Estudos mostraram que, a maioria dos hábitos alimentares têm origem na infância, e a família tem papel fundamental para o aprendizado da alimentação da criança. Assim, preferências ou rejeição de sabores, odores, texturas e cores dos alimentos irão, juntamente com os hábitos, valores e costumes da família, formar seu perfil alimentar (Viveiros, 2012).

É natural que a criança estranhe novos alimentos ofertados no período em que o aleitamento exclusivo é cessado, já que estará lidando com novas experiências para o seu paladar. Contudo, a neofobia alimentar é caracterizada como o medo ou falta de vontade de experimentar alimentos novos ou tendência a rejeitá-los. Ocorre principalmente entre 2 a 6 anos de idade, pois é um período em que a criança já estabelece uma noção em relação ao que gostaria de comer ou não, juntamente com as rápidas mudanças na sua alimentação.

O “aprender a gostar de um alimento” ocorre através da repetição em prová-lo, associando os sabores com suas preferências já pré-dispostas, e também a satisfação fisiológica da alimentação juntamente com a consequência após a ingestão. As crianças podem ter experiências negativas após a ingestão de um alimento, por exemplo, um mau odor, sabor desagradável, sentir náuseas ou vômito, ser obrigada a se alimentar; ou positivas como sinais de prazer e bem-estar ao se alimentar (Birch et al., 1987). Na prática, é interessante utilizar estratégias de preparação do alimento mudando sua textura, forma de cocção ou apresentação na hora de servir, existem inúmeras possibilidades de oferecer o mesmo alimento obtendo diversos sabores.

É importante destacar que além do papel familiar, os cuidadores também devem estar atentos as manifestações de respostas neofóbicas que as crianças podem apresentar quando ocorre a oferta de novos alimentos, pode acontecer a rejeição de sabores, odores, texturas e cores dos mesmos. No entanto se faz necessário o apoio e paciência no período da introdução alimentar, oferecer alimentos variados, um ambiente agradável que contribua com a experiência da criança e criação desses hábitos, que serão responsáveis pela determinação do padrão de consumo pelo resto da vida.

O que os pais precisam saber sobre a introdução alimentar:

• Os primeiros anos de vida são importantes para a formação dos hábitos alimentares, a variedade e a forma com que os alimentos são oferecidos influenciam a formação do paladar e a relação da criança com a alimentação. A criança que come alimentos saudáveis e adequados quando pequena tem mais chances de se tornar uma pessoa adulta consciente e autônoma para fazer boas escolhas alimentares. A partir de 6 meses de idade, a criança precisa de mais nutrientes e outros alimentos devem ser oferecidos, juntamente com o leite materno; cuidar para que o horário da alimentação seja um momento tranquilo e de prazer; montar um prato com apresentação atraente para que a criança se sinta motivada a comer; utilizar talheres de tamanho adequado à criança; variar os alimentos e procurar oferecer alimentos novos, preparados de formas saborosas e separados no prato; respeitar os sinais de fome e saciedade.

Aspectos do desenvolvimento infantil relacionados com a alimentação: senta-se com pouco ou nenhum apoio; diminui o movimento de empurrar com a língua os alimentos para fora da boca; mastiga; surgem os primeiros dentes; a criança utiliza outras formas para se expressar: faz sons com a boca, chora, dá risada, movimenta as mãos, a cabeça e o corpo; a relação da criança com a comida leva tempo para ser construída, exigindo que cuidadores tenham atenção e paciência.

Sinais de fome:

Chora e se inclina para frente quando a colher está próxima, segura a mão da pessoa que está oferecendo a comida e abre a boca. 

Sinais de saciedade:

Virar a cabeça ou o corpo, perde interesse na alimentação, empurra a mão da pessoa que está oferecendo a comida, fecha a boca, parece angustiada ou chora.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BIRCH, L. L.; MCPHEE, L.; SHOBA, B. C.; PIROK, E; STEINBERG, L. What kind of exposure reduces children’s food neophobia. Appetite, 9, 171–178. 1987

Acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento Infantil. Cadernos de Atenção Básica nº 11. Brasília, 2002. Disponível em: http://bvsm.saude.gov.br/bvs/publicacoes/crescimentodesenvolvimento.pdf

VIVEIROS, C.C.O. Estudo do comportamento alimentar, preferências alimentares e neofobia alimentar em crianças pré- Núcleo de Psicologia da Saúde e da Doença, Lisboa, 2012.

Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primaria à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 


ELIANE SANTOS REZENDE MICHELATO (1) Graduada em: Pedagogia; Especialista em Psicopedagogia e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

LIDIANE DA SILVA XAVIER (2) Graduada em: Pedagogia; Especialista em Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

MARIA VITÓRIA CAMPOS DE ARRUDA (3) Acadêmica de Nutrição; Universidade de Cuiabá.

NOEMI BRAGA DE REZENDE (4) Graduada em: Pedagogia e História em Falbe e UFMT, psicopedagogia unigran.

RAQUEL SANTOS SILVA (5) Graduada em: Letras; Especialista em Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis

SIMONE BATISTA CAMPOS (6) Graduada em: Pedagogia; Especialista em Gestão Escolar e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.