Com certeza todo mundo já ouviu falar sobre “A síndrome do ninho vazio” não?
Pois olha só, cá estou vivendo essa experiência!
Pelos últimos 20 anos eu vivi em função das minhas filhas, da forma mais prazerosa possível, fizemos com que nossos momentos juntas tornassem-se inesquecíveis, muitas viagens, muitos passeios, muitas conversas, muitas gargalhadas, muitas brigas, muitos sermões e principalmente muito amor!
Eu confesso que muitas vezes eu desejei que as 3 dormissem ao mesmo tempo, só pra eu poder tomar um banho mais demorado e sem ser interrompida, ou para assistir aquele filme que todo mundo estava comentando que era ótimo, e quando eu finalmente conseguir colocar para assistir, dormia nos primeiros 15 minutos (risos), o rapaz da locadora cansou de me dar ótimas indicações, eu ficar a semana inteira para devolver o filme e ainda chegar dizendo: puxa, não deu tempo de assistir!
Ficava animada quando por coincidência as 3 saíam para dormir fora na mesma noite e eu queria logo aproveitar para sair, ir num barzinho, dançar, ir ao cinema, mas o tempo todo de olho no celular achando que a qualquer momento alguém ia me ligar...
Quando tinha algum compromisso que não pudesse levá-las, eu sofria! Como eu sofria!! Não fui na maioria deles, e nos poucos que fui me sentia a pior mãe do mundo, culpada por ter “abandonado” minha cria (normalmente na casa da vó ou da tia, hahaha).
Aos poucos fui percebendo que elas cresceram, as mais velhas foram deixando o ninho, saindo mais, tendo suas próprias histórias para contar, a rotina de trabalho, faculdade, amigos, namorados, suas ausências foram ficando mais frequentes, e até em algumas viagens elas deixaram de me acompanhar fisicamente, consensualmente, naturalmente. Mas eu ainda tinha minha pequena companheira grudada em mim!
Até que ela também começou a crescer e também começou a voar sozinha!
Não, não e uma queixa dramática, não é reclamação de abandono ou chantagem emocional! Só o reconhecimento que passei de fase, e nesta nova eu me redescobri!
Fico feliz que elas estejam traçando seu caminho de forma consciente e feliz, e elas voarão por todo o mar e voltarão sempre aqui, pro meu peito (permita-me J.Quest rs).
Recentemente tenho experimentado essa nova fase, e tenho descoberto prazer em muitas coisas tão simples! Aprendi a ficar sozinha em casa e feliz! Aprendi a cozinhar para mim ou no meio da tarde, me dar uma boa xícara de café ouvindo uma boa música, resolvi pintar a casa, arrumei meus armários, aprendi a fazer trabalhos manuais, descobri o quanto é gostoso ficar em casa num sábado à noite, assistindo um bom filme (dessa vez inteirinho), como é gostoso acordar num domingo cedinho, na janela um céu lindo e um sol convidativo, disposta e agradecida por um novo dia que se recebe! Aprendi a desacelerar, aprendi que eu posso me fazer feliz também, sem culpas, sem arrependimentos, porque se elas estão felizes, já significa 90 % da minha felicidade.
Continuo sendo mãe, o celular continua do meu lado ansiosa por notícias, acordo de madrugada não mais para ver se elas estão com febre ou descobertas, mas para saber se já chegaram e estão bem, continuo chata e irritante, reclamando de tudo o tempo inteiro, cobrando disciplina e ordem, afinal um dia elas entenderão que isso é necessário para qualquer segmento da vida, continuo pensando nas suas preferências na hora de preparar o jantar, e quando vou ao supermercado, tentando surpreender, continuo aqui onde elas sempre me encontrarão, sendo seu porto seguro e com o colo preparado na certeza que elas sempre voltarão! Se brigamos? Sim! Muito e muitas vezes! Mas sempre nos entendemos porque aquilo que criamos juntas desde o início, nossa cumplicidade e nossa amizade, é fortalecida e reabastecida quando estamos juntas.
Bom, nesta noite de domingo, as gargalhadas, conversas, a mistura de sons de TV, Música e joguinhos barulhentos, deu espaço à um silêncio absoluto, mas que já não me assusta como outrora! Vou ali fazer um chá e assistir um filme, na certeza que elas estão felizes, e bem! E que cada reencontro será selado com muito amor... meu ninho não está vazio, cada uma tem seu espaço e terá seu aconchego sempre que precisar!