O Auto da Barca do Inferno. Matéria para prova de Enem e Vestibular.
Por Edjar Dias de Vasconcelos | 26/04/2016 | FilosofiaGil Vicente.
1465- 1537.
Peça Teatral de caráter religioso, cujo objetivo representar a ideia do juízo final, sátira forte, com conteúdo moral.
O cenário de fundo, um porto onde encontram duas barcas, sendo que uma delas levava a pessoa ao inferno, a outra ao paraíso celestial.
Portanto, a primeira era comandada pelo diabo, a segunda por um anjo. Com efeito, ambos as entidades esperavam pelos mortos, com a finalidade de conduzirem aos seus lugares devidos.
Vão chegando as almas, a primeira personagem de um fidalgo, representante da nobreza, condenado ao inferno pelos seus pecados de luxuria.
O diabo determinava que o fidalgo embarcasse, entretanto, o referido recusa, entendendo merecedor do paraíso. Com efeito, justificava que muita gente na terra rezava por ele.
No entanto, também é recusado pelo anjo, sem saída, procura convencer o diabo a rever sua amada, pois a mesma sente sua falta. Todavia, não é permitido pelo referido.
A segunda personagem, um agiota, condenado ao inferno por ganância e avareza, procura convencer o anjo ir para o céu, entretanto, não foi permitido.
Sem perspectiva pede ao diabo, que permita voltar a terra, pegar sua fortuna acumulada, impedido entra na barca do inferno.
A terceira personagem, um parvo, tolo, ingênuo, o diabo procura convencê-lo entrar na barca do inferno, quando descobre o destino da embarcação recusa.
Imediatamente procura o anjo, sendo agraciado pela sua pureza, motivo pelo qual é permitido entrar na barca do céu.
A quarta personagem um sapateiro, com seus instrumentos de trabalho, durante sua vida enganou seus clientes, tentou também trapacear o diabo, no entanto, o mesmo é esperto.
Por fim, procura recorrer ao anjo, condenado pelo fato de ter roubado o povo.
A quinta personagem, de um frade com sua amante, feliz por sentir dono do céu, o diabo convida ao inferno, injuriado por ser representante de Deus, procura conversar com anjo, condenado pelo seu moralismo religioso.
A sexta personagem Brísida Vaz, feiticeira, alcoviteira, foi recebida pelo diabo, sendo seu maior bem seiscentos virgos postiços.
Com efeito, virgo é hímen a representação da virgindade, essa mulher prostituiu muitas meninas no uso do postiço vendendo como virgens.
Portanto, procura convencer o anjo, o direito do céu, entretanto, vai para o inferno, condenada por prática de prostituição é feitiçaria.
A sétima personagem, um Judeu como cristão novo, o judeu acompanhado de um bode, aproxima do diabo, entretanto, o mesmo recusa, tendo como justificativa o bode, em direção ao anjo, sendo que o referido foge, acusado por não aceitar o cristianismo, o diabo aceita levá-lo, porém rebocado.
A oitava personagem, os representantes do judiciário, convidado pelo diabo para serem conduzidos, procuram fazer suas defesas, aproximam do anjo, entretanto, condenado ao inferno, por manipulação da justiça.
A nona personagem, o enforcado, vai direto para o inferno.
A décima personagem, por último chegam quatro cavaleiros, lutaram defendendo o cristianismo, foram para o céu.
A moral do livro, a luta entre o bem e o mal, todos aqueles defensores dos bens materiais foram para o inferno, ao céu apenas os cristãos puros, sem apego a materialidade.
O mundo criticado pelo autor, o maniqueísmo, entre o bem e o mal, típico da época retratada.
A obra mostra a transição da passagem do Antigo Regime ao Novo Regime, sendo o mal as formulações do Novo Regime, ligadas a Filosofia Iluminista e o Estado burguês em gestação, todos os vícios associados à sociedade vindoura, condenada por Deus como satânica.
Professor: Edjar Dias de Vasconcelos.