ALEFY JÚNIOR SANTOS SILVA

KAYSON DIAS DOS SANTOS

NATHALIA SILVA COSTA

RUDSON

VICTOR AUGUSTO DOS SANTOS

 

 

 

NATAÇÃO NA INFÂNCIA: DOENÇAS RESPIRATÓRIAS

 

 

Projeto interdisciplinar apresentação ao Curso de Educação Física da Associação Educacional Luterana do Brasil de Itumbiara, Goiás para obtenção de pontuação. Professor Orientador:

 

 

 

ITUMBIARA-GO

2020

 

INTRODUÇÃO

 

A natação sem dúvida é umas das atividades mais antigas, na antiguidade essa modalidade era voltada para sobrevivência do homem, contudo os gregos utilizam com o objetivo do desenvolvimento corpóreo harmonioso, além de ser usada como ferramenta de guerra, a fim de destruir a defesa de seus inimigos que se localizavam nos portos. Ao longo do tempo a natação deixou de ser um meio de sobrevivência para se tornar um agente promotor de saúde, de desenvolvimento e interação social, o público infantil se tornou então alvo prioritário desta modalidade, uma vez que a natação nessa fase desenvolve a percepção espacial, lateralidade, desenvolvimento motor, cognitivo, autoconfiança e criatividade. (VIEIRA, 2014)

Souza e Santos (2010) destacam que o primeiro ano da infância a criança se desenvolve de maneira rápida, já no segundo ano acontecem muitas transformações, e daí em diante, ocorrem períodos com características específicas, apesar das peculiaridades de cada período de desenvolvimento, existem crianças que possuem a mesma idade, contudo podem se diferenciar pelas características individuais que elas possuem, o desenvolvimento infantil pode ser constituído por fases, Piget destaca que cada fase pode ser caracterizada de acordo com a interação das mesmas com a realidade em sua volta, com a capacidade de se adaptarem e a maneira como elas organizam seu conhecimento. A primeira fase ou estágio é do (0-2) anos de idade, período sensório motor, em que a criança tende a realizar suas próprias necessidades, o pré-operacional (2-6 anos) é a fase em que o jogo simbólico, que é a capacidade de imaginação e de criatividade contribui no desenvolvimento de habilidades e potencialidades. O desenvolvimento de uma criança depende de como, com quem ela se relaciona, objetos e ligações afetivas que ela cria, são alguns dos fatores que contribuem no seu crescimento e aprendizagem. É importante identificar a fase de desenvolvimento em que uma criança se encontra para auxiliar no desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo-social.

 

Desde cedo as crianças devem ser incentivadas a exercerem alguma atividade física. As vantagens de um esporte iniciado logo cedo são inúmeras. A natação é uma excelente dica ao público infantil. Melhorando a capacidade cardiorrespiratória, o tônus, a coordenação, o equilíbrio, a agilidade, a força, a velocidade, desenvolve habilidades psicomotoras como a lateralidade, as percepções tátil, auditiva e visual, as noções espacial, temporal e de ritmo, sociabilidade e autoconfiança. (SOUZA E SANTOS, 2010)

 

                Raiol e Raiol (2011) afirmam que a natação tem sido instrumento no desenvolvimento motor, aumentando a capacidade cardiorrespiratória e resistência muscular e na prevenção de doenças respiratórias. A natação nos primeiros meses de vida proporciona um momento de descontração de aprendizagem, o contato com água e as atividades realizadas auxiliam no desenvolvimento das capacidades motoras, tais como, flexibilidade, agilidade, resistência, força e velocidade.

            “A natação funciona como uma excelente atividade motora, na qual a criança experimenta de uma forma natural e espontânea, uma motricidade aquática dinâmica, essencial a sua evolução, em seu progresso desenvolvimentista” (RAIOL E RAIOL, 2010, p. 4)

Bernard (2010) evidencia alguns dos benefícios da natação em indivíduos com doença respiratória, como por exemplo, indivíduos asmáticos, contudo ressalta que alguns médicos desestimulam crianças asmáticas a se inserirem em um programa de natação, alegando que a água clorada pode agravar ou até desenvolver a asma, é necessário um aprofundamento nessa questão para identificar quais são os riscos e benefícios que a natação pode acarretar na vida dessas crianças.

Com o acúmulo de evidências de que o cloro usado para desinfetar as piscinas é prejudicial para as vias aéreas dos nadadores, é um paradoxo que a maioria dos médicos e associações médica recomende a natação como um esporte particularmente adequado para os asmáticos. Isso soa ainda mais paradoxal quando geralmente se supõe que as vias aéreas dos asmáticos são mais sensíveis aos gases irritantes do que as dos não asmáticos. Na verdade, essa recomendação transformou a associação entre asma e natação num tipo de história parecida com a do ovo e da galinha, o que contribuiupara retardar a implementação de medidas preventivas. Por exemplo, há mais de 20 anos, sabe-se que os nadadores de competição sofrem mais frequentemente de asma e alergias do que os outros atletas8. Esses problemas respiratórios dos nadadores receberam pouca atenção das comunidades científica e médica, que os atribuíram a um viés de seleção precisamente porque os asmáticos são encorajados a praticar natação. (BERNARD, 2010, p. 351,352.)

