O BOI TRAPALHÃO DA PONTE GRANDE (PONTE OTHON DE ALENCAR)
Por Jose Wilamy Carneiro Vasconcelos | 06/02/2019 | CrônicasO BOI TRAPALHÃO DA PONTE GRANDE (PONTE OTHON DE ALENCAR)
CRÔNICAS DE UMA CIDADE – SOBRAL “A CIDADE PRINCESA”
CAUSO DE NÚMERO 35
Inicia o mês de fevereiro na Distinta Cidade Januária de Sobral. Um causo inesperado toma conta na vida urbana e no transporte de passageiros, transeuntes daquela heráldica cidade. Aparece um boi no meio da ponte. Sim, isso mesmo que vos descrevo; um boi de raça Nelore, pesando mais de meia tonelada enfurecido, balançando a cabeça em plena ponte, desafiando quem é mais corajoso. O boi verso homem. Duas naturezas bem emblemáticas.
Não é a primeira vez que descrevo causo dessa maneira. Um foi contado em Literatura de cordel com o Tema “A história do Conde com o Boi voador.” Vou abrir um parêntese e contar uma de suas estrofes de meu cordel:
O Conde Nassau
Fundou a cidade Maurícia
Maior produtora de cana-de-açucar
Uma metrópole de Felícia.
Desembarcou na News Holland
Com arquitetos e engenheiros.
Começou a construção,
De uma grande ponte pra passageiros
Na travessia: A população
A empreitada: Um engenheiro Judeu
O mês foi Fevereiro
Que impressionou Conde D’eu.
Um pilar com pedras foi fincado
Na parte mais profunda do Rio
Capibaribe é seu nome,
Navegador de barco. Até navio!
Mas um causo impressionou
No “DIA DE SUA INAUGURAÇÃO”
O CONDE TEVE UMA IDEIA.
P’RA ATRAIR A MULTIDÃO!
Engenhoso era Nassau
Espalhou uma grande Notícia!
Faria um BOI VOAR!
EM SUA CIDADE MAURÍCIA.
Coincidência a parte o mês do acontecimento foi fevereiro. A cidade de Sobral tem um relacionamento histórico, marcante desde sua fundação da Fazenda Caiçara com a renomada Recife dos escritores Mário Sette, João Cabral de Melo Neto, Joaquim Nabuco, Visconde da Boa Vista, Reginaldo Rossi e outros.
Fato que ocorreu na mesma época com o Fundador de Recife “Maurício de Nassau” – O Conde com seu boi voador para agarrar pedágio e pagar os empréstimos da tão famosa Ponte do Rio Capibaribe em Recife. Ele; o conde cumpriu sua promessa e fez o boi voar.
Quem vos interessar em ler o cordel até o fim é só acessar o tema acima. Vou voltar ao assunto que nos interessa sobre o “Boi trapalhão da Ponte Grande.”
Naquele dia de Fevereiro, um boi enfurecido aparece no meio da pista. Quem vinha do Bairro Sinhá Sabóia ao centro da cidade e passava pelo Sobral shopping, não podia atravessar a Ponte Grande. Fazia-se fila de carros, motociclista e pedestre à espera de um corajoso para enfrentar o boi trapalhão. Perdurava-se horas, até que um condutor em um carro de luxo enorme abre a porta e tenta enfrentar o boi trapalhão frente a frente. Abriu os braços, tangeu, bateu os pés, fez missão de ir para cima do tal boi e nada.
O boi somente balançava a cabeça e abanava as orelhas enfurecidas. Por aqui, no linguajá nordestino chamamos que o boi estava “Aremado”; mesma coisa de azoado, irritado, zangado, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa. Isso acontece quando perde do resto de seu rebanho, ou o caboclo o enfeza.
De repente, sem mais nem menos o homem toma um susto. O boi trapalhão parte-lhe para cima e ele corre ao encontro dos carros e pedestre. O boi segue em frente, atropelando tudo o que vê; derrubando motociclista, jogando sua cabeça ao encontro dos carros, dos pedestres, do parapeito da ponte. Parecia uma arena em pleno palco mexicano. Em poucos minutos o estrago estava feito. O boi trapalhão seguiu rumo ao Bairro Dom Expedito descendo uma ladeira que dava para o rio Acaraú.
NOTA:
No dia 28 de Fevereiro de 1644, na Cidade Maurícia (RECIFE), um boi voador subiu ao céu em forma de Balão. O Conde Maurício de Nassau, com ajuda de marinheiros e uma grandes rodanas encabulou toda a população. O boi tornou-se letra de música de Chico Buarque, peça teatral e hino e Machinhas de Carnavais em Olinda e recife.
- Wilamy Carneiro é historiador, escritor, poeta, professor e memorialista. Autor de Livros; dentre eles o Livro “Os Estados Unidos de Sobral.” “Tempo de Sol” e “Mais uma Vez.”