NOSSA VALENÇA: A VALENTE VALENÇA DE TODOS NÓS!!!!!!

Janete Vomeri [1]

A Valente cidade de Valença, como seu nome preconiza é a Valença de muitos que aqui chegam. Não desmerecendo os que acreditam no lendário, através do nome, porque como a sua história e fontes documentais, fundamentam que o nome Valença  advêm do 4º Marquês de Valença, D. Miguel Afonso, governador da Bahia, que manda abrir as estradas de Areia (atual cidade de Ubaíra) até o litoral, interligando o sertão a linha litorânea na vila de Valença. Por conta deste fato, o então Marquês é homenageado por Baltazar da Silva Lisboa, Ouvidor, a nossa Valente Valença recebe este nome, porém hoje com seus entraves sociais, disfunções orgânicas, política e ainda muito mais, é um oásis dos que buscam um lugar revigorante.

A nossa Valença, o lugar que mesmo dando volta ao mundo queres voltar e rever o povo deste lugar. É um lugarejo, é uma vileta, é uma cidade, é o nosso lugar. Viver Valença é pulsar nas veias o sangue dos antepassados, índios, negros e brancos que aqui deixaram suas marcas e suas histórias, seus refúgios, suas culturas e suas memórias.

Lembro da minha infância quando meu pai, o saudoso Luizinho do Lava Pés dizia: “Vem muita gente para Valença. Aqui é só ir ao mangue que ninguém morre de fome”. É verdade! Apesar de grande parte dos manguezais serem desmatados para a construção, na época da Andada[2] ainda nos bairros do Jacaré e Novo horizonte, a população pegava os caranguejos e guaiamus [3] para comerem um delicioso escaldado[4], da famosa lambreta que era apreciada nas tardinhas de sexta nos bares da orla, e dos recantos da  Valença.

São muitas coisas a contar da vida da nossa Valença e da Valente Valença. São muitos encantos e desencantos, são tantas mazelas, mas são tantas alegrias. E o objetivo é este, falar destas alegrias de viver Valença e observá-la através da lente de um olhar absolutamente deslumbrante do mirante do Amparo, que descortina ao longe um dos mais belos cenários da natureza, o estuário do rio Una, a Ponta do Curral, confirmando a história que Valença nasceu lá, as Três Barras vista do cume da rua do hospital, o lânguido e calmo rio Una que corre em sentido ao mar, as pontes da CVI, Luis Eduardo e General Inocêncio Galvão, que ligam os bairros do Pitanga, do Centro, ao lado do São Félix. A Vila Operária construída com as décimas dos operários, descaracterizada, mas a sua história continua por lá, o canal de Taperoá e de Tinharé, a vista da Vila de Galeão, Gamboa e Morro de São Paulo, não são de Valença , mas dela se serve para receber visitantes

A dança da noite com suas luzes da orla a confirmam: Valença não dorme, apenas fecha os olhos para descansar. Viver Valença é senti-la pulsar, pulsando tão forte como o velho tear, que hoje moderno parece voar, voar, voando e tecendo a tessitura da vida de velhos e de novos operários que já  labutaram por lá.

E a sua Industrialização começou com o “bum” de um surto nos idos de 1847, com a instalação da Todos os Santos, primeira fábrica de tecidos finos de algodão e movida à energia hidráulica do Brasil, hoje confirma a história, as ruínas lá perto do rio Pontaleão, suas arcadas seculares não nos deixa mentir, continuam sempre fortes, só o tempo as fará ruir. Esta é sua Valença da industrialização, que a historia conta com tanta emoção e nas suas ruínas a beira do rio retratam uma era de grande produção, que representa um momento, instante de criação.

Era assim a sua Valença, uma tábua de salvação, um lugar de labuta e muitas criações. Nossos poetas como José Malta, Nilton Libertador que já se foram e dos atuais que aqui estão: Mostram nas suas palavras o quanto amam de coração.

Os nossos poetas que não cansam de poetar: de Mustafá Rosemberg, Amália Grimaldi, e Macária Andrade. Outros tantos que aqui tem, porém que de encantos e poesias, como Valença não tem.

