uma desvalorização.

A leitura que se faz é que o governo não pensa no que a Copa irá refletir para sua imagem internacional, que poderá ser rechaçada e isso trará consequências na economia, nas relações exteriores. Vejo alguns cidadãos bem “apatriotas” afirmarem que o querem mesmo é ver o governo em maus lençóis diante da comunidade internacional para ver se assim ele vai aprender a lição e vai fazer seu dever de casa direitinho para não passar vergonha da próxima vez.