O BOM E O BELO NA MINHA CIDADE; OLHARES PARA A PAISAGEM CURITIBANA, EM PEQUENO TRECHO DA ROTA TURÍSTICA DO TRANSPORTE COLETIVO - “JARDINEIRA”

INTRODUÇÃO

A tarefa defendida pelo autor neste modesto trabalho de pesquisa bibliográfica tem como objetivo demonstrar que existem aspectos interessantes não observáveis pelos turistas usuários dos serviços urbanos de transporte, que podem ser contemplados em diferentes ângulos, possibilitados pela busca individual do autor, recortando pequeno trecho da rota do transporte coletivo turístico de Curitiba, conhecido como Jardineira, em perspectivas de análise diferenciadas, coletando imagens em diferentes locais e suscetíveis de análise. Logo, os espaços urbanos podem ser visitados, mas a exploração dos elementos paisagísticos requer esforço mais apurado, caracterizando a diferença entre ver e olhar, especialmente luz.  

RESUMO             

Acredita-se que com o despertar de alguma motivação, o leitor deste modesto trabalho de pesquisa poderá entender a perspectiva de análise do autor, recortando pequeno trecho do roteiro turístico da Linha de Turismo de Curitiba, conhecida como Jardineira, em horário compreendido entre 17 e 19 horas, do dia 17 de setembro, deste ano, porém em automóvel, no sentido de mostrar que existem ângulos  especiais de observação nem sempre possíveis de serem captados se percorrermos o caminho tradicional oferecido pela rota. O registro fotográfico é a memória de dado momento histórico e fonte objetiva de análise para os pesquisadores. Logo, a fotografia  apresenta-se como elemento importante de análise para a vida acadêmica e a disponibilidade de largo material coletado em campo nesta ocasião, colabora para firmar posições e método de pesquisa, inicialmente bibliográfico e com prática complementar ao exercício proposto, pelo ensaio fotográfico realizado, possibilitando contemplar a paisagem urbana de Curitiba, questionando conceitos entre o bom e o belo segundo critérios semióticos apresentados.   

1. Apresentação dos procedimentos metodológicos adotados

Primeiramente o autor seleciona fontes de pesquisa capazes de orientar a tarefa de registrar por meio de fotografias alguns locais da cidade, no caso Curitiba, recortando pequeno trecho da rota estabelecida pela Linha Turística, conhecida como ‘Jardineira’, partindo do ponto do Parque Barigui até a Avenida Candido de Abreu, no dia 17 de setembro deste ano, entre 17 e 19 horas, em dia de frequência mais elevada, ou seja, sábados e domingos, percorrendo os seguintes pontos; 1. Parque Barigui, 2. Torre da Telepar, 3. Bosque do Alemão, 4, Unilivre , 5, Centro Cívico. Na mesma rota, paisagens intermediárias foram observadas, como a Igreja Ortodoxa Ucraniana, de estilo notório, o Farol do Saber, por exemplo, não inclusos na rota tradicional do ônibus. O meio de transporte foi veículo próprio, visto que o objetivo principal era conhecer e registrar aspectos paisagísticos urbanos com maior flexibilidade de escolha, permanência, casualidade, diferenciando aspectos de utilidade e ao mesmo tempo beleza estética para fins de registro, considerando a luz natural.

