O AMOR PLATÔNICO DA DONZELA RITINHA COM O APRESENTADOR DO JORNAL NACIONAL

 

 

Um causo aqui vou lhe apresentar

Que aconteceu na minha região

Do meu Ceará querido a contar

E alimentou a população

Do amor de uma donzela

Com um apresentador de televisão.

 

Ele: Jornalista elegante

Sempre de paletó na apresentação

Um bom partido; endinheirado

Apresentador de televisão

Porém muito apresentado

Bate Recorde com a população.

 

É um homem vaidoso

Sempre de cabelo penteado

Com uma mecha branca no cabelo

E boa prosa e fraseado

Tem um bom enredo

E não sabemos seu passado

 

Ela: moça vaidosa

Porém virgem e elegante

Já passou dos quarenta

Com sorriso brilhante

Mas nunca se apresenta

Por motivo determinante

 

Sempre sonhou em um príncipe

Igual a conto e de novela

Mais por ser muito exigente

Ninguém chegou a ela

Espantando seus pretendentes

Mas nada interessou a donzela

 

A história acontece no Ceará

Ainda menina era cheia de mania

Muito paparicada na cidade

E em toda freguesia

Desfrutou sua mocidade

Alimentando sua fantasia

 

O tempo foi passando

Na pequena cidade

Os rapazes se casando

E ela perdendo a mocidade

Muito já namorando

E Ritinha galopando na idade

 

Seus pais preocupados

Da donzela nada de casar

Fez promessa a Santo Antônio

Pra um noivo ela arrumar

Ofereceu seu patrimônio

A quem com ela se aprumar

 

A promessa passou

E o tempo não espera

Com Ritinha impaciente

Ficando muito tagarela

Só queria um noivo bonito

Pra casar com a donzela

 

Donzela aqui é menina

Que já passou a juventude

Aos dezoito anos de idade

Vai embora sua virtude

O povo fala na cidade

Ta encruada na atitude

 

Moça de muito valor

Ritinha era arredia

Não se misturava com muitos

Escolhia o que vestia

Tinha poucas amigas

Só a TV assistia

 

Queria escolher um bom homem

De preferência doutor

Mas a região não oferecia

Apareceu um agricultor

Rapaz de família conhecida

E homem de muito valor

 

Com o rapaz não deu certo

Seu namoro não vingou

Era ele muito tímido

E a coisa encruou

A donzela muito exigente

E o rapaz não aprovou.

 

Chegou à campanha pra prefeito

Era ano de eleição

Nomearam o filho do governador

Pra prefeito da região

Ele bonito e namorador

Um verdadeiro charlatão

 

Ela muito interessada

No rapaz namorador

De sua mãe veio a reprovação

Minha filha esse aí é enrolador

Pra você ele não lhe serve não.

 

Ritinha ficou triste

Com a tal situação

Nada de noivo encontrar

Procurando naquela região

Maínha assim vou encalhar

De rapaz só tem o sacristão

 

A mãe muito preocupada

Procurou uma rezadeira

Pra falar com Ritinha

E tirar-lhe essa besteira

Menina ainda tem tempo

Para de falar asneira

 

Sua melhor amiga

Aprontava-se pra casar

Ritinha foi pro casamento

Nenhum partido a lhe apresentar

E fazer nenhum juramento

Ela passou noite chorando

Por esse santo sacramento

 

No dia do casamento

Grande festa no Buffet

As donzelas se juntaram

Pra receber o buquê

Quando jogaram as flores

Não souberam o porquê?

 

A festa foi uma beleza

Pra Ritinha procurar casar

Mas só lhe trouxe tristeza

Não conseguiu enamorar

Mais uma prova e certeza

Não tem rapaz pra casar

 

Com a tal necessidade

Ritinha foi a Televisão

Agora era sua chance

De arrumar um partidão

Não deu certo outra vez

Foi uma grande decepção

 

Na cidade onde morava

Ritinha ficou falada

Não saia de casa

Passava noite na calçada

Balançando a cadeira

Tirando terço e pedindo graça.

 

Foi se apegar a São Francisco

Acompanhou a novena

Estava lá de véu e grinalda

Parecia uma Seriema

Com vestido muito longo

Na praia de Iracema.

 

Um dia ouviu na TV

Um concurso para casamento

Tinha pra mais de mil inscritos

Pra tal relacionamento

Mandou sua melhor foto

Nesse canal de entretenimento

 

Meses se passaram

Ritinha ficou aflita

Não tenho sorte pra homem

Confessarei com um jesuíta

P’ra minha amigas não zombem

E não torne uma pasasita

 

A donzela insistiu

Procurar na televisão

Estava muito carente

No sonho teve uma visão

Casando com o apresentador

Do Jornal Nacional um pão

 

O fato foi alimentado

Em noites a sonhar

Do amor platônico

Ritinha veio se relacionar

O povo ficou atônito

De Ritinha enamorar

 

A notícia se espalhou

Do namoro virtual

Partindo na cabeça da donzela

Do namorado em cadeia nacional

Ele um apresentador belo

Do Jornal Nacional

 

A ficção virou notícia

Pois Ritinha passou a creditar

Do seu namorado elegante

Sem querer abafar

Ficou muito ofegante

Na cidade ter o que falar

 

Dia desses em frente à TV

Estava com sua melhor amiga

Ela agarrada com a televisão

Parecia uma lombriga

Ritinha pronta e perfumada

Com feromônio de formiga

 

Anos se passaram

Ritinha não saiu do caritó

O caso dela se agravando

Fazia tempo e dava dó

O amor platônico avançando

Imitando o conto do galo e galinha carijó

 

E a história não terminou

Do amor surreal

De Ritinha com seu namorado

Apresentador do Jornal Nacional

Um amor platônico enrolado

Na cidadezinha de Sobral.