O AMANHECER

                                                        AUTOR: Paulo Roberto Giesteira

Amanheci tão triste com a vontade de chorar,

Lembrando de músicas angustiantes de fossa pra mais me consolar.

Debrucei na janela, pensativo a cada moça bela

Que da minha imaginação via passar.

Numa rua distanciada ao silêncio, desperdiçavam os olhares alegres,

Que fitavam pra uma aproximação a alcançar.

As árvores parasitadas aos desperdícios dos destroços,

Pareciam um infindável enterro dos ossos,

Deixado pelo tempo em festa que foi a acabar.

Muitas casas vazias de portas fechadas ou abertas,

Era como um sistema alusivo de alerta,

Por não haver batidas pelo silêncio que acalentava o ar.

Nos lugares que pareciam estar floridos,

Nem uma flor com o seu pudor recém saído,

Pra que de um broto uma linda flor venha a desabrochar.

Parecendo realmente um inesgotável trabalho alqueive,

Com entulhos espalhados por todos os espaços de algum alqueire,

Pra dali algo surja pra se cultivar.

E eu sentado a uma sequer cadeira de balanço,

Lembrava desse inesquecível sonho,

Que tirou o meu sono pra fazer eu acordar.

Que de conclusão, tudo foi como besteiras,

Porque muitos ventos levaram as poeiras daquele difícil lugar.

Estampado com um sorriso,

Pensei neste nosso paraíso que é um mundo imenso pra se gostar.

Esqueci deste sonho em que me ponho a meditar,

De todas estas tristezas nada tira a beleza das cores que desfilam sobre cada olhar.

Das tristezas guardo alguns ressentimentos dos tormentos

Que vieram a tudo me custar.

Porque me ponho num lindo sonho,

Feliz, alegre e contente a comemorar.

Pelo imenso prazer a desfilar,

Do real que é o sentido de vida e de viver de cada lugar,

                                                       Isto é que nos faz a animar.