NOVA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO, ESCOLA E DEMOCRACIA

 

Caetano Luíz Foroni

Clarice Ferreira da silva

Gabriela de Souza Sena

Gilberto José da Silva

Tobias Lourençoni da Silva

 

Conceituar educação não é fácil, trata-se de um conceito complexo, que apresenta várias definições, como a de simples transmissão de conhecimento.  Sabe-se do equívoco dessa rotulação, e, uma vez desmantelado esse conceito pueril, identifica-se a educação como desenvolvedora da capacidade de promover o protagonismo do educando como autor de sua própria trajetória acadêmica. Encerrando, de vez, os arcaicos modelos de educação bancária, largamente discutidos e criticados nas bancas pedagógicas.

A educação contemporânea, fundamenta-se no compromisso de formar cidadãos conscientes, pleno de direitos e deveres, com capacidade de exercer sua cidadania de forma objetiva, propiciando seu crescimento profissional, familiar e social.

A escola deve ser uma instituição democrática em toda sua plenitude, permitindo o livre pensamento e suas manifestações, propiciando a geração de novos conceitos, questionando os conceitos pré-estabelecidos e produzindo conhecimento. Não se reduz em escola democrática politicamente, embora a política faça parte da escola viva. Refere-se a uma escola onde todos, discentes e docentes, tenham acesso a liberdade de produzir, adquirir e exercitar o conhecimento.

Portanto, quando se fala em democracia da escola, todos os elementos que dela participam deveriam construir o currículo, que deve espelhar as necessidades e os anseios da comunidade escolar e não as necessidades do capital. E cabe ao professor, papel relevante nesse processo, como elemento essencial na relação escola e sociedade.

Nas últimas décadas temos visto surgirem vários projetos e programas com o intuito de promover a melhora da educação no país, com o objetivo de melhorar nossa posição nos índices mundiais de educação, mas ainda não logram o êxito esperado, já que novamente não houve o compromisso de promover uma equidade no acesso e na permanência na escola.

Porém, por uma questão política, o número de negros com ensino médio completo aumentou, mas não de forma satisfatória e ainda apresentam pouca mobilidade social, permanecendo na linha da pobreza.

É essa pobreza, que está sendo alijada da segregação do conhecimento, cada dia mais as classes menos favorecidas estão ficando distantes da educação de qualidade. Qualidade no que diz respeito a possibilidade de erradicação da pobreza e da miséria convivendo mutuamente com um crescimento sustentável respeitando o meio ambiente.

A democracia pressupõe participação popular no rumo da sociedade, com poder de veto nas decisões determinantes ao progresso da nação.

Este regime presente em nosso país sempre operou com víeis ideológicos, sob a perspectiva de interesses particulares. Com a redemocratização do país, após a experiência trágica de um regime ditador, o cenário foi redesenhado por uma via democrática neoliberal, seguindo como sombra das grandes potências ocidentais.

Postado com discurso integralista, a democracia neoliberal motivou muitos pessoas em busca de espaço nas diferentes esferas da sociedade. Campanhas de enfretamento ao preconceito, racismo, pobreza, misoginia saíram mundo a fora buscando modificar o modelo retrogrado de limitação de participação coletiva. Neste caminho a escola aparece como espaço para discussão e problematização das diversas situações advindas dos conflitos, segundo Maria e Tânia (2014), é no espaço escolar que aprendizagem, vivências cidadãs e democráticas se encontram e abre possibilidades para sensibilização de todos para o respeito à individualidade e as diferenças.

Para Maria e Tânia (2014, pág.35) “no Brasil ainda há avanços e recuos, progressos e retrocessos quanto à implantação dos direitos a cidadania e democracia, devido a uma herança histórica que estabelece distinções, discriminações e preconceitos”, nisto a LDB (Lei de diretrizes e bases) 9393/96 no seu artigo2 já garante propostas de trabalho na educação voltada para o respeito à diversidade humana, linguística e cultural, porém o grande gargalo ainda se encontra na prática do dia a dia.

Essas reflexões acerca da educação, escola e democracia nos leva à questão primordial que envolve estes três conceitos: como a escola pode favorecer uma educação voltada para a democracia?

Para responder a esse questionamento precisamos pensar como esta escola deve ser em seus diferentes aspectos: currículo, prática docente, concepção de avaliação, organização espacial, entre outros. E para pensar acerca de tantos ângulos que envolvem o ambiente escolar, precisamos nos remeter à ideia de escola que queremos alcançar. Uma escola para todos, com qualidade e que forme o cidadão crítico e reflexivo, atuante na sociedade em que vive. Este ideal de educação encontra obstáculos no atual contexto social em que estamos inseridos. Vivemos em uma sociedade tecnológica sobrecarregada de informações, sendo estas fornecidas em uma velocidade que muitas vezes não possibilita uma reflexão crítica. Nesse aspecto a escola é lócus fundamental para promoção da aprendizagem que é diferente da mera transmissão de informações. Aprender envolve reflexão, criticidade, construção e é diferente da prática cega, do fazer alienado que está tão presente na atualidade, em que uma avalanche de informações são veiculadas pelas redes sociais e os indivíduos as replicam como verdades, sem reflexão, sem interpretação, sem criticidade. Esse fazer alienado é ambiente favorável ao autoritarismo e é justamente nesse ponto que a escola se destaca como ambiente propício à reflexão, ao pensar, ela é o espaço para a mediação entre o fazer e o agir. Somente a ação refletida é capaz de nortear os indivíduos em direção à democracia e para isso o professor é peça chave na promoção dessa consciência crítica que promover a emancipação dentro de um ideal de coletividade, construído na discussão coletiva e considerando a individualidade, diversidade e autonomia de todos os envolvidos. 

 

A escola sendo o espaço formal por onde as pessoas são apresentadas aos conhecimentos que a humanidade vem acumulando historicamente, sistematizados e selecionados de acordo as condições materiais de produção das relações humanas, faz uma mediação entre o significado dado aos processos sociais e as relações que moldam a sociedade.

Neste sentido é um local de excelência para transmitir e produzir com as futuras gerações, os saberes e conhecimentos necessários para a melhoria de condições de vida da humanidade, até mesmo de todos os seres vivos do planeta, sendo um marco histórico nos avanços e conquistas civilizatórios das relações entre as pessoas, a construção e adoção dos direitos humanos, trazendo uma nova perspectiva de justiça social, garantindo direitos sociais e acesso a condições de cidadania.

Conclui-se que educar demanda encontros que devem considerar a singularidade dos sujeitos, a pluralidade de ideias, contextos e formas de construir a existência, sendo um ato completamente vinculado a trocas, se tornando um momento fértil para construir relações pautadas em escuta, diálogo e reflexões, que contribuem na formação de pessoas capazes de agir socialmente, compromissadas com uma cultura de consolidação do processo democrática, da formação escolar voltada par a formação de cidadão.

 

Referências

 

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. Brasiliense, 2017.

MARTINS, Rosilene Maria Sólon Fernandes. Direito à Educação: aspectos legais e constitucionais. Rio de Janeiro: Letra Legal, 2004.

DE OLIVEIRA TOMINAGA, Mirta Rie. Políticas públicas por dentro. Quaestio-Revista de Estudos em Educação, v. 16, n. 2, 2014.

ZLUHAN, Mara Regina e RAITZ, Tânia Regina. A educação em direitos humanos para amenizar os conflitos no cotidiano das escolas. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (online). Brasília, v. 95, n. 239, p. 31-54, 2014.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394/96. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em 0