O Bom Selvagem de Rousseau e suas Aplicabilidades Hoje

Ivone Cortina

Licenciatura em Filosofia

Faculdade de Ciências Humanas – FACH

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Resumo

Ser livre e viver em tal condição em um grupo social exigem que cada membro saiba o seu lugar, a sua função na conjuntura e respeite o espaço do outro. No presente artigo, baseado na obra de Rousseau, construiu-se uma visão do bom selvagem na contemporaneidade e os desafios atuais no viver em sociedade sob o mando de leis e constituintes, em um mundo cada vez mais capitalista e desumano, onde a ambição se tornou uma bandeira imposta por aqueles que o governam. Por fim, evidenciou que a felicidade do homem pode estar em toda a parte, até mesmo dentro de si, desde que esse a busque e se interaja com o seu ambiente natural, pois afinal a existência humana se baseia na racionalidade e essa consiste em orientá-lo para o bem comum.

1 Introdução

Rousseau busca sintetizar que a felicidade do homem está em seu estado primitivo, onde a bondade e a justiça são referenciais. Entretanto quando a convivência começa a existir em grupo, esse se torna prisioneiro de suas leis, pois a sociedade o subjuga.

A palavra selvagem nos remete ao ser nômade, bravio, rude e sem costumes culturais, que busca a sua própria sobrevivência. Porém para Rousseau o bom selvagem é aquele que busca viver sua vida em prol de sua felicidade, sem imposições, sem limitações de espaço.

Na revisão sistemática da literatura abrangida no presente artigo entre os filósofos Leopoldi, Penna e o próprio Rousseau, apontou para uma avaliação crítica sob a sociedade moderna onde o ter prevalece sobre o ser, através da exploração do homem pelo próprio homem.

Segundo Rousseau as normas sociais da sociedade afastaram o homem de sua verdadeira natureza ao contrário dos poderes que a razão e a ciência tomam na contemporaneidade. Na visão rousseniana a razão era mantida como organizadora do mundo com tal poder que era impossível do homem ter ciência e sentimento de sua própria natureza. 

Rousseau faz um grito de alerta para a liberdade, que para ele consistia em bem supremo e caberia ao homem viver sob organizações sociais mais justas, conforme relata em sua obra Contrato Social e através de seus pensamentos influenciou a Revolução Francesa e o Romantismo alemão. Segundo Rousseau o homem precisava buscar a sua essência na natureza, viver em harmonia com a mesma para ser feliz.

Mas o que se busca afinal na convivência em grupos? A felicidade deixa de ser uma conquista quando há vivemos em sociedade? O bom selvagem tem seu papel na atual conjuntura?  O presente trabalho buscará responder a esses questionamentos através de pesquisas bibliográficas e servir de base para futuros estudos.