Sabemos que o humano é essencialmente emoção e que essa é extremamente importante para a sua racionalidade, visto ser ela responsável pela decisão que toma a cada momento. Só que a emoção não trabalha sozinha, mas de mão dada com o seu lado racional, inibindo ou não o próprio pensamento.

            Apesar de a emoção ser uma “peça” fundamental na vida do humano, não é incomum encontrar pessoas que não conseguem identificar suas emoções, chegando a verbalizar que não sabem o que estão sentindo. No setting terapêutico, isso é mais  fácil de identificar, basta pedir para o indivíduo identificar qual o sentimento que está por trás de sua fala e a resposta vem: “não sei, nunca pensei sobre isso ou não consigo nomear meus sentimentos”.

            O não sei e o não pensar preocupa, mas não tanto, porque prestar atenção ou falar de sentimentos, de emoções, parece ter se tornado algo vergonhoso, ultrapassado, um sinal de fraqueza, na correria do dia-a-dia, na sociedade capitalista em que vivemos, onde o ser humano vive de forma robotizada, sendo avaliado pelo que tem e não mais pelo que é. Agora, quando dizem “não sei nomear o que sinto, não tenho consciência dos meus sentimentos, das minhas emoções, não consigo expressá-los”, temos que ficar atentos, pois podemos estar frente a um quadro de alexitimia.

            A etiologia da palavra alexitimia vem do grego, onde “a” significa ausência, inexistência; “léxis” quer dizer palavra e “thymós” emoção. Portanto, aquela pessoa que não consegue encontrar palavras para expressar seus sentimentos, suas emoções, pode ser alexitímica. Isso não quer dizer que ela não tem emoção, mas, sim, a incapacidade de manifestá-la. Essa incapacidade não se limita apenas aos seus sentimentos, mas aos dos outros também. Geralmente, apresenta um vocabulário pobre quando o assunto é emoção. Não consegue diferenciar emoção de sensação física, chegando a reclamar que frente a determinadas situações, as mãos ficam umedecidas, sente-se tonta, náusea, com palpitação, sem perceber que está ansiosa. Raramente chora, mas quando consegue, é de forma copiosa, entretanto, se lhe for perguntando o motivo do choro, fica perplexa e o máximo que consegue dizer é “não sei”.

            É importante sublinhar que os alexitímicos não são isentos de sentimentos, de emoções. O que eles não conseguem, é expressá-las em palavras. Eles não têm aptidões, autoconsciência para identificar o que sentem, enquanto as emoções atuam de forma desordenada dentro de si. Quando conseguem perceber que alguém ou algo os mobiliza, lhe despertando algum sentimento, se assustam com a experiência, acham normalmente arrasadoras e procuram evitá-la. 

Prestar atenção no sentimento, nas emoções e fazer o exercício de nomeá-los é importantíssimo para vida de qualquer pessoa, assim como, expressá-los, sem a preocupação de querer saber o que os outros vão pensar sobre isso. O grande problema que se percebe atualmente no humano é que está muito preocupado com que o outro pensa ou acha a seu respeito, mas será que ele pensa ou acha algo sobre você? Não será o seu lado narcísico, o seu desejo de sentir-se importante que está levando-o a ter esse pensamento? Pense sobre isso e sobre seus sentimentos e viva tranquilo.