NARCISO
Por Lourival Jose Costa | 08/01/2019 | PoesiasAgrada-me o egoísmo insano
Seria ele minha fuga planejada
ou os meus enganos conscientes?
Seria ele subproduto do orgulho, da ira,
inveja, avareza, gula, preguiça e da luxuria?
Ou são pecados e virtudes aos quais dei novos significados
O pecado do orgulho teve origem no coração de Lúcifer
Esse seduziu Eva e Adão e eles pecaram por todos nós
Nossas vontades eram as mesmas, ser igual a D-us e
subirmos ao mais alto monte em nossa vaidade.
Razão porque perdemos o Eden e a presença do Eterno,
Lúcifer tornou-se príncipe dos demônios e eu, peregrino..!
Vaidade foi o orgulho de ter recebido a inteligência do divino!
Meus olhos desejam vê-la, os ouvidos anseiam por ouvi-la
Bebo de fontes diversas, sempre embriagando-me
Se olho para o calvário vejo o que é profano
e meus desertos e minhas cavernas escuras
Não resisto a vaidade de ser pecador
Virtudes e vícios carnais exalam de meus poros
Sou como os deuses gregos, imorais e eternos
Transito pelas teias das aranhas condenadas
Se me coloco acima dos meus pares, lá desejo ficar
Mas, o espelho apresenta-me a minha vã vaidade
Talvez a morte me encontre diante do espelho
Privo-me do que é nobre para atender as aparências
Conhecer-me e aceitar-me já não me importa
Importa-me, contudo, as opiniões alheias
A vida que vivo é para os outros
Represento e penso que é viver
Abato-me ao saber que alguém é mais do que eu.
Não acho que mandar é representar e, sofrer é viver....
O veneno da toxina botulínica de vaca já não é vaidade
Como poderia sê-la se me faz jovem e disfarça a idade?
Ao apresentar-me percebo que a idade está gritando
Se alto voo, acordo dos devaneios egocêntricos
A realidade mostra-me a verdade de quem sou
Sou pavão colorido de asas abertas que não sabe cantar
Quero olhar-me pro dentro, mas, o espelho cativa-me
As vanitas revelam-me que a morte será inevitável
Morbidez explícita, minha obsessão pela partida
De que me valeram as plásticas se vou decompor
A hora é impiedosa, mas, dela não quero saber
Depressivo, necessito de alívio e drogas alucinógenas
Que eu durma com D-us, porém, se eu não acordar
espero que ELE afague meu coração sem pulso
“Ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos.”
Sou o que fui e serei o que sou? Alma inquieta...
Que eu possa amar o outro em minha partida.
Que meu deposito de infelicidade seja generoso
Que minhas vaidades póstumas mereçam aplausos
Ouvir-te já não posso! Ouço-me solitário no calor das chamas
Aqui, Babel é correção da individualidade e do olhar narcisista
"Espelho, espelho meu ainda existe alguém mais belo do que eu..?"
Olho-me e não me vejo..., já não existo!
Restou-me a alma que sou..!
Por: Lourival Jose Costa 27/12/2018