No séc XVII já se viviam os tempos modernos, mas o medievalismo ainda não tinha sido extinto nem estava enterrado. Ainda sobrevivia na política e na economia.

A superação das ideias medievais aconteceu com o movimento Iluminista. Foi a forma como os intelectuais e pensadores da política e da economia propuseram e instalaram os alicerces dos tempos modernos. Era uma nova filosofia para novos tempos. O poder político passou a ser exercido não mais pela nobreza, mas pela burguesia; a economia deixou de ser fundamentada na posse da terra (os feudos) e ganhou os contornos do capitalismo. A fonte da renda passou a ser a posse do capital não mais a ostentação nobiliárquica. A posse da terra deixou de ser sinal de luxo, passou a ser possibilidade de lucro.

Mas, possivelmente, foi a filosofia a grande propulsora desse avanço. Ela alicerçou a ciência que produziu inovações tanto na física como na medicina, tanto na economia como nas artes. Em tudo ocorreu uma profunda transformação transformando mentalidades de forma que a razão (ou seja a capacidade humana de entender o mundo) passou a ser mais importante que a religião.

Nesse novo mundo as relações sociais e os fenômenos da natureza deixaram de ser vistos como obra dos deuses e passaram a ser interpretados a partir de sua mecânica, e na mais perfeito forma racional.

É verdade que os tempos eram outros e talvez por isso foi que se decidiu condensar os saberes numa coleção de livros chamada Enciclopédia. Essa obra foi importante, não tanto pelo volume de conhecimentos, mas porque podia ser contraposta à bíblia e aos filósofos clássicos. Aristóteles deixou de ser “O Filósofo” como o denominara Tomás de Aquino, para florescer a filosofia de Voltaire, de Montesquieu, ou das pesquisas de Lavoisier, entre tantos outros...

Os tempos eram outros, mas ainda estava apenas começando. A luz da razão já se havia acendido, mas ainda era apenas uma pequena chama prometendo se espalhar até, mais tarde, virar uma enorme fogueira que ganharia dois monumentos complementares entre si e que batizariam o mundo germinal: revolução francesa e revolução industrial.

Foi ai que se instalou a encruzilhada do mundo atual: avanço tecnológico em direção ao infinito de possibilidades e a decadência dos valores humanos em direção a um abismo inimaginável...

Neri de Paula Carneiro

Mestre em Educação, filósofo, teólogo, historiador

Rolim de Moura - RO