E para falar de Valença, proseando[5] com o povo, não se esquecer das senhoras e senhores, que fizeram a educação, nossas queridas professoras e professore lembranças de uma época de emoção: Maria José Pinto, Maria José Pacheco; Professoras Jana, Rosa, Pretinha, Edna Xavier, Margarida, Celeste Moura, Raimundinha, Perpetinha e professor Taquary, para não desmerecer nenhum deles, que fizeram a educação, cito a precursora Adelaide Josefina, que pelo  Imperador D. Pedro II foi visitada e este registrou a classe que ministrava.

A sua Valença, a minha Valença, a nossa Valença tem tanto a contar, conta a sua história nas ruas e vielas deste lugar, porém canta o desalento da violência que assola este oásis e dizes: “Como era bela a Valença dos que já foram como seria bom ter um consolo, uma perspectiva, algo a esperar”.

Grita Valença, o grito dos desesperados, é um grito roço, quase não se ouve, parece cansado. Clama o povo desgraçado, Valença minha Valença, onde estás que não responde, renasce das cinzas como a Fênix e se refaz como dantes.

Valença querida, do meu coração, eu conto sua história com imensa emoção. Relembro da minha infância nas ruas com pedras, altas e baixas, correndo feliz e descalça, pulando da ponte da CVI, caindo no mangue que estava aqui e ali, da passarela que passávamos quando saímos da escola, ligava a graça à antiga orla. Hoje é apenas uma foto a lembrar nos acervos dos que amam este lugar.

A minha Valença ainda está aqui, nos nossos corações e prédios a ruir, porém conclamamos a todos que amam este lugar, vamos reviver a Valença, àquela que vivemos e agora vive nos sonhos dos que amam este lugar. Expectativa de um novo governo esperança em uma nova mão, mão feminina como grande parte desta população. A 1ª MULHER NO PODER EXECUTIVO: Um olhar feminino no Executivo de Valença-Bahia, uma perspectiva de “cor rosa”, como o florescer das flores do mesmo nome, um renascimento, frente a nossa Valença que conto nestas laudas simples de uma apaixonada por este lugar.

Com o seu surgimento lânguido e calmo  por volta de 1.560, com nome de povoado do Una, foi crescendo. Muitas idas e voltas sucederam invasões, destruições, guerras e tentativas, por longos períodos eram por piratas e corsários sua guarida.

Valença é um nome feminino, foram séculos do homem no poder. Surge pela primeira vez uma mulher para liderar os destinos desta terra. Da zona rural ela emerge, com sua simplicidade  galga o caminho da universidade e volta a seu  lugar. Aqui realiza um trabalho, promove o social, deixas marcas no caminho e com seu jeito simples, torna-se a primeira mulher a governar os destinos deste lugar. E amanhã, como diz a música, será um novo dia da mais louca alegria que se pode imaginar. Alegria de sonhar um sonho possível, deixando a emoção rolar. Já vivemos a razão dos homens, pitadas de emoção pode ser a forma de conseguirmos mudar a Valença que sonhamos e desejamos para nossa prole. Um farol rosa no caminho de Valença é a expectativa dos que acreditam em um 2013 cheio esperança, tão feminino quanto Valença e  sua prefeita eleita.



[1] Janete Pereira de Sousa Vomeri, Brasileira, Valenciana, Casada, Mãe. Pedagoga Escola/Empresa, Especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior, Licenciada em História, Psicopedagoga Institucional e Clinica. Coordenadora do memorial da Câmara Municipal de Valença-Bahia, Professora de Cairu-Ba.

[2] Andada – período onde os caranguejos saem para acasalar e reproduzir.

[3] Guaiamus – espécime de crustáceo conhecido vulgarmente de caranguejo azul.

[4] Escaldado – pirão feito com farinha de mandioca e o caldo fervente , onde fora cozido o caranguejo, após é incorporado , um pouco de Azeite de dendê e leite de coco.

[5] Proseado - Que foi falado, conversado: assunto proseado a noite toda. Literatura. Semelhante à prosa ou com suas características (canto proseado, poema proseado)