O ACARAÚ

 

Rio dos aborígenes

Na invasão dos Portugueses

Dos  virgens sertões

Terras nativas dos sesmeiros

Dos sabiás laranjeiras

O leito adormecido

Em sol ardente

Na criação de gado

Onde implantava uma fazenda

A fixar um homem branco.

 

Na margem,

O rio deleita

Debruça-se lento

Bombeado pela Mãe Natureza

Segue seu rumo,

Improvisa sua missão.

Rio das Garças.

Rio de Iracema! De Luzia-Homem!

Em águas turvas

Nascente da água-pé

 

Das lavandeiras matinais,

Levadas pelas canoas a fio,

Vai embora,

Vem a esperança,

Mata a fome do ribeirinho,

Traz o pão à mesa do sertanejo,

O homem o desagrada. Polui

O rio Chora!

Solta lágrima luzente

Na Serra das Matas.

 

Vem a chuva,

Leva tudo, bate à sua porta

O homem se revolta,

O rio dá volta e meia,

Retrocede! Contorce-se

Agora agonizante

Entra em transe

Respira!

Lava os seixos empoeirados

Segue seu rumo.

 

José Wilamy Carneiro é professor, poeta, escritor, memorialista e cronista.