nha: O ATO DE CONHECER NA GEOGRAFIA

Por: Prof. Francisco Carlos

 

INTRODUÇÃO

 

Nossa base de pesquisa é o livro Geografia e Filosofia: Contribuição para o ensino do pensamento geográfico de Eliseu Savério Sposito no capítulo 2, que trata a linguagem como principal ferramenta no encadeamento de idéias que são conduzidas ao cérebro, dando poder de análise e decisão com relação ao objeto a ser apreendido. Muito embora estejamos tratando a questão do conhecimento em si, iremos discorrer também sobre a padronização dos procedimentos e a normatização destes meios de se atingir os objetivos propostos.

O ATO DE CONHECER

Conhecer significa fundamentalmente observar e descrever um objeto, com base em uma análise circunstanciada ou superficial, mas de forma a absorver características e por analogia, emitir conceito e parecer. Para tanto, mesmo que nos utilizemos dos pressupostos da ciência, invariavelmente iniciaremos nossa discussão pelo senso comum, e não temos como fugir desta discussão dentro do âmbito da religião e da filosofia, que permeiam toda esta relação do conhecimento com o objeto, de forma a buscar explicar nossa realidade em relação à teoria do conhecimento. Na busca pela informação nos moldes científicos o que obtemos é o direcionamento da ciência norteando, direcionando as verdades tidas como absolutas no senso comum, mas a ciência com sua base calcada na lógica e experimentos, não podem absorver uma verdade absoluta, pois no direcionamento de suas pesquisas é certo que as teorias podem ser confirmadas, desconfiguradas ou simplesmente encontra-se uma metodologia diferente baseada em fatos que irão destituir o conceito tido como verdade. O conhecimento é assim por definição condicionada socialmente. Desenvolvendo essa afirmação concordamos com Bourdieu (1996, p. 15), quando ele afirma que seu “conhecimento científico se inspira na convicção de que não podemos capturar a lógica mais profunda do mundo social a não ser submergindo na particularidade de uma realidade empírica, historicamente situada e datada”. (Sposito 2004, p.76)

A linguagem por sua vez assume um papel preponderante na relação do conhecimento, pois a conceituação segundo Szamosi: a linguagem permite que o cérebro humano não apenas perceba o objeto no espaço e tempo, mas o represente como conceito, pense a respeito e comunique esses pensamentos. Um fato colocado no âmbito filosófico é o fato do ato do conhecimento com base nos sentidos, existir de forma controversa, ou seja, os sentidos são passiveis de engano, segundo Morin esses erros são de três tipos:

Mentais: cada mente é dotada também de potencial de mentira para si próprio, que é fonte de erros e ilusões e que “própria memória (fonte insubstituível de verdade) é também fonte de erros se explicariam porque “está lógica organizadora de qualquer sistema de idéias resistirem à informação que não lhe convém ou que não pode assimilar”.

Razão: isso pode ser resumido na afirmação de que a racionalidade é corretiva, pois deve permanecer aberta ao que a contesta para evitar que se feche em doutrina e se converta em racionalização... fechada.

Neste sentido não existe uma verdade absoluta, com relação ao conhecimento e principalmente na apreensão do objeto e na conceituação, mesmo dentro de um ambiente controlado quando se utiliza os sentidos, podemos ter distorções de interpretações. Seguindo nesta linha de discussão, precisamos ter alguns cuidados no direcionamento ou na compilação e produção de informações, pois segundo Descartes o método precisa ser seguido de forma firme e coesa, para se atingir o objetivo proposto. Temos então algumas diretrizes básicas que precisamos seguir: atividade compilatória, atividade correlatória, semântica e normativa.

Iremos discuti-las uma a uma, entretanto, no final iremos perceber a relação entre todas dentro da contextualização inerente ao conhecimento.

A atividade compilatória consiste em coletar dados e definir a forma e a ordem de utilização dessas informações. Temos em seguida a atividade correlatória que se iniciam quando temos certeza do levantamento ou da coleta de informações, se faz necessária uma condução destas informações de forma coerente e coesa para produção de nosso texto, logo em seguida trabalhamos a questão da semântica que irá tratar da lógica lexical, ou seja, a ligação e aglutinação entre as informações para dar coerência ao texto. Neste segmento existem alguns métodos: hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico. E por último, mas não menos importante a atividade normativa que na verdade são as normas para produção de texto utilizando-se todos os procedimentos lingüísticos, para o encadeamento perfeito do texto.

 

 

CONCLUSÃO

Pelo que podemos analisar dos procedimentos que discorremos, muito embora pareçam áreas distintas, tem uma relação intrínseca com o todo, enfim o conjunto destes procedimentos é que irão construir o texto dando lógica e sentido na questão do espaço e tempo, que é o objeto de nosso estudo.

Muito embora possamos perceber a relação de proximidade com o desenvolvimento da obra de Descartes, pois os princípios para construção de um sistema de idéias passa necessariamente pela teoria deste pensador.

BIBLIOGRAFIA

SPOSITO, Eliseu Savério

Geografia e filosofia: contribuição para o ensino do pensamento geográfico / Eliseu Savério Sposito. – São Paulo: Editora UNESP, 2004.