 

Diante do que foi apresentado acima, estetrabalhoprocura responder ao seguinte problema:Verificar os riscos e benefícios da natação em crianças que possuem doenças respiratórias.

Tem-se comohipóteseque a natação melhora a capacidade cardiorrespiratória, e é mais tolerada, como por exemplo, em indivíduos asmáticos, pois a broncoconstrição é menos severa do que em outras atividades, sendo um meio mais seguro propiciando maior qualidade de vida, mantendo a função pulmonar e desenvolvendo a capacidade aeróbica.

O objetivo geraldeste trabalho é verificar se existe alguma contra-indicação de crianças com patologias respiratórias se inserirem na natação e se essa modalidade pode desenvolver doenças respiratórias devido ao uso de produtos como o cloro no tratamento da água.

Como objetivo específico,identificar os tipos mais comuns de doenças respiratórias em crianças, descrever os riscos do engajamento de crianças com doenças respiratórias em aulas de natação, verificar os benefíciosdo engajamento de crianças com doenças respiratórias em aulas de natação.

            A justificativa social deste trabalhoé a relevância de informações como essa para leigos e profissionais, é importante que pais e educadores possam identificar os riscos e benefícios que uma atividade oferece para crianças com patologias respiratórias.

            Contudo a justificativa científica se dá pelo fato de que através desse estudo outros profissionais são encorajados a se aprofundarem no tema em questão, visto que, a natação é umas das atividades mais indicadas para esse público devido aos seus diversos benefícios, contudo, é importante que se tenha certeza dos reais malefícios que água clorada pode acarretar na vida dessas crianças, ou se os benefícios superam os riscos, a atividade deve ser mais indicada para esse grupo em específico.

 

 

2.REFERENCIAL TEÓRICO

 

  1. OS TIPOS MAIS COMUNS DE DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS.

 

Estudos epidemiológicos realizados por Oliveira et al., (2010), tinham como objetivo identificar o motivo de internação de crianças de 0 a 4 anos no Brasil, no período de 1998 a 2007, esse estudo visa identificar as doenças mais comuns em crianças nessa faixa etária para que se desenvolva projetos de prevenção primária, diminuindo as internações e acometimento de doenças que podem ser minimizadas com a atenção básica. O Sistema Público de Saúde Brasileiro considera a atenção primária a saúde de extrema importância, pois através do cuidado de forma apropriada da saúde as internações podem ser evitadas através de planos que buscam evitar hospitalizações. A partir de dados como o da presente pesquisa, que demonstram quais são as doenças mais comuns nessa idade chama a atenção para os devidos cuidados em crianças nessa idade.

 

[...] Realizou-se a comparação da média de internações hospitalares (SUS), entre as regiões do Brasil, de acordo com o agrupamento de doenças que mais acometem crianças na faixa etária de um a quatro anos, para o período de dez anos (1998 a 2007), a saber: doenças do aparelho respiratório (40,3%), como primeira causa de hospitalizações, doenças infecciosas e parasitárias (21,6%) como segunda causa de internações hospitalares, doenças do aparelho digestivo (5,5%) figurando como terceira causa, causas externas (2,5%) como quarto lugar nos acometimento que levam a hospitalização de crianças, e as doenças do aparelho geniturinário (2,2%) sendo o quinto e último agrupamento de doenças. Essa comparação foi realizada pela Análise de Variância com teste Tukey ao nível de 5% de significância. Em todos os agrupamentos de doenças obteve-se diferença estatisticamente significativa. (OLIVEIRA ET AL., 2010, p. 271)

 

                Enquanto nos adultos, as doenças cardiovasculares são predominantes, nas crianças as doenças respiratórias têm maior índice de acometimento, é uma questão de saúde pública, portanto, é importante identificar os fatores riscos que podem predispor o desenvolvimento de doenças do sistema respiratório. As infecções são classificadas em superior, que são aquelas que se desenvolvem acima da laringe e as do trato respiratório inferior localizado abaixo da laringe. “Os vírus são os principais agentes etiológicos nesse grupo, respondendo por cerca de 90% dos quadros. Os principais vírus envolvidos nessas infecções são: vírus sinsicial respiratório (RSV), rinovírus, parainfluenza, influenza, metapneumovírus e adenovírus”. Existem diversos fatores de riscos que implicam para o desenvolvimento de doenças no trato respiratório, tais como, o fator social, devido à condição de moradia, desnutrição, o tabagismo familiar, crianças prematuras, alergias, refluxo gastroesofágico, má formação congênita pulmonar ou cardíaca e imunodeficiências congênitas ou adquiridas. As doenças comuns no trato superior são resfriados comuns, adenoamigdalites, rinites, sinusites, otites médias agudas, laringotraqueites. Relacionada ao trato inferior podemos citar, bebê chiador, bronquiolite, bronquites, asma, pneumonias, broncopneumonias, síndromes aspirativas, anomalias congênitas, infecção pulmonar crônica, doenças cardiovasculares, anel vascular, compressão extrínseca da via aérea inferior. (JUNIOR, 2010)

