In high places (nas terras altas)

O ar que passa pelo corpo aquece a mente,
Delírios salutares nas terras altas

Minha mente está tão rápida,
eu posso ouvir o som dos desejos,
eu posso ver o espaço entre as ideias que se movem infinitamente.

Eu começo a puxar um ritmo de rebuscada geometria,
com meus pés pisando firme.
O ritmo do meu calor
O ritmo que me agrada.

Quantas roupas temos que despir?
Quantas mágoas afogadas antes de dormir?
Espero construir tudo antes de partir.

Nas terras altas seu medos são fantoches.
Entre numa peça de teatro, ainda há tempo.
Venha destruir suas neuroses.
Venha mostrar seus dentes no seu melhor sorriso.
Vá brincar com seus monstros afetivos.

Eu ainda sinto o gosto da primeira língua
Vagando em algum recanto de meu cérebro.
Luas e bocas gostosas me acordando de madrugada.
Eu me delicio com isto
Enquanto escrevo sobre isto.

Mesmo que vire círculos sem contato terá valido a pena imaginar as terras altas.
Seus sons roçando minha nuca no limiar da vigília.
Todas as luzes mortiças das esquinas
Todas as matizes das cores da noite
Todas as nuances dos perfumes da noite.

Enquanto esperava um beijo meu espírito levitou.
Eu vi os deuses da música tocando em perfeita harmonia
Enquanto os deuses incompreendidos olhavam com ar blasé
para os pobres mortais solitários, vulgares e rasteiros.
Olhando as estrelas quando poderiam estar vivendo as estrelas.

Grande voo o meu !
Sem vínculos de tempo e espaço
Fico observando meus desejos históricos
Saboreando meus delírios geográficos.

Se eu fosse um bom piloto teria aprendido mais
Se eu fosse mais compreensivo teria aproveitado muito mais.
Me recordo de ser a alma do avião.

Preferia ter sido gêmeo do antigo espírito dos ventos
Tão veloz ou suave, empurrando para o alto os balões.
Viajando nas asas do avião à procura das terras altas.

O céu tão perto
A dor tão longe
Minha sanidade vacilante
Minha saudade presente (quanto mais eu a desprezo, mais próxima ela fica)
Eu coleciono exemplos.


Ivan Henrique Roberto
17.08.1984