Agrada-me o egoísmo insano

Seria ele minha fuga planejada

ou os meus enganos conscientes?

Seria ele subproduto do orgulho, da ira,

inveja, avareza, gula, preguiça e da luxuria?

Ou são pecados e virtudes aos quais dei novos significados

 

O pecado do orgulho teve origem no coração de Lúcifer

Esse seduziu Eva e Adão e eles pecaram por todos nós

Nossas vontades eram as mesmas, ser igual a D-us e

subirmos ao mais alto monte em nossa vaidade.

Razão porque perdemos o Eden e a presença do Eterno, 

Lúcifer tornou-se príncipe dos demônios e eu, peregrino..!

 

Vaidade foi o orgulho de ter recebido a inteligência do divino!

Meus olhos desejam vê-la, os ouvidos anseiam por ouvi-la

Bebo de fontes diversas, sempre embriagando-me

Se olho para o calvário vejo o que é profano 

e meus desertos e minhas cavernas escuras

Não resisto a vaidade de ser pecador

 

Virtudes e vícios carnais exalam de meus poros

Sou como os deuses gregos, imorais e eternos

Transito pelas teias das aranhas condenadas

Se me coloco acima dos meus pares, lá desejo ficar

Mas, o espelho apresenta-me a minha vã vaidade

Talvez a morte me encontre diante do espelho

 

Privo-me do que é nobre para atender as aparências

Conhecer-me e aceitar-me já não me importa

Importa-me, contudo, as opiniões alheias

A vida que vivo é para os outros

Represento e penso que é viver

Abato-me ao saber que alguém é mais do que eu.

 

Não acho que mandar é representar e, sofrer é viver....

O veneno da toxina botulínica de vaca já não é vaidade

Como poderia sê-la se me faz jovem e disfarça a idade?

Ao apresentar-me percebo que a idade está gritando

Se alto voo, acordo dos devaneios egocêntricos

A realidade mostra-me a verdade de quem sou

 

Sou pavão colorido de asas abertas que não sabe cantar

Quero olhar-me pro dentro, mas, o espelho cativa-me

As vanitas revelam-me que a morte será inevitável

Morbidez explícita, minha obsessão pela partida

De que me valeram as plásticas se vou decompor

A hora é impiedosa, mas, dela não quero saber

 

Depressivo, necessito de alívio e drogas alucinógenas

Que eu durma com D-us, porém, se eu não acordar

espero que ELE afague meu coração sem pulso

 “Ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos.”

Sou o que fui e serei o que sou? Alma inquieta...

Que eu possa amar o outro em minha partida.

 

Que meu deposito de infelicidade seja generoso

Que minhas vaidades póstumas mereçam aplausos

Ouvir-te já não posso! Ouço-me solitário no calor das chamas

Aqui, Babel é correção da individualidade e do olhar narcisista

"Espelho, espelho meu ainda existe alguém mais belo do que eu..?"

Olho-me e não me vejo..., já não existo!

Restou-me a alma que sou..!

 

Por: Lourival Jose Costa 27/12/2018