Resumo: O presente artigo trata da primeira localização de São Cristóvão, fundada por Cristóvão de Barros com um Forte no Morro do Urubu que servia para proteção da Capitania e de Atalaia por dali se poder observar as Costas de Aracaju e Barra dos Coqueiros, tratamos também dos limites territoriais desse primitivo aldeamento, e, que, como poderemos observar continuaram os mesmos após a transferência da Cidade de “São Cristóvão Nova” (onde hoje se localiza) para Aracaju. Falaremos dos rios e riachos do Aracaju, com destaque para o Riacho Aracaju no Manoel Preto, que, após tantos séculos resistindo a ação promíscua dos seres humanos, hoje pede socorro, por estar mais uma vez sendo agredido com construções desmesuradas em suas encostas e até mesmo sendo aterrado. Sem planejamento algum nem preocupação com vultoso crime ambiental. PALAVRAS CHAVE: DEGRADAÇÃO AMBIENTAL; RIO ARACAJU; MUDANÇA DA CAPITAL. Desenvolvimento: A região do Aracaju explica-se pelo primitivo rio Aracaju, que se deve confundir com o Riacho Aracaju ou mais propriamente córrego, hoje agonizando, porém, sangrando incessantemente o seu potencial aquífero, e, que, até meados do século 20 davam as vezes o pomposo título de rio, nem com o estuário rio Sergipe fronteiro à capital, ao qual também se tem dado, embora raramente, o nome do rio Aracaju. Ao córrego ou riacho Aracaju, escoadouro dos brejos das caatingas do Aracaju é que se referiam o Engenheiro Pirro, Laudelino Freire, M. dos Passos e outros, mas, não o verdadeiro rio Aracaju, de que a região tomara o nome. A primeira menção aparecida nas antigas cartas de sesmarias referente ao topônimo Aracaju, vem a 13 de janeiro de 1600 sob a grafia de gauquajú, para surgir depois de 20 de outubro de 1601 com a de arcaiú, e, enfim, a 6 de agosto de 1602 com a forma definitiva de Aracaju. (ALMEIDA, 2002, p. 187) Nas duas primeiras referências citadas, alude-se ao local ou região do Aracaju, e na última a região do Aracaju. Na carta de Pero Gonçalves, de 7 de agosto de 1602, diz-se que “no cabo do rio Aracaju está uma ponte de terra que mete entre dois apecuns. ”(sic) A 6 de agosto de 1602, refere-se na carta de sesmaria requerida por Francisco Rodrigues a “umas a que foram dadas a Gonçalves Alvares e Antônio Guedes no rio de Cotinguiba, ao sul...; começando a medir nas ditas cabeceiras, correndo até o rio Aracaju”. Portanto, ao sul do Cotinguiba vem o rio Aracaju, que é o primeiro rio a encontrar-se à margem direita do Cotinguiba, devendo-se notar que nesse período das nascenças deste até a sua desembocadura no rio Sergipe, em frente a Ilha do Doido. Antônio de Azevedo, em 18 de agosto de 1623, “pede mais todas as ilhas de matos e mangues e mais cousas que houver no rio Aracaju, Cotinguiba e Ganhomoroba, o que tudo pede por devoluto”. (Idem) Câmara Cascudo, analisando o mapa de Barléu, apresenta os afluentes da margem direita do rio Sergipe. De norte a sul, denominados lacareacica, Cotinguiba, Marecaji e Ipoxiguaçu, acrescentando: “não identifico o Marecaji.... Em parte alguma Aracaju. ” Em uma das cartas geográficas do Brasil antigo, que Ivo do Prado publica como sendo “uma ampliação de Barléu sobre a Capitania de Sergipe”, lê-se, de sul a norte, como tributários à margem direita do rio Sergipe, o Ipitanga, em vez do Poxim, seguindo-se o Marecaji e o Cotinguiba, donde se conclui que o Marecaji situava-se entre o Poxim Guaçu ou Poxim Grande, (confundido no mapa com o Pitanga) e o Cotinguiba. Assim sendo, já que não havia nem