NO CHÃO

O dia estava cinza na cidade da garoa que, persistente, banhava pedestre e asfalto.
Dentro do carro, aguardava o sinal quando algo chamou a minha atenção. Estava jogada no chão, a ausência de vento impedia que ela voasse, então, permanecia no chão, molhada.
Não era alta, mas atrativa, bem vinda, daria para desfrutar um lanche ou um cinema.
No intuito de se proteger da chuva, os passageiros não olhavam para o chão, o guarda- chuva era a atração.
Mesmo dobrada, era possível ver o valor e por um instante, cogitei descer do carro, tomar posse e fazer bom uso. Porém, e se fosse uma pegadinha? Estivesse manchada de rosa ou outras substâncias de origem suspeita? E se alguém notasse antes?
O sinal abriu, o carro acelerou , as rodas chiaram no asfalto molhado. E a cédula permaneceu lá, molhada, dinheiro vivo no chão, visível para uns , invisível para outros. Até quando?