NAQUELA CASA

AUTOR: Paulo Roberto Giesteira

Na beira da estrada tinha uma casa toda desmantelada de se ver,

Destelhada pelo tempo e pelas traças a correrem pra se esconder.

Miséria das fomes ou sedes de quem não tem nada pra receber,

Espeluncas desordenadas que as erosões do tempo faz apodrecer.

Naquela casa sobreviviam as marcas desamparadas de doer,

Encravadas nas estigmatizadas imagens que ninguém conseguiria reconhecer.

Abandonada por quem a usurpou morando pra sobreviver.

Nas deserções dos refúgios a compadecer,

As mágoas das tristezas que fazem algo a alguém sofrer.

Das soberbas que supõe as ocasiões a tudo desconhecer,

Ou daquilo de vulgar que descamba ao degrau pra se descer.

Essa esquecida casa

Era parasitada e sempre largada,

Nas portas e janelas fechadas ou abertas pelas caladas das trevas pra a algo esmorecer.

O seu endereço se desconhece

Pelo avesso de talvez alguém dizer:

Que nunca houve um dia em que surgiu,

Uma razão que colore de matiz o seu recente amanhecer.

Naquela hora,

Ninguém lá dentro e nem cá fora,

Talvez usando esta moradia de recurso pra se proteger.

Num respaldo de receio dos seus fictícios fantasmas a espantar tudo que aparecer,

No sigilo daquela rua dos seus nomes e números pra alguma convicção de encontrar, ou descrever,

A sua tristonha história ou estória pra alguém ler.

Por todo o horrível aspecto que transmitia silêncio como algum segredo a transparecer.

Na casa velha não havia uma fresta com uma luz ou lâmpada a resplandecer,

Barulhos de suspense pelo que está por acontecer.

A restituição da escuridão as iluminações pelo interruptor que está pra acender,

Luminosidades que servem pra tudo que se possa ver.

Pra quem naquela casa morava,

Surgia uma sentença na descrença daquilo que se queria converter.

Era essa uma casa

Toda desgraçada pelas marcas estigmatizadas

Que assombrava qualquer um a fazer correr.

Por quem passava,

A tudo que olhava, ou observava,

Suprimindo uma desolação pra tudo isto de vez esquecer.