Robson Stigar

Um dos argumentos mais antigos e populares para a existência de Deus é o argumento teleológico - que toda a ordem e "objetivo" do mundo evidencia uma origem divina. Hume usou o criticismo clássico do argumento teleológico, e apesar do assunto estar longe de estar esgotado, muitos estão convencidos de que Hume resolveu a questão definitivamente. Um século antes de Darwin! Aqui alguns dos seus pontos:

Para o argumento teleológico funcionar, seria necessário que só nos pudéssemos aperceber de ordem quando essa ordem resulta do desígnio (criação). Mas nós vemos "ordem" constantemente, resultante de processos presumivelmente sem consciência, como a geração e a vegetação. O desígnio (criação) diz apenas respeito a uma pequena parte da nossa experiência de "ordem" e "objetivo".

O argumento do desígnio, mesmo que funcionasse, não poderia suportar uma robusta fé em Deus. Tudo o que se pode esperar é a conclusão de que a configuração do universo é o resultado de algum agente (ou agentes) moralmente ambíguo, possivelmente não inteligente, cujos métodos possuam alguma semelhança com a criação humana. Pelos próprios princípios do argumento teleológico, a ordem mental de Deus e a funcionalidade necessitam de explicação. Senão, podemos considerar a ordem do universo, inexplicada.

Muitas vezes, o que parece ser objetivo, onde parece que o objeto X tem o aspecto A por forma a assegurar o fim F, é melhor explicado pelo processo da filtragem: ou seja, o objeto X não existiria se não possuísse o aspecto A, e o fim F é apenas interessante para nós. Uma projeção humana de objetivos na natureza. Esta explicação mecânica da teleologia antecipou a seleção natural.

Segundo Hume o egoísmo fundado no próprio eu impede de se pensar acerca dos hábitos cotidianos como condutas construídas socialmente. Assim, inicialmenteSegundo Hume esse princípio (egoísmo) afirma que toda benevolência é mera hipocrisia, a amizade um engodo, o espírito público uma farsa, a fidelidade um ardil para angariar crédito e confiança; e que todos nós, ao perseguir no fundo apenas nosso próprio interesse privado, vestimos esses belos disfarces para apanhar os outros desprevenidos e submetê-los a nossas imposturas e maquinações

Sendo desta forma, tudo estaria determinado pela completa ipocrisia e engano. O belo, a arte nada mais seriam do que a tentativa de enganar, ou uma tentativa de enganar o outro de modo a angariar vantagem e ostentar valor em publico.

Parece ser um fato que o aspecto da utilidade, em todos os assuntos, é uma fonte de louvor e aprovação; que essa utilidade é constantemente citada em todas as decisões morais relativas ao mérito ou demérito de ações; que ela é a única origem da alta consideração dedicada à justiça, fidelidade, honra, lealdade e castidade; que ela é inseparável de todas as demais virtudes sociais da humanidade, generosidade, caridade, afabilidade, leniência, misericórdia e moderação. E, numa palavra, que ela é o fundamento da parte principal da moral, que se refere à humanidade e aos nossos semelhantes (Hume, 2004, p. 300).

Neste sentido, é o sentimento de benevolência que em ultima instancia se coloca como fundamento de um ser virtuoso, contudo, Hume aponta que seu ceticismo, se levado a serio suprime ate o sentimento de belo e todo e qualquer conceito sobre arte.

Segundo Hume não há na natureza humana qualidade mais notável, tanto em si mesma como por suas conseqüências, que nossa propensão a simpatizar com os outros e a receber por comunicação suas inclinações e sentimentos, por mais diferentes ou até contrários aos nossos. Isso é evidente, não apenas nas crianças, que aceitam sem pestanejar qualquer opinião que lhes seja proposta, mas também em homens de grande discernimento e inteligência, que têm muita dificuldade em seguir sua própria razão ou inclinação quando esta se opõe à de seus amigos ou companheiros do dia-a-dia.

É a esse princípio que devemos atribuir a grande uniformidade observável no temperamento e no modo de pensar das pessoas de uma mesma nação; é muito mais provável que essa semelhança resulte da simpatia que de uma influência do solo ou do clima, os quais, mesmo que continuem invariavelmente iguais, são incapazes de manter o caráter de uma nação igual por todo um século. Por isso, para que haja uma ordem social adequada é preciso considerar algum valor universal, mesmo que na moral não haja nenhuma relação de causalidade, e considerando também seu constante fracasso em controlar o ímpeto de tristeza e melancolia dos homens.

Segundo Hume a noção de moral implica algum sentimento comum a toda a humanidade, que recomenda o mesmo objeto à aprovação generalizada e faz que todos os homens, ou a maioria deles, concordem em suas opiniões ou decisões relativas a esse objeto. Ela também pressupõe um sentimento universal e abrangente o bastante para estender-se a toda a humanidade e tornar até mesmo as ações e os comportamentos das pessoas mais distantes em objetos de aplauso ou censura, conforme estejam ou não de acordo com a regra de correção estabelecida.

Deste modo a teleologia para Hume não passa de uma mera criação dos homens e não existe nada dado a priori que garantaexistência de um belo de uma concepção de perfeito ou de melhor tudo ma questão de habito social

Referencias Bibliográficas

BRITO, A.N. de.. Hume e o empirismo na moral. Philósophos, São Paulo: 2001.

HUME, D. Investigação acerca do Entendimento Humano. Col. Os Pensadores. São Paulo Abril, 1979.