Eu sou uma amadora — exerci uma atividade não renumerada, porque eu gosto daquilo. 

Amadora eu, que exerci essa atividade por quase um ano. Um ano em que amei uma pessoa e não recebi nada em troca. Um ano de total postura em um relacionamento a dois, um ano de honestidade completa, um ano que me dei completamente à alguém. Mas eu? Eu sou amadora — não recebi nada em troca. Nem se quer verdades.

Ontem meu mundo desabou. Eu vivia num conto de fadas que, quase sempre, era esmagado pela realidade com suas enganações, infidelidade e guerra. E ontem, esse conto de fadas teve um fim. E eu também acreditava que todo conto de fada tinha um final feliz — ah, pobre amadora!

Pobre amadora essa que acreditou que faria a diferença até o último segundo, mesmo que não fosse por agora. Amadora essa que deu diversas chances e sempre que botou a mão no fogo, queimou; sempre que deu a cara à tapa, apanhou. Amadora que viu o melhor nas pessoas, mas que essas mesmas pessoas colocaram o pior delas, nela. Pessoas que lhe fizeram tão mal mas que a voz não falhava quando conversavam com ela, o sentimento de culpa não batia mesmo quando olhavam nas suas profundas íris verdes — quem diria que os olhos realmente mentem? Triste amadora.

Triste amadora, sempre achava que quando alguém faz errado, sente um sufoco tão grande, que acaba cedendo, procurando fazer o bem —  mal ela sabe que as pessoas são ruins. Que infortúnio, amadora! Quantas pessoas cruéis em um tempo tão curto.

Deixou claro que valorizava a verdade, e lhe deram mentiras. Mentiras essas, que foram ditas nos olhos, seguindo de um “eu amo você”. Mentira essas que não foram contadas só por ele, mas por todos os envolvidos — ah, esconderam tudo da amadora, pobre apaixonada.

Desditosa amadora, teve o coração rasgado. 

Ninguém se importou.