NÃO SE MATA POR CAUSA DE MULHER FEIA.

Conta-se uma piada de que o mineiro quando pega a esposa com outro homem, a sua atitude é matar o homem e ficar com a mulher. O nordestino nesta situação costuma passar a peixeira nos dois safados. O goiano resolve a traição matando a mulher e formando uma dupla sertaneja com o traira sobrevivente. O gaucho, por sua vez, mata a mulher e se junta ao homem. Já o carioca se depara com a cena e diz: pára tudo. Espera. Eu vou ali à rua buscar mais duas mulheres e volto rapidinho. Fiz um júri em Colatina em que o acusado matou o amigo por causa dos costumeiros três beijinhos. O forró estava quente e o gente boa chega ao salão. Cumprimenta o amigo pela mão e lasca três beijotes na esposa dele. Na hora não houve nenhum problema. Com a cara cheia de cachaça os dois homens foram tomar um ar do lado de fora. Estavam abaixados conversando e repentinamente o marido enciumado saca da faca e crava no peito do amigo, matando-o. A motivação para o crime foi confessada pelo acusado. Eu não gostei da liberdade que ele teve com minha mulher. Chegou e foi logo beijando a minha patroa na minha cara. A esposa do acusado estava no julgamento e sentada na primeira fileira, dando apoio ao marido que foi capaz de matar por sua causa. A testemunha ouvida em juízo deve ser questionada sobre os fatos ou circunstancias, de maneira objetiva. Não se pode fazer pergunta de natureza subjetiva, pois não importa o que acha a testemunha, tão somente o que viu ou deixou de ver. Mesmo sabendo disto, eu perguntei a testemunha de plenário: a mulher do acusado é bonita? Houve um protesto imediato do advogado do acusado e contidas gargalhadas por algumas pessoas que assistiam do plenário. A juíza presidente do júri decidiu a favor da defesa. Indefiro a perguntar do promotor de justiça, eis que a beleza é uma questão de ordem subjetiva e o que é belo para um pode não ser para outro. A testemunha não precisa responder. Tudo bem Excelência, retiro a pergunta, falei na sequência. Os jurados já sabiam da resposta. O acusado matou um amigo por que ele deu três beijinhos num canhão de mulher feia. Eu me lembrei do Nazareno, personagem do Chico Anísio que dizia: Tá com dó? Leva pra você. O réu ao invés de matar o amigo devia ter pagado para levar e carregar. O acusado foi condenado por homicídio qualificado e obrigado a se contentar com as  visitas intimas da bela, mas nem tanto, mulher.