Noites infindas...
Publicado em 01 de setembro de 2014 por Francisco Antônio Saraiva de Farias
Noites infindas...
Olho para os ponteiros do relógio de parede,
E percebo que eles marcam a proximidade das três horas da madrugada.
Sem sono, pego o celular e começo a escrever,
Sem saber direito o que pretendo dizer.
De uns tempos pra cá,
A vida tem se apresentado vagarosa, monótona...
A mulher amada, companheira de todas as horas,
Já não está mais aqui...
As noites parecem que faleceram juntas...
A Dona Maria, minha vizinha de mais de doze anos,
faleceu.
Ela morava sozinha, e não aparentava mais a mesma alegria,
desde que o Manel, seu filho único,
faleceu.
Dona Maria criava muitas galinhas, e muitos gatos.
À noite, parece que os gatos escolhiam para namorar,
Eles faziam um barulho danado, com miados prolongados,
lancinantes...
Depois do barulho dos gatos, começava o barulho das galinhas,
Anunciando um novo alvorecer.
O galo reinava absoluto.
Vez por outra, batia as asas e cantava,
Como a querer demarcar o seu território...
Hoje a casa da Dona Maria está vazia, vive fechada...
O dono de uns apartamentos próximos comprou o imóvel para fazer garagem...
Já não ouço mais o miado prolongado dos gatos namorando.
O barulho das galinhas e do galo cacarejando, também cessou...
A escuridão e o silêncio prevaleceram, inibindo o rebuliço da vida.
O quarto de casal onde vivi momentos inesquecíveis, perdeu o aconchego,
Na ausência da mulher virtuosa que suavemente me ladeava,
E a cama, onde a felicidade tantas vezes transbordou, está fria...
Parece grande demais pra mim...