Nossa mídia apedeuta. E se foi o Comandante?

      Virou verdade incontestável uma simples possibilidade, levantada por um procurador da justiça francesa, que afirmou, numa celeridade impressionante -apenas algumas horas depois do ocorrido, ter o copiloto "praticado suicídio e assassinado 149 pessoas inocentes". Sim! Até o momento uma simples possibilidade. Parece aquela mentira que de tanto ser repetida passa a ser verdade. Foi uma conclusão precipitada e repleta de imaginação.
      Quem é do ramo aeronáutico sabe que uma investigação de acidente aeronáutico deve passar por várias e profundas análises e hipóteses até que se consiga fazer alguma afirmação. Vide o acidente do Air France que caiu nas águas do atlântico - levou mais de dois anos para termos o Relatório Final de Investigação. 
      Só a mídia brasileira e outros apedeutas do assunto não vêm assim. Todos são ávidos por analisar, julgar e condenar um "culpado". Partindo de uma suposição, talvez a se confirmar, mas ainda só uma suposição. Assim é a nossa mídia apedeuta.
      Mas nem tudo são  precipitações e ilações levianas. Há jornalistas e editores no mundo que têm o cuidado e a inteligência de tratar o assunto como deve ser tratado. O Washington Post, na sua página de hoje no Face Book, utiliza termos como "parece que", "há uma possibilidade de que", "aparentemente" e outros quando trata da tragédia do dia 24 de março passado.
      Quando nossos jornalistas apontam o dedo para um culpado na mesma celeridade de outros apedeutas podemos saber que usaram bastante imaginação ou estão atendendo às suas agendas próprias.
      E já que imaginação aqui no Brasil é como jogar orégano na pizza escutem esta, que, no atual ponto da investigação, é tão possível quanto qualquer outra, é só usar muita imaginação e nenhum senso de responsabilidade: ... >>>" O comandante antes de sair da cabine deixa o copiloto incapacitado pelo efeito de alguma droga, ato contínuo,  programa os computadores para iniciar a descida dentro de alguns minutos e sai do cockpit -não sem antes deixar o mecanismo da porta travado; vai ao banheiro e no seu retorno se depara com a porta travada e inicia uma simulação de que o copiloto se trancou lá dentro; tenta abrir a porta até os instantes finais. Na verdade,ou nesta verdade, o suicida era o comandante! Ele havia deixado uma apólice de seguro de 2,5 milhões de Euros para a esposa ou melhor ... para a atual amante e ex-namorada do copiloto, aquela que espalhou que "ele iria fazer algo para ser lembrado" <<< ... E assim poderíamos criar outros cenários e fantasias possíveis. 
      O que temos hoje, 5 de abril de 2015,  é pouco conteúdo e ainda superficial; carente de confirmação. A análise de outras inúmeras informações, dados assim como dos destroços poderá colocar luz e trazer fatos ao invés de versões. Enquanto isso os céleres apedeutas vão temperando com orégano e se deliciando com os destroços em que se transformaram os familiares do "culpado" condenado por eles.
Roberto Vicente Janczura
Piloto de Linha Aérea com 24.500 horas de voo e 41 anos de aviação, sendo 39 anos no comando de aeronaves e com formação de Investigador de acidentes aeronáuticos.




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