NELSON MANDELA, FOUNDER FATHER SUL-AFRICANO

Félix Maier

A África do Sul, há décadas, se destaca como o país mais avançado da África. Lá, o Dr. Christian Barnard realizou o primeiro transplante de coração humano, em 1967. O país chegou a construir armas nucleares, que teriam sido desmanteladas durante o governo Nelson Mandela.

No entanto, esses avanços científicos foram obscurecidos pelo desumano regime racista do Apartheid. Essa política de segregação foi oficializada pelo Partido Nacional, que governou o país de 1948 até 1990, ano em que Mandela foi libertado.

Oficialmente, o Apartheid foi encerrado em 8/5/1996, durante a presidência de Mandela (1994-1999). Por sua luta contra o Apartheid, Mandela recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1993, junto com o ex-presidente Fredrik de Klerk.

Além da segregação racial, que separava os brancos dos negros em guetos nas cidades, o Apartheid criou 10 nações tribais - os bantustões -, que ocupavam 13% da área do país. Alguma semelhança com as Terras Indígenas e as comunidades quilombolas no Brasil, além do MST? Semelhança total com o Brasilistão, mas, quem liga para isso?
Foram justas as homenagens fúnebres feitas a Nelson Mandela, que faleceu no dia 5/12/2013, por ter dado fim ao Apartheid e conseguir evitar uma guerra civil. Se Mandela conseguiu evitar uma guerra civil, ele, no entanto, não conseguiu apaziguar toda a população negra.

Durante seu governo, cerca de 2.000 fazendeiros brancos foram mortos (dos anos de 1980 a 2010, foram 3.300 mortos). Desde o fim do Apartheid, em torno de 50.000 cidadãos brancos perderam suas vidas, ao mesmo tempo que milhares de brancos perderam seus bens e fugiram da África do Sul, para escapar da morte.

Foi criada no país uma Comissão da Verdade e Reconciliação que, ao contrário da Comissão Nacional da Vergonha (CNV), do Brasil, apurou os atos de violência de ambos os lados, não só dos brancos.

Após o governo de Mandela, que não quis se candidatar à reeleição, a África do Sul passou a ser governado por líderes populistas e corruptos, que dão preferência ao regime de cotas racistas ao invés de premiar a meritocracia. Uma coisa é certa: a violência só tende a aumentar em tal ambiente, obrigando a população branca a viver em verdadeiros bunkers.

Mandela cometeu equívocos graves, como a criação de um grupo terrorista, Lança de uma Nação, que realizou inúmeros atentados no país - motivo real de sua prisão, ocorrida em 1964.

Favorável ao aborto e amigo de Fidel Castro, ele afirmou: “Che Guevara é uma inspiração para todo o ser humano”. São manchas que figuram na biografia do verdadeiro Nelson Mandela, que nunca serão apagadas.

 No entanto, Mandela deixou um valioso legado, em busca da harmonia multirracial, configurando como um verdadeiro Founding Father de seu país. Na verdade, trata-se de uma refundação da África do Sul, que está longe de ser concluída.


Fonte: Jornal Inconfidência, Nº 198 - Janeiro/2014, pg. 17