2. Critérios teóricos observados pelo autor na realização da tarefa educativa

O projeto urbano de Curitiba em termos de equipamentos corresponde a períodos de investimentos típicos da mão arquitetônica de Jaime Lerner em continuidade com gestões posteriores. Para ele, a cidade caminha ao lado do tempo, ou seja, horários em que o público pode conviver com a cidade, de onde percebemos nas fotos realizadas, que esta interatividade vai se tornando difícil com o cair da tarde. Difícil pensar em cidades 24 horas, como Las Vegas, por exemplo, pelo custo que a iluminação urbana pode representar no orçamento público. É de se pensar que ao contrário de muitos países, a luminosidade natural no Brasil é favorecida, e também com os horários de verão, adotados continuamente nestes anos todos. Porém, a captação de energia solar poderia possibilitar o emprego da mesma na valorização da paisagem urbana, de forma a favorecer o comércio local e a interatividade e visitabilidade destes locais, sem maiores riscos populacionais, visto que são espaços abertos ao público, 24 horas. Logo, a insuficiência de iluminação pública, não apenas compromete o que é bom para a população, como também o que é belo. Sem grandes recursos de equipamento fotográfico, foi possível obter estes resultados apensados a esta atividade, mostrando os efeitos contraditórios da luz natural e gerada. Conforme as lições obtidas em sua obra ‘Acupuntura Urbana’, Curitiba começa a reforçar seu desenho e sua hierarquia viária pela iluminação pública, passando a realçar a estrutura básica da cidade, permitindo ao visitante a leitura do espaço urbano (LERNER, 2005, p.69-71). 3 Da mesma forma, os critérios para tirar as fotos foram observados, como por exemplo, o não uso de “zoom”, a divisão da foto em quadrantes, escolha do que se desejava fotografar previamente de acordo com as orientações do fotografo Luiz Humberto, para quem fotografar é um exercício de ver não só de olhar.2 Já para fotografar o por do sol, se recomenda o emprego de zoom. Para não haver contrariedade entre uma dica e outra, optamos pelo recorte, depois de realizada a foto.3 Já em outro campo teórico, vemos que a palavra ‘fotografia’ significa desenhar com a luz. Testamos este desenhar na medida em que perdíamos a luminosidade natural evitando o disparar de flashes, para obter resultados inusitados, como se percebe, na medida em que dispomos cada vez menos deste recurso.4 Foi possível contemplar alguns trabalhos profissionais, para comparar os obtidos. 5 Já sobre o critério de ângulos, procuramos agir de maneira a preservar nossa autonomia, elevando a câmera algumas vezes, o mesmo obedecendo a critérios de oportunidade, pois algumas foram feitas de dentro do carro onde estávamos.6 Claro está, que a presença da luz foi o principal critério. Parece evidente que as trevas escondam a beleza porque tornam impossíveis a leitura mais imediata da mesma, pela visão, não desconsiderando quaisquer efeitos de sentido, diversos a ela. Isso é o que nos ensina Tiago Amorim, em seu vídeo, chamado Café Filosófico, do Solar do Rosário de Curitiba.7 Será possível ou necessário fazer as coisas de maneira distinta? Uma gestão constrói e a outra deixa no escuro. O que não se vê é abstrato. Qual a ligação existente entre o bom e o belo, quando nada mais em nosso cotidiano tem real significado? O belo permanece com limite de visibilidade e o bom de visitabilidade. Estas são algumas das reflexões obtidas a partir da exposição de Mario Sergio Cortella sobre a Ética do Cotidiano.

3. Sobre os espaços visitados e as observações elaboradas pelo autor

De acordo com o mapa observado abaixo é possível perceber a rota tradicionalmente traçada pela disponibilidade do transporte oferecido, bem como o traçar de rotas alternativas, como a realizada, demonstrada nas linhas de intersecção entre os pontos efetivamente visitados. A liberdade de permanecer nos locais por mais tempo, é do passageiro, porém o critério de escolha fica dificultado, se não houver conhecimento do grau de iluminação destes lugares, como por exemplo, a plena escuridão do Bosque do Alemão e da Universidade Livre do Meio Ambiente, assim como a falta de menção ou inclusão na rota, de pontos igualmente interessantes em termos de beleza e encantamento, como por exemplo, a arquitetura dos Faróis do Saber, e as igrejas, em especial a Ortodoxa Ucraniana, observados pelo acadêmico. Outra questão importante é considerar, de acordo com as palavras de Taylor (p. 64, 1981) que os objetos fotografados possuem superfície polida e nela interfere a luz em que as sombras fazem contrastes interessantes com aquilo que se capta pela lente do fotógrafo. A inspiração maior para o autor deste trabalho foi saber que o tempo de iluminação natural estava indo embora com o passar das horas, e os registros seriam os possíveis dentro daquela dimensão temporal. As concavidades e sombras se tornam aos poucos linhas e formas quebradas e agitadas de acordo com o ritmo temporal, assim como registram atividade definindo volumes trazendo ao expectador a noção específica do espaço registrado, em contraste com os efeitos e gradações produzidos pela luz no momento do registro. 

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