há outro rio, digno de menção em cartas gerais entre o Poxim e o Cotinguiba, senão o atual rio do Sal, infere-se com certeza que o rio Aracaju é o mesmo rio Marecaji, enfim, o nosso conhecidíssimo rio do Sal. (ALMEIDA, 2002, p. 188) As cartas sesmeiras e geográficas citadas são unânimes em situar no rio do Sal, o denominado rio Aracaju, embora as cartas geográficas de Barléu e sua ampliação registrem a grafia de Marecaji, estropiada explicavelmente por seus autores estrangeiros, em virtude “ das frequentes e, às vezes, quase indecifráveis adulterações de nomes próprios e de termos indígenas, aliás, comuns em outros autores coevos que versaram assuntos semelhantes”, porque escreviam a “língua brasílica” seguindo a fonética de seus idiomas. “O tupi não tinha escrita. Cada gramático ou observador europeu procurou transcrevê-lo no alfabeto de sua língua nativa, com adaptações” (Pe. A. Lemos Barbosa, Curso de Tupi Antigo, p. 27). A região do Aracaju é uma porção de terra de légua e meia em diâmetro, entre o rio Poxim Grande, ao sul, e o Sergipe ao norte, quando neste, antes de chegar ao mar, entra e faz barra àquele, ficando cercada esta barra a modo de istmo, por entre rios, quando se vão unir com o outro e pelo levante e mais largo, rodeada de um grande e invadeável alagadiço que, começando das Ribeiras do Poxim e formando uns apicuns mui parcelados (sic), deixa algum terreno livre para as margens do Sergipe, abundáveis de salinas, das quais se provê toda a Capitania e algumas vizinhas em necessidade.” (Idem, 2002, p. 189) Identificado que agora temos o genuíno rio Aracaju, pode-se corrigir a Jaboatão no que diz “entre o rio Poxim Grande ao sul e o Sergipe ao norte”, porque enxerga-se ter o clássico historiador tomado equivocadamente o antigo rio Aracaju, atual rio do Sal ao norte do Aracaju, dotado de apicuns “abundantes de salinas”, com o rio de Sergipe, corrente ao leste da cidade. Feito isto, verifica-se que a descrição referida identifica perfeitamente, ainda hoje, a região do Antigo Aracaju de 1590, onde Cristóvão de Barros fundou o primeiro arraial com igreja e fortaleza, denominado S. Cristóvão, com os foros de cidade provida com Câmara de Conselho. Temos, por conseguinte, com a primitiva e original região de Aracaju ao norte. A leste, esse território limitava-se pelo rio Sergipe, posteriormente chamado também Cotinguiba, na parte que forma o estuário do porto da capital. Pelo Oeste, seus limites seriam menos precisos, mas, ao que parece, correriam das cabeceiras do rio do Sal, outrora rio Aracaju, até certa altura do Poxim, perfazendo cerca de légua e meia quadrada ou “em diâmetro”, na linguagem de Frei Jaboatão. A tendência de se observar a homogeneidade destes limites naturais conservou-se através da criação da freguesia e da Vila de Nossa Senhora do Socorro da Cotinguiba (ou, Tomar da Cotinguiba), do distrito da Delegacia de Aracaju, na parte confinante com o município e paróquia de S. Cristóvão, correspondendo a “uma porção de légua e meia” para cada lado, aproximadamente, quanto vem a ser a área da região do Aracaju de 1590, referida por F. Jaboatão. Os indígenas povoadores da Capitania de Sergipe costumavam dar, aos rios e aldeias da terra, os nomes de seus morubixabas. A usança fixou no rio Sergipe o nome do Cacique Ceriji, comunicando-se ao território todo, bem como nos rios Japaratuba, Siriri e outros, os nomes desse principais (sic,) e, ainda, a Aldeia de Pacatuba, Moribeca e outros, segundo refere a tradição. [...]