            Araújo et al. , (2006) aborda um dos fatores de riscos que podem desenvolver doenças respiratórias em crianças, como o tabagismo – passivo, o estudo evidencia que filhos com pais fumantes possuem grande chances de desenvolverem doenças do trato respiratório. O estudo realizado entre pais foi de cunho descritivo, realizado no Rio de Janeiro, com o objetivo de identificar a prevalências de patologias respiratórias em crianças fumantes passivas ou não-fumantes.

Das 217 crianças analisadas, 103 eram do sexo masculino e 114 do sexo feminino. A partir dos dados coletados, verificou-se que: 48,85% das crianças apresentavam tabaco-dependentes na família; 3,22% das famílias tinham o hábito de fumar no quarto das crianças; 7,83% das mães fumaram durante a gestação. Em 40,09% houve relato de procura de ajuda médica por conta de problemas respiratórios, nos últimos dois anos. (ARAÚJO ET AL., 2006, p. 17)

 

                Segundo Duarte et al. , (2017) dentre as doenças respiratórias que acometem crianças menores de 5  anos, a pneumonia tem sido a de maior prevalência, e é considerada uma questão de saúde pública, uma vez que, 150 milhões de novos casos são relatados todo ano, de 11 a 20 milhões necessitam ser internadas e cerca de 2 milhões de crianças morrem. De 30% a 50 % da busca por atendimento médico, são crianças que apresentam infecções respiratórias.

            De acordo com Frauches et al., (2017) as doenças respiratórias tem maior incidência nas crianças do que nos adultos devido ao seu sistema imunológico e fisiológico ainda em maturação, e por questões anatômicas, o que favorece o surgimento de doenças no trato respiratório, aquelas com maior gravidade são acometidas no trato inferior, traquéia, pulmões, brônquios e bronquíolos.

A maior vulnerabilidade biológica das crianças de zero a quatro anos explica o alto percentual de atendimentos encontrado nessa faixa etária, em consonância com aliteratura. Em crianças, o epitélio das vias aéreas é mais permeável aos poluentes e as defesas pulmonares contra essas partículas não estão completamente desenvolvidas. Além disso, têm,proporcionalmente, um maior volume de ar circulante em suas vias aéreas, pois possuem uma taxa ventilatória maior em função do metabolismo mais acelerado, da maior exposição ao ambiente externo e da prática mais exuberante de atividade física. (FRAUCHESET AL., 2017, P. 8)

 

                Prato et al. (2014) relata que a partir do século XX houve crescente mortalidade em crianças menores de 5 anos com doenças respiratórias, diversos são os motivos, podemos citar, a moradia inadequada, ações impróprias no tratamento, entre outros. Na cidade de Pelotas (RS) a pneumonia foi a segunda doença com maior causa de hospitalizações.

“Os óbitos de menores de 5 anos por doenças respiratórias estão evidenciados nas regiões Sul e Sudeste do País, por motivos relacionados ao clima, à poluição urbana e às aglomerações.” (PRATO ET AL., 2014, P. 37)

As doenças do trato respiratório com maior incidência são os resfriados comuns, otites, sinusites, pneumonias e faringoamigdalites, grande parte das ocorrências dessas patologias são de cunho viral, contudo, na pneumonia a presença de bactéria deve ser destacada, tendo que ser ministrado antibióticoterapia. A rinite alérgica e a asma devem receber atenção, uma vez que a renite alérgica pode desenvolver a asma, a asma é a segunda doença que ocasiona internação em crianças de 4 a 9 anos de idade,   (ALVIM E LASMAR, 2009).

As infecções respiratórias são responsáveis por mais de 25% de todo o atendimento médico domiciliar e ambulatorial em crianças menores de 6 anos de idade, no mundo, sendo 90% a 95% dessas infecções relacionadas com agentes virais. O VSR constitui a causa mais comum de pneumonia viral em crianças com menos de 5 anos de idade, mas também pode causar pneumonia no indivíduo idoso ou pacientes imunocomprometidos. (LOURENÇÃO ET AL., 2005. P. 61-62)

                Castro (2013) explica que as doenças respiratórias podem ser classificadas de acordo com sua gravidade e causa, podendo comprometer um ou mais componente do trato respiratório, as infecções respiratórias podem se desenvolver por vírus, como, gripes e resfriados ou bactérias, tais como, sinusite, rinite, pneumonia ou pode não ser advinda de nenhum microorganismo, como, por exemplo, a asma.