NARCÓTICOS (O FUNDO DO POÇO)
Dr.Wagner Paulon
1976 - 2008

A palavra narcótico refere-se geralmente a ópio e seus derivados tais como heroína, codeína e morfina. Estas drogas são distiladas do suco do fruto da papoula e, refinadas, servem para a manufatura dos remédios mais valiosos conhecidos pelo homem, mas também para a fabricação de algumas das drogas mais abusadas no mundo. Além destas, outras drogas foram consideradas narcóticos pelas leis federais, mas que são, do ponto de vista farmacológico, completamente diferentes dos derivados do ópio. Um exemplo é a cocaína, derivada da folha de coca e um estimulante do sistema nervoso central. Outrossim, há um número de drogas sintéticas, especialmente definidas, chamadas "opiáceos", também classificados como drogas narcóticas pela lei federal.

Narcóticos Medicinais

As drogas tipo morfina, naturais e sintéticas, constituem as drogas mais eficazes conhecidas para aliviar a dor. Acham-se entre as drogas mais valiosas de que os médicos podem dispor e são largamente usadas para dores agudas de curta duração resultantes de cirurgia, fraturas, queimaduras, etc., como também para reduzir o sofrimento nos últimos estágios de doenças fatais como o câncer. De fato, a morfina é a droga padrão para aliviar a dor, usada na avaliação das outras drogas narcóticas.

Estas drogas deprimem o sistema nervoso central e produzem assim uma acentuada redução na sensibilidade à dor, cria sonolência, provocam sono e reduzem a atividade física. Entre os efeitos colaterais encontram-se náusea e vômitos, prisão de ventre, coceira, rubor, contração das pupilas e depressão respiratória.

A manufatura e a distribuição de opiáceos medicinais são estritamente controladas pelo governo federal por meio de leis destinadas a tornar estes produtos disponíveis somente para fins médicos legítimos. Aqueles que distribuem estas drogas estão registrados com as autoridades federais e devem manter um registro especificado e cumprir com os regulamentos quanto à guarda segura do narcótico.

Abuso

O abuso de narcóticos data dos tempos antigos e seu uso hoje constitui ainda um sério problema. A atração pelas drogas tipo morfina está na sua capacidade de reduzir a sensibilidade tanto a estímulos psicológicos como físicos e de produzir uma sensação de euforia. Elas atenuam o medo, a tensão e a ansiedade. Sob a influencia de narcóticos tipo morfina, o viciado é geralmente letárgico e indiferente ao seu meio ambiente e à sua situação pessoal.

O uso crônico leva a uma dependência quer física quer psicológica. Adquire-se tolerância à droga e são necessárias doses cada vez maiores para se conseguir os efeitos desejados. À medida que aumenta a necessidade do narcótico as atividades do viciado cada vez mais se centralizam na droga.

Quando o suprimento dos narcóticos é cortado podem ocorrer os sintomas de abstinência. Entre os traços característicos acham-se: estado de nervosismo, ansiedade, insônia, bocejos, coriza, lacrimejamento, suores, dilatação das pupilas, "pele arrepiada", tremor muscular, fortes dores nos músculos das costas e das pernas, lampejos de calor e de frio, vômitos, diarréia, aumento do ritmo respiratório, da pressão arterial e da temperatura, uma sensação de desespero e um desejo obsessivo de conseguir um "fix" (uma dose). A intensidade dos sintomas de abandono varia, contudo, com o grau de dependência física e a quantidade da droga geralmente usada. Os sintomas começam, tipicamente, cerca de oito a 12 horas depois da última dose. Aumentam de intensidade e alcançam o auge dentro de 36 a 72 horas. Nessa altura os sintomas de abstinência decrescem gradualmente durante os próximos cinco a 10 dias. Contudo a insônia, o nervoso e as dores musculares podem persistir por várias semanas.

Os dependentes vivem eternamente com o pavor de uma dose excessiva. Isto pode acontecer de vários modos. Um dependente pode calcular mal a força da dose, ou a droga pode ser mais forte do que dada a entender no momento em que o viciado a comprou. A morte devido a dose excessiva é causada por depressão respiratória.

Embora a possibilidade da morte, devido a uma dose excessiva de narcótico, constitua um perigo sempre constante para o viciado, os efeitos nocivos para o usuário são geralmente indiretos. Os dependentes, não sentindo fome, geralmente andam mal alimentados. Preocupados com a tomada da droga, os dependentes geralmente se descuidam de si mesmos. Estão mais sujeitos a contrair HIV e infecções devido ao seu precário estado nutricional e a possível injeção venosa de drogas contaminadas e também ao uso provável de técnicas inadequadas e de material não esterilizado. Isto pode resultar em septicemia séria ou fatal (envenenamento do sangue), hepatite e abscessos no fígado, cérebro e pulmões.