Ali estava, brincando em seu balanço. Os raios de sol iluminavam seus pequenos olhinhos azuis e o vento fazia seus finos cabelos loiros flutuarem sobre o céu azul, enquanto balançava de um lado a outro. O sorriso no rosto revelava tamanha felicidade por estar ali. Não tinha amigos, primos ou irmãos para brincar, mas tinha seu fiel balanço. E afinal, por que iria querer algo a mais se o que tinha já lhe era o suficiente?

Um dia a chuva veio, e trouxe com ela a tristeza da garota que não podia mais brincar em seu balanço. Ficou dias sentada em frente a janela, olhando o balanço e aguardando a chuva passar para voltar a brincar com seu querido brinquedo. A chuva se estendeu. Passaram se dias, semanas, meses, anos e nada da chuva acabar.

A garota que um dia esboçou um sorriso verdadeiro, agora crescera uma mulher triste e vazia, tentando preencher o buraco no peito com futilidades e tarefas de trabalho. Os jornais que costumava ler apenas contava noticias sobre violência, corrupção e tragédias, enchendo sua cabeça com uma realidade cruel, desumana e sem cor, igual o jornal de papel que segurava horas e horas, sem ler ao menos um final feliz. Parecia ser uma realidade onde não se tinha como fugir. Pois estava em tudo que via. Televisão, rádio, filmes. Tornando essa triste realidade em uma rotina.

Um dia enquanto andava pela rua, um vento muito forte fez com que seu guarda chuva voasse tão alto que não conseguia mais pegar. Era como se alguém o puxasse com força de suas mãos. O vento foi se distanciando junto com o guarda chuva que sumia cada vez mais entre as nuvens. Foi quando se deu conta de que não chovia mais. O chão ao menos estava molhado. Na realidade estava um ótimo dia de sol. E naquele momento mais uma vez a luz do sol refletiu em seus olhos. Ela tentou avisar as pessoas na rua que continuavam andando cada um com sua individualidade, cabisbaixas e ainda segurando seus guarda chuvas. “A chuva acabou, larguem seus guarda chuvas que o dia está ensolarado! ” mas eles nem mesmo olharam direito para ela, e alguns até comentaram “iih essa é loca!”.

Percebendo que mesmo que insistisse, as pessoas não poderiam entender poque não conseguiam ver tudo aquilo, pareciam hipnotizadas, caminhou de volta para casa e para sua surpresa, ali estava parado o velho balanço e com ele suas melhores recordações.

Sentou-se e ali ficou ficou brincando. Os raios de sol iluminavam seus pequenos olhinhos azuis. O vento fazia seus finos cabelos loiros flutuarem sobre o céu azul, enquanto balançava de um lado a outro. O sorriso no rosto revelava tamanha felicidade por estar ali. Não tinha amigos, primos ou irmãos para brincar, mas tinha seu fiel balanço. E afinal, por que iria querer algo a mais se o que tinha já lhe satisfazia?

Texto disponível também em vídeo através do link: https://www.youtube.com/watch?v=zZeUpUHM7zU