Antigamente a sociedade costumava pensar na questão das normas somente quando a sua falta causava algum tipo de problema. Nos dias de hoje seria extremamente difícil imaginar como seria o nosso cotidiano se elas não existissem...

Imaginem não poder sacar dinheiro do caixa eletrônico porque o cartão do banco não passa na abertura da máquina, ou ainda consultar a internet sem uma padronização de nomes? Esta reflexão é interessante porque sempre pensamos em normas somente pelo lado técnico, quando na verdade se analisarmos qualquer cenário constatamos que as normas se fazem presentes em todos os momentos da nossa vida, sem que nos apercebamos.

O papel da normalização nos anos 90 foi fundamental para o êxito das empresas brasileiras tanto no mercado interno quanto no externo, em função dos seguintes fatores: formação de blocos econômicos; competitividade exigindo especificações de alto padrão tecnológico; exigência de normalização dos produtos e serviços face a atender o Código de Defesa do Consumidor (art.39 $ VIII); e exigência da Lei 8666 das Licitações Públicas (art.7 inciso II).

O processo de normalização é vital. Sem ela não é possível obter Qualidade nos procedimentos repetitivos que lastreiam as atividades econômicas, as trocas comerciais e, em particular, a produção. Em 1995, missão á Polônia, cujo objetivo específico tinha como preocupação maior adequar seus produtos ás normas técnicas brasileiras, pois na Europa não se concebe trabalhar com produtos que não sejam normalizados, geradores de preços competitivos.

Em 1995 o custo da tonelada do trilho na Polônia era de U$ 380, enquanto aqui no Brasil U$ 700; o mesmo ocorrendo com as placas de fixação que custavam U$ 3, enquanto aqui, U$ 10. A competição em bases tecnológicas exige que os empresários procurem informações objetivas sobre a implantação de Sistemas de Qualidade e utilização de normas técnicas para melhoria dos níveis de produtividade, que assegurem sua competitividade e permanente presença no mercado.

Como experiência, posso citar no período das privatizações metro ferroviárias, um empresário de visão, que quis montar um tripé sólido reunindo operadoras, comitê técnico e indústria, com a finalidade de embasar o trabalho em normas técnicas, dando sustentação á indústria nacional. Era o momento certo de se mexer na pedra de xadrez, para logo a frente se dar o cheque mate. No entanto interesses outros não permitiram a concretização da ideia. Talvez arrependida por não ter seguido os passos da normalização que daria a sustentação necessária para não permitir a entrada de qualquer material fora dos padrões adotados pelas normas, esta mesma indústria, alegando estar capacitada, se ressentiu quando equipamentos foram importados pelas concessionárias.

O fundamental neste trabalho de normas é o desenvolvimento técnico que exige inteligência e competência, e isso só se consegue com a colaboração dos expertos no assunto. E existe uma comunidade de profissionais de alto nível que se dedicam incansavelmente a esta causa. Esses técnicos trabalham de forma séria, dura e voluntariamente, enfrentando na maioria das vezes, interesses contrários, fortes oposições e correntes políticas. Os normalizadores acostumaram-se a trabalhar em silêncio e sem  retaguarda. Sabem negociar tecnicamente, mudam paradigmas, seus e dos outros sendo verdadeiros embaixadores.

Seguindo essa filosofia é preciso respeitar cada vez mais quem faz esse trabalho institucionalizando a normalização, o grande combustível do desenvolvimento do Sistema da Qualidade. Um trabalho de normalização na empresa é de grande responsabilidade e sua implementação exigirá uma persistente determinação com vistas a alcançar a Qualidade, incorporando a empresa em rol de valiosas aquisições.

Sua fonte é a experiência absorvida do estado da arte da própria empresa e em seu conjunto formam o Know-how da empresa que possui um valor determinante para os negócios. Só há uma forma segura de preservar esse patrimônio e, com o tempo e a experiência acumulada, torná-lo ainda mais precioso: editando o Sistema Normativo da Empresa base para o Sistema de Qualidade.

Não importa de que lado da linha do Equador atue uma organização. Hoje, muito além das fronteiras geográficas, dos idiomas, das regiões, das culturas, a normalização e a qualidade estão introduzindo em todo esse cenário de natureza heterogênea, um elemento fundamental: “A UNIVERSALIDADE”, fio condutor e alicerce sólido do fenômeno da globalização da economia.

 

Nádia Januário

Bacharel Administração com Habilitação em Marketing

Especialista em Gestão de pessoas