Nossa Língua
Por Francisco Xavier Gondim | 06/12/2008 | EducaçãoRecebi um e-mail falando sobre as expressões do nosso querido Rio Grande do Norte.
Como
eu não conheço muitas cidades do nosso Estado, eu
sou um ignorantão no que concerne a expressões
que são faladas noutras regiões.
Vou fazer algumas emendas e mudanças das frases abaixo, adaptando-as ao jeito de falar dos upanemenses:
Gente
alta é galalau: aqui gente alta não é
galalau: é varapau, espigão. Se for alta e magra
é macarrão.
Botão de som é pitôco: aqui é botão de ligar.
Se
é muito miúdo é pixototinho: usamos as
duas construções, acrescentado de miudinho.
Se for resto é cotôco: resto é sobra também.
Tudo
que é bom é massa: massa é uma
gíria que entrou há poucos anos. Tudo que
é bom, é bom mesmo. É bom de engolir a
língua. (Mesmo que ninguém ainda tenha engolido a
língua porque uma coisa seja boa.
Tudo que
é ruim é peba: ruim é porqueira, mas
também é peba. Tem até a
história do homem que convidou um amigo para
almoçar peba. O convidado ficou muito entusiasmado com o
convite. Postos os pratos na mesa, só era feijão
com arroz. O amigo logo protestou: você não disse
que era peba? protestou o convidado. Sim, respondeu o
anfitrião. Você quer um comer mais peba que este?
Rir
dos outros é mangar: Corretíssimo. Nunca ouvi
alguém dizer "rir dos outros". Só dizemos
"mangar" dos outros. Há regiões que mangar
é encarnar. Eles até mangam de nós
porque dizemos "mangar". E nós nem mangamos deles porque
eles dizem encarnar.
Faltar aula é gazear: Quando um
aluno falta aula, pouca gente diz gazear. Dizemos que a pessoa faltou a
aula, não foi pra escola etc.
Quem é
franzino (pequeno e magro) é xôxo: quem
é franzino chamamos de magrinho, esqueleto humano, espirro
não sei de quê etc.
O Bobo se chama leso: Bobo é lesado, abestado, abestaiado. Algumas pessoas também usam o "leso".
E o medroso se chama frouxo: Medroso é mole. Também é chamado de frouxo.
Tá
com raiva é invocado: Se tá com raiva,
está zangado, enraivado, com o cão, com a
mulesta, danado, espritado. Invocado é encabulado.
Vai sair, diz vou chegar: Expressão idêntica.
"Caba"
(homem) sem dinheiro é liso: mais liso que um LP de Roberto
Carlos. É o liso, leso e louco, que compra fiado e pede o
troco.
A moça nova é boyzinha: moça nova aqui é mocinha, garota, menina.
Pernilongo
é muriçoca: é muriçoca
também. Ninguém chama de pernilongo.
Só se vier alguém de fora. Aliás,
ninguém aqui chama nem muriçoca. Elas
vêm mesmo sem chamar. Há períodos aqui
que não tem quem agüente.
Chicote se chama açoite: chamamos pelos dois nomes. Também chamamos de ligeira, chibata.
Quem entra sem licença emburaca: Usamos a mesma palavra.
Sinal
de espanto é "vôte": viche! também
é outro jeito de espantarmos. Outros usam: "valei-me!"
Tá
de fogo, tá bicado: de fogo, bicado, encachaçado,
triscado, melado, cego, bêbo, chei latindo, de porre, mamado.
São expressões equivalentes.
Pedaço de pedra é xêxo: Além de xêxo, usamos também tarisca.
Quem
não paga é xexêro: aqui quem
não paga recebe o honroso nome de velhaco. No popular,
é o famosíssimo "veaco". Trapaceiro, enganador,
esquecido. Traduzindo: o que não paga a ser vivente. Tem
até uma história: dois homens estavam
próximos de um defunto já no caixão.
Um era credor; o outro, devedor. O credor pergunta: cadê o
dinheiro que me deve? O devedor responde: mandei por ele! Em seguida,
aponta para o defunto. Por ele? Quem? Por fulano ali, responde o veaco,
com a cara mais lisa do mundo.
O mesquinho ou sovina
é amarrado, muquirana, mão de vaca, ou
pirangueiro: Nem muquirana nem pirangueiro são usados aqui.
Dessa lista, só o sovina, amarrado e mão de vaca
são sinônimos de mesquinho.
Quem
dá furo (não cumpre o prometido ou compromisso)
é fulero: Quem não cumpre compromisso
é uma pessoa sem palavra.
Sujeira de olho é remela: Dizemos também remela.
Gente insistente é pegajosa: insistente é teimosa.
Catinga de suor é inhaca: Inhaca é qualquer catinga.