Nossos adolescentes, pelo ponto de vista pedagógico.
Publicado em 16 de setembro de 2018 por Melissa Andrade Trinchão
Introdução
Defrontamos todos os dias com situações peculiares que são frutos da modernidade e do exagero de informação mal direcionada, principalmente no meio educacional no qual os adolescentes se reúnem trocando experiências e socializando.
Vivemos em uma sociedade de consumo que faz apologia ao consumo e a busca do prazer no qual os princípios morais, assim como os valores, muitas vezes são esquecidos e depreciados.
Muitos autores afirmam que estamos vivenciando uma fase delicada na concepção dos nossos adolescentes. Sendo de suma importância os envolvidos no meio pedagógico terem formação necessária para observar, avaliar e mediar conflitos possíveis e criar meios no qual os alunos recebam instruções necessárias e adequadas.
O trabalho a seguir é baseado em conflitos reais principalmente como o bullying, uso de álcool, sexo precoce entre tantos que surgem na sociedade e, principalmente nas escolas. Partindo de temas relacionados aos adolescentes, no qual existem várias questões a aprender, conhecer e respeitar.
Desenvolvimento
Os adolescentes vivenciam várias transformações físicas, biológicas e emocionais, surgindo conflitos internos como um desequilíbrio gerador de tensão, principalmente quando algo não os agradam ou não está dentro dos padrões impostos pela sociedade (como excesso de peso por exemplo) e esta característica é motivo de problemas em sua socialização.
Nesta fase de transição entre a infância e a vida adulta, os adolescentes têm dúvidas e medos e, ao mesmo tempo, querem se impor na sociedade como pessoas participativas. Porém alicerçados no anseio desenfreado e a ausência de respeito ao próximo, surgem conflitos pela falta de maturidade adequada e o próprio conhecimento do seu corpo e seus limites.
Surgindo conflitos como o bullying, depressão, uso precoce de álcool e de drogas e afins. Nos deparamos todos os dias com relatos de conflitos entre adolescentes em todas as mídias, a exemplos os casos de bullying muitas vezes com trágicos desfechos. É preciso reforçar que o bullying não é normal, não faz parte do “crescer”. Antes de falar com os adolescentes sobre bullying é importante que os pais, professores e os envolvidos conheçam esta realidade.
O bullying é uma forma de violência intencionada e caracterizada pela repetição da agressão podendo ser física ou psicológica. E as consequências para os adolescentes que sofrem bullying são impactantes na sua formação emocional, física, cognitiva; surgindo evidências de que as agressões na infância e adolescência repercutem na saúde física e mental da fase adulta.
Alguns relatos apontam que o uso precoce de álcool, tabaco e outras drogas por adolescentes estão associadas ao enfrentamento de agressões físicas e psicológicas como o bullying no qual, a vítima procura canalizar a depressão e a frustação no consumo de bebidas alcoólicas e muitas vezes de substâncias que funcionam como medicamento, comercializados livremente em farmácias, mas quando utilizados indiscriminadamente e em excesso, podem ser nocivos ou letais. Não se pode esquecer de que, em qualquer quantidade, as bebidas alcoólicas são substâncias tóxicas e que o metabolismo dos adolescentes faz com que seus efeitos sejam potencializados.
Hábitos saudáveis e não saudáveis tendem a ser mais duradouros quando adquiridos na adolescência, no que se refere tanto ao uso de drogas, tabaco, álcool quanto à prática de esportes e boa alimentação. Por esses motivos a comunicação entre os envolvidos, o diálogo entre os pais e o meio educacional é de importância mensurável.
Os adolescentes têm várias questões a aprender, conhecer e, se eles têm idade para perguntar, também tem idade para ouvir. Apenas proibir, não adianta. É preciso conversar com eles, expor-lhes a preocupação com sua saúde, segurança e sua vida.
Os envolvidos na sua formação (escola, mídia e família) devem falar adequadamente, criando credibilidade e promovendo reflexões com a finalidade de sistematizar a ação no trato de questões sobre os conflitos que estão vivenciando. Principalmente quebrando tabus sobre sexo e sexualidade, pois nessa nova fase também ocorre o desenvolvimento psicossexual: libido, o desejo, a energia está na base das transformações sexuais e no prazer e, os adolescentes não tem controle para lidar sozinhos com suas necessidades primitivas sem o conhecimento e informação adequada.
Desse modo a escola, por promover a reunião de vários adolescentes e ser um espaço político importante, pode tratar dessas questões. Propiciar conhecimentos necessários para que os adolescentes encontrem um ponto de auto referência e saibam lidar com essas questões de maneira consciente e autônoma, respeitando as diferenças e superando preconceitos ditados pela sociedade.
Novos paradigmas deverão ser criados e trabalhados nas escolas sobre sexo e sexualidade de forma transdisciplinares e envolver todas as disciplinas, principalmente a moral e ética.
O desenvolvimento da personalidade dos adolescentes, com suas novas percepções e descobertas são resultados das interações com o meio, seus atos e aprendizagem.
Assim sendo, tudo o que somos e fazemos está envolvido de valores e, buscamos a expansão de si. Os adolescentes quando tomam consciência de si como pessoa, passam a fazer a representação de si. Criando valores morais, que implicam julgamentos, decisões e visão de autoestima.
Os valores que os adolescentes herdam da sociedade envolvem um processo de escolha e reflexão, qual a educação moral deve ensinar valores de forma a se tornar parte das representações de si (autoestima) e nortear de forma adequada a construção de sua personalidade. Implicando inclusive o respeito ao próximo e a solidariedade.
Defrontamos todos os dias com o exagero de informação mal direcionada, porém quando tanta informação é transformada em conhecimento é possível criar várias possibilidades de pensarem sobre suas ações, expressarem o que sentem em um conflito entre pares e exercitarem a empatia e a afetividade.
Considerações finais
Em virtude dos temas abordados nos seminários sobre adolescência e seus conflitos percebe-se uma das dificuldades mais comuns entre os adolescentes que é de conseguirem entender as mudanças que acontecem nessa fase da vida.
Quando somos crianças as regras são ditadas pelos adultos e o futuro é uma palavra que remete algo muito distante. A adolescência marca um período em que o futuro parece ter chegado. Ocorrem transformações biológicas e emocionais, mudam os interesses, as exigências, mudam inclusive as relações. Diante disso, a sensação de incompreensão vivida pelo adolescente é comum. A insatisfação com vários aspectos de suas vidas, as incertezas sobre o amor, sexo, sexualidade, socialização, moralidade, valores e as angústias em torno do seu novo momento.
Dessa maneira é de suma importância a presença ativa da escola e da família orientando e norteando os adolescentes. Pois à medida que compreendem melhor e percebem com mais clareza suas dificuldades, as relações com as outras pessoas se tornam mais fáceis, e a sensação de incompreensão diminui. Os conflitos não desaparecem, porem com o suporte adequado, os adolescentes saberão lidar com seus conflitos.
Referências bibliográficas e referências de vídeos:
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