Usando essa parábola que Jesus contou para uma multidão e trazendo-a para nossa realidade, vemos que não temos como separar o joio do trigo, porque eles estão muito misturados. Como Jung colocava, o humano é feito de opostos, portanto, ora somos bons e ora somos maus, ou seja, ora somos joio e ora somos trigo.

As duas sementes estão plantadas em nós, temos que ver qual queremos que se sobressaia. Existem pessoas que mesmo sabendo que são joio não querem mudar, mesmo que sofram com isso. Provavelmente esquecem que somos seres mutáveis e que a qualquer momento podemos rever a nossa maneira de funcionar e nos esforçarmos para mudar aquilo que nos gera sofrimento, tristeza e dor.

O grande desafio que a vida nos dá é de termos a clareza que somos joio e trigo e que o outro também é, portanto, precisamos aceita-lo e compreende-lo sem fazer julgamentos.

Vivemos nos últimos tempos em uma sociedade em que o joio parece estar prevalecendo, mas só quem realmente conhece a diferença entre o joio e o trigo consegue perceber, caso contrário se deixa enganar pelo joio. O joio na vida humana é aquela pessoa que está sempre procurando enganar, fazer o mau, prejudicar o outro para se beneficiar, que vibra com a dor do outro. Infelizmente, não temos como separar das demais pessoas, temos que aprender a conviver, aceitar a diferença e agradecer a oportunidade que nos foi dada de treinar a nossa paciência. Até porque, em alguns momentos também somos joio.

O importante é termos claro que somos feitos de opostos e que por isso não podemos ficar apontando o dedo para o outro, pois sempre que fazemos isso, apontamos três dedos para nós e esses três dedos nos convidam a pensar sobre o que é nosso que vemos no outro e que nos incomoda tanto, a ponto de nos sentirmos a vontade para apontar o dedo à ele.

Somos joio e trigo, temos a liberdade de escolhermos qual queremos que prevaleça em nossa vida, porém sem esquecer que existe dentro de nós um ladinho ruim também e que em algumas situações sermos joio